"A NOSSA LINGUAGEM CRIA O MUNDO."

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

CARNEVALE DI VENEZIA


O carnaval de Veneza, na Itália, surgiu como uma clássica celebração de elite e intelectualizada, pois podemos ver muito luxo e representação artística nas fantasias e nas famosas máscaras.
As máscaras usadas no Carnaval de Veneza tiveram grande inspiração nos personagens da “Commedia Dell´Arte”. A Comédia de Máscaras ou “Commedia Dell´Arte” apresentava espetáculos teatrais em prosa pela Europa, incluindo a Itália, entre a segunda metade do século XVI até meados do século XIII. O espetáculo produzido pela Comédia de Máscaras baseava-se no improviso dos atores que produziam cenas cômicas, trágicas ou tragicômicas. Os personagens eram compostos por tipos típicos regionais, incluindo dialetos, temperamentos característicos, além de vestimentas e máscaras que davam todo o glamour ao espetáculo.
Podemos perceber em crônicas do fim do século XVI que a celebração do Carnaval de Veneza chegava a durar até seis meses. Foi nessa época, também, que o uso das máscaras foi regulamentado. Porém, no início do século XVII as autoridades proibiram o uso das máscaras em razão de abusos praticados com o uso das mesmas, como adultério, furtos e homicídios.
Depois disso o carnaval foi perdendo espaço entre as festividades de Veneza até o século XIX. A partir do ano de 1980 as autoridades passaram a encorajar a celebração e a volta de um grande traço da cultura de Veneza. As fantasias, acompanhadas das tradicionais máscaras, fazem parte do espetáculo que atualmente atrai mais de cem mil pessoas à Praça de São Marcos. O lugar onde ocorre a festa deixa o Carnaval de Veneza mais receptivo ao povo, tornando-se um evento popular.
Ainda há a burguesia que se nega a cultura popular e se fecha em hotéis de luxo decorados anualmente com temas das óperas de Verdi.
Mesmo com a popularização, o Carnaval da Praça de São Marcos conserva o luxo e o fascínio do Carnaval dos séculos anteriores, aproximando o povo que se diverte de maneira desinibida e fantástica aos olhos de todos que observam a representação cultural do Carnaval de Veneza.

sábado, 25 de dezembro de 2010

A ALEMANHA ENTRE GUERRAS REPRESENTADA PELAS PERCEPÇÕES ARTISTICAS



É sabido que a arte representa a percepção de mundo, muitas vezes sendo instrumento de critica e protesto referente a algum caos social. Podemos citar a Alemanha em seu período entre guerras e as produções artísticas da época. Em um período onde as produções eram acadêmicas, a derrota na Primeira Guerra Mundial, foi o alicerce para a quebra de paradigmas artísticos.
Alguns dos mais importantes artistas da época pertenciam a Secessão de Dresden - Grupo 1919, como por exemplo, os expressionistas Otto Dix, Max Beckmann e Lasar Segall. Eles são grandes responsáveis pelo rompimento do academicismo, tendo em comum o mesmo tema em suas representações: a derrota e as conseqüências da guerra na Alemanha.
A gravura “Jogadores de cartas” (1920), de Otto Dix, é uma obra que aborda a trágica situação de muitos soldados que sobreviveram a guerra, mas tiveram seus corpos mutilados. A obra nos mostra homens jogando cartas, onde um deles sem suas pernas tenta se equilibrar na cadeira e outro sem os braços segura as cartas com os pés.
Os movimentos artísticos mostravam a degeneração do país com uma percepção lúcida do que acontecia com a sociedade. Na obra de Lasar Segall, “Eternos caminhantes” (1919), os tons dramáticos demonstram todo o clima de destruição, decadência, violência e rastros deixados pela guerra que não poderiam ser apagados da história.

P.S Obras desses artistas são freqüentemente expostas em museus por todo o mundo. O museu Lasar Segall, São Paulo, estará com a exposição “Verdade – Fraternidade – Arte” em cartaz até o dia 20 de fevereiro de 2011. O público poderá ver a Alemanha Pós - Primeira Guerra Mundial representada por meio de gravuras, aquarelas e documentos artísticos, além de obras contemporâneas que reconstituem a história por meio da arte.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

CABARET: MANIFESTAÇÕES ARTISTICAS



Cabaré é o nome dado às salas de espetáculos, com origem no século XVIII, que incluíam música, dança, apresentações humorísticas, ilusionismo e outras artes. O primeiro cabaré famoso surgiu em um bairro boêmio de Paris no ano de 1881. Logo a definição do nome “Cabaret” é de origem francesa, sendo “taverna” o significado original da palavra.
Antes do surgimento do cabaré a França tinha seus cafés, entre eles o mais famoso nascido com a Revolução Francesa, chamado café-concert. Eram nesses ambientes que as pessoas cultivavam o lazer.
Os criadores dos cabarés queriam algo mais intelectual e inconformista, onde o can can fosse aceito sem causar escândalo, por exemplo. Além dessa ideologia ainda existiam outras distinções com lugares que também exibiam espetáculos. Por exemplo, o fato de que os espaços contavam com bares e restaurantes. Assim, um dos motivos de sucesso se dava pelo diferencial de que os espectadores podiam beber e comer enquanto apreciavam as atrações.
Os travestis receberam o primeiro espaço no palco com apresentações pantomimas (ou mimos), apresentações de mímica. A apresentação mais famosa de pantomima homossexual foi “Sonho do Egito” protagonizada pela atriz, pin up e novelista Colette e pela arqueóloga Marquesa de Morny. Em 1907 estavam previstas dez apresentações no Moulin Rouge, porém realizou-se apenas a primeira, já que a polícia ameaçou fechar o local por causa do homossexualismo apresentado no palco.
Já que citamos o Moulin Rouge é digno falarmos com mais detalhes do cabaré abrigado no bairro vermelho, no ano de 1889, em Paris. As apresentações características do espaço eram as protagonizadas pelas dançarinas de can can, que costumavam ter nomes artísticos extravagantes, por exemplo, “A Goulue”. O Moulin Rouge também causou muitos escândalos, considerados pela sociedade da época. O primeiro notável aconteceu em 1893 em um desfile de carnaval organizado por estudantes de Belas Artes. O motivo do escândalo se deu pelo fato dos artistas estarem desnudos, sendo condenados a uma multa se o fato viesse a ocorrer novamente.
O concorrente do Moulin Rouge era o Folies Bergère, inaugurado em 1869 como music hall, começando a exibir espetáculos de cabaré no fim do século XIX. Para concorrer com o Moulin Rouge contava com a contratação de duas estrelas da época, Loïe Fuller e Cléo de Mérode.
Os cabarés não eram exclusivos da França. Nos anos 20 e 30 Berlin passa a ser a capital mundial do cabaré. Porém, com a ascensão de Adolf Hitler, muitos artistas que trabalhavam nos cabarés tiveram que se exilar, por não estarem de acordo com a ideologia nacional socialista ou por terem origens judaicas. Nesse contexto os cabarés tomaram o mundo, já que esses artistas levaram essa cultura para países onde não tinham problemas ideológicos, como em Londres e Nova York.
Nos anos 60 surgiu em Paris uma nova representação de cabaré, chamado de café-théâtre (café teatro).
No entanto, os cabarés, foram perdendo o público ao longo do tempo. Atualmente, eles são visitados pela maior parte de turistas e não por espectadores habituais como no passado.
Mesmo com o enfraquecimento dos cabarés, podemos classificá-los em quatro tipos, denominados de Lhe Chat Noir e do Lapin Agile, de tamanho pequeno ou médio, habita sempre um bar, geralmente tendo apresentações de cantores, músicos e orquestras de jazz, podendo também ser denominado de café francês; os que seguem a tradição do Moulin Rouge e do Folies Bergère, sendo que o mais famoso atualmente é o Lido de Paris; os que seguem a tradição do Els Quatre Gats de Barcelona e do Cabaré Voltaire de Zurich, os cabarés de vanguarda; e os não tradicionais, onde as pessoas não se sentam para que se comportem mais pessoas e para que o público possa dançar conforme a música.
Em síntese, os cabarés surgiram com o intuíto de inovar a produção artistica, explorando a relação entre vida e arte. Ou seja, a criação dos cabarés foi vaguardistas. Com o tempo ele se popularizou pelo mundo sob duas percepções: artistica (positiva) ou preconceituosa (negativa). Pois, na época as manifestações artisticas eram mal interpretadas e censuradas, como o can can, visto com maus olhos pelo fato de que as mulheres levantavam suas saias e faziam movimentos provocativos (para a época), que foi proibido na era vitoriana.


P.S Atualmente, uma artista que faz sucesso nos cabarés é Dita Von Teese. Ela apresenta seus shows com performances musicais e de strip tease, em locais como o Crazy Horse em Paris. O ingresso para assistir uma de suas apresentações pode custar em torno de 100 euros por pessoa.

domingo, 12 de dezembro de 2010

CINEMA NOIR



O cinema Noir teve origem no período da Segunda Guerra Mundial e significou uma evolução na sétima arte. As influências foram retiradas do expressionismo alemão e da literatura Hard-Boiled, até então evitada pela America do Norte, por tratar de sexo e violência, temas censurados pelo Código de Produção. Mesmo sendo uma produção norte-americana seu nome (Noir) e produção tiveram origem européia, já que nesse período os europeus se refugiavam na América, fugindo da Guerra e do fascismo Europeu.
O nome “Noir” foi dado por críticos franceses que viram na produção um lado sombrio, obscuro e perverso. Além da semelhança com séries literárias intituladas de “Noire”, que retratavam romances policias.
Um dos principais objetos de análises do cinema Noir é a “femme fatale”, uma mulher que pode levar o homem a destruição em conseqüência ao antagonismo americano dado ao sexo e ao amor. Geralmente, essas mulheres fatais são representadas por atrizes morenas, pois o estereótipo da mulher loira significava uma mulher “boazinha”, perfeita para ser a dona do lar. Talvez por isso o mito de que os homens preferem as loiras.
Podemos dizer que a “femme fatale” é o reflexo do medo masculino, frustração e outros sentimentos acarretados pela Guerra. Pois, a posição da mulher no contexto americano vivido durante a Guerra mudou. Ela passou a ocupar lugares na sociedade que, anteriormente, era ocupado apenas pelos homens, criando um tom melancólico no homem que teve que se adaptar, pois sua auto estima foi ferida e a mulher era a culpada.
Na época em que o cinema americano tomava grandes proporções o cinema Noir era produzido com baixo orçamento, pertencendo à classe “B”. Mas isso não era um fato negativo, pois assim permitia-se maior liberdade aos diretores, já que eram menos vigiados e produziam obras para um público especifico, abordando sempre temas como sexo e violência, incluindo a morte.
O cinema Noir é um tipo sofisticado, clássico e avançado. Um dos recursos usados nesse tipo de filme é a elipse, não há uma linearidade no filme, passando por fatos do passado e do futuro. A fotografia é outro elemento fundamental no Noir, os ambientes noturnos e o submundo mostrado nas telas tornam-se fascinantes na fotografia em preto e branco. E finalmente, mais um dos elementos que constituem o cinema Noir é o narrador em primeira pessoa, que para entender sua perdição e como pode ceder as tentações relembra fatos que aconteceram com ele.
O Cinema Noir passou a ter sucesso mundial, influenciando muitas obras pelo mundo. No Brasil até temos obras que podemos classificá-las pertencentes ao cinema Noir, no entanto, o contexto não prevalece, já que as principais características não se aplicam ao ambiente brasileiro. Como criar a luz e sombra do Noir em um ambiente tropical? Já a Argentina pode-se dizer que tem um contexto privilegiado para essas produções.
Esse tipo de produção passou a ser classificada como “Cult”, por não pertencer ao estilo hollywoodiano com final feliz, pertencentes à classe "A", além de não ter o tom melodramático e sentimentalóide.

O PRAZER NO IMAGINÁRIO DA ARTE



A imagem do corpo corresponde à representação do ser e do mundo, já que as imagens corporais produzem e sugerem sentimentos, crenças e valores culturais. A representação artística do corpo são modelos culturais de percepção. Desse modo, as pin ups foram representadas na sociedade, levando o mistério e o recato sensual ao fascínio erótico.
Apesar das pin ups terem surgido na Europa, no fim do século XIX, pelas mãos de Jules Cherét, as décadas de 30, 40 e 50 do século XX é que marcaram a percepção da sociedade referente a essas mulheres, que surgem em fotos que, nesse contexto, substitui a pintura. As modelos usavam roupas intimas, acessórios ou símbolos fálicos sem explicitar o sexo e banalizar o corpo. A opção pelas fotos sensuais não serem feitas com modelos nuas são o ponto forte da sensualidade das mulheres e da arte, já que dessa forma o observador passa a despir com os olhos. Assim, o limite do querer é justamente onde forma-se o prazer, ou seja, é no privilégio da imaginação que essas fotografias estimulam o olhar do observador.
Existe a fotografia em que a personagem encara o observador e aquela em que se deixa observar, em ambos os recursos artísticos pode-se verificar um jogo de provocações e um tom sensual na obra.
A arte sempre influencia uma sociedade e essas fotografias não foram diferentes, pois as pin ups tornaram-se referencia de estilo, de auto-afirmação e mistério da feminilidade, perpetuando-se até os dias atuais.
Em uma sociedade contemporânea, onde o corpo feminino já foi tão explorado e banalizado, há uma tentativa de resgatar o estilo erótico sensual regado a malicia e recato, criando-se releituras criativas e inovadoras.
As pin ups expressam a sensualidade pelo olhar e na pose que vão além das fotografias. As pin ups ganharam representações que podemos perceber no dia a dia, mulheres que adotam roupas, acessórios, maquiagens e posturas das modelos, primeiramente retratadas por Cherét, como a atriz Marilyn Monroe na década de 50 e atualmente a stripper Dita Von Teese.  
Essa arte passa a ser explorada pelo comércio que passa a comercializar o estilo retrô, na moda, na publicidade e em outros meios capitalistas. Mas também a luta em reviver essa representação do erotismo feminina é um protesto contra os modelos estéticos impostos pela sociedade contemporânea.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

O PAPEL DAS GUERRAS E DA REVOLUÇÃO FRANCESA NA PERCEPÇÃO E REPRESENTAÇÃO FEMININA



Não podemos ser intolerantes com fatos históricos “negativos”, pois mesmo as guerras nos trouxeram grandes transformações positivas. É claro que poderia ter sido diferente e muitas vidas poupadas, mas neste momento iremos focar nossa análise na contribuição para a ascensão feminina.
As mulheres que, historicamente, vinham sofrendo com a idéia de inferioridade imposta pela sociedade machista, tendo sua capacidade intelectual subestimada, suas aptidões desprezadas e suas idéias sufocadas pela manutenção do lar, com as duas guerras e acima de tudo com a Revolução Francesa conseguiram alcançar conquistas significativas para o papel ativo na sociedade.
As duas guerras tiraram as mulheres de casa, levando-as a ocuparem espaço no mercado de trabalho. A Revolução Francesa, determinando a todos o ideal de Igualdade, Liberdade e Fraternidade, fez com que surgissem movimentos em prol da paz, da vida, das liberdades individuais e a igualdade de direitos entre homens e mulheres.
Assim, os valores foram alterados, a ciência avançou, a tecnologia foi usada ao nosso favor e as novas concepções chegaram à percepção e representação feminina. E com acesso ao conhecimento as mulheres conseguiram lutar pelos direitos que até hoje estão sendo conquistados.

VINCERE



Inicialmente, temos a percepção de que o filme Vincere trata da vida de Benito Mussolini, porém no decorrer da obra percebemos que a representação vai além, já que podemos verificar a figura feminina tratada com o desdém da época e como o poder se coloca acima de tudo e de todos (ideologias, sentimentos, parentescos, contradições e personas).
Vincere retrata esses aspectos omitidos, destruídos e assassinados da biografia oficial do Duce, que por motivos alheios retira a Ida Dalser, sua primeira mulher, brutalmente, de sua vida e da história.
Podemos dividir o filme em duas partes, a primeira retratada pelo período em que o então socialista Mussolini vive uma relação com Dalser, e a segunda a ascensão do agora fascista Mussolini e a ruína dos renegados Ida e o filho.
Analisando a primeira parte é possível verificarmos que Dalser se entrega ao amor, acredita em Mussolini e acaba vendendo tudo o que tem para que ele pudesse se entregar aos ideais, por meio da fundação do Jornal “Popolo d'Italia”. No entanto, Mussolini muda seus idéias e junto com eles seus sentimentos, sofrendo a mutação do socialismo para o fascismo, o discurso contra a igreja para o cristão, o amor por Ida tornando-se uma fonte para a crueldade.
Na segunda parte podemos observar a luta de Ida em resposta ao desprezo de Mussolini. Ela não aceita perder o amor de sua vida e muito menos ter o filho, que um dia foi aceito, renegado. Então, Mussolini usa da prática usada há séculos de acusar as mulheres, que não se dobram as imposições da sociedade, de histeria e assim calá-las dentro de hospícios. Isso se torna revoltante e explícito, podendo ser comprovado na fala do médico que aconselha Ida Dalser “a ter uma vida normal, comportando-se como uma mulher obediente, cuidando da casa e do filho, sem manifestar seus sentimentos e suas verdades.”
Desse modo, enquanto Mussolini degusta sua ascensão, o filho cresce em um orfanato, sendo obrigado a não usar o sobrenome que o pai um dia lhe deu e sem a mãe que é torturada e silenciada.
Ao fim, Ida Dalser não veste a máscara teatral, ou seja, não se torna uma persona, terminando seus dias como louca. O filho que foi calado no orfanato, mais tarde vai para o hospício e morre aos vinte e tantos anos. Assim, Mussolini consegue “esconder” vidas e tornar-se uma persona.
O filme que foi exibido no Festival de Cannes não tem apenas um enredo fantástico, mas sim todo um conjunto artístico que reflete na tela. Podemos verificar que o cinema é sempre exaltado, por exemplo, podemos ver uma cena de “O Garoto” de Charles Chaplin, uma ironia no filme que retrata uma personalidade fascista, já que Chaplin trabalha com a crítica de certos ideais. Também, percebemos que alguns recursos cinematográficos insinuam que personagens são imagens que remetem a significantes e significados. A obra também retrata a tragédia maior existente no fascismo, a separação, pois os pares se completam, dois elementos diferentes que juntos tornam-se um só, no filme retratado, por Ida Dalser e Benito Mussolini, Ida Dalser e o filho, Benito Mussolini e o filho, que perdem a força quando separados. Além desses pontos a serem observados, o filme conta, ainda, com uma enorme riqueza de estudo e apreciação, que deve ser conferido e aplaudido.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

DO IT YOURSELF: WARHOL E O PRINCIPIO AMERICANO



O principio americano “Do it Yourself”, com a tradução “Faça Você Mesmo”, é usado na literatura, como por exemplo no conto “Rip van Winkle e nas arte plástica, objeto de análise neste momento, onde iremos tratar da série de pinturas de Andy Warhol intitulada de “Do it Yourself”.
Essa série de pinturas é constituída por imagens organizadas por campos, numerados de acordo com a cor que corresponde a cada um. As imagens que o artista se apropria são em sua maioria paisagens, marinhas e flores. Algumas obras são totalmente pintadas, porém algumas o artista deixou espaços em branco na tela, que como um exercício infantil de colorir são sempre numerados. Porém, a idéia fica apenas na teoria, já que na prática ninguém pode pintar uma obra de Andy Warhol.
Podemos dizer que Warhol nessa representação defendia a idéia de que tudo poderia ser fácil dentro da ideologia americana, “Faça Você Mesmo”.
Além dessas análises, ainda, podemos dizer que o artista pinta um fundo critico social. Pois ele faz uma critica à manipulação do povo. Com os números indicando as cores que devem ser usadas, Andy Warhol representa a ausencia ativa de uma sociedade que vive de acordo com imposições.
O que podemos concluir é que as obras do autor nos levam a uma reflexão sem uma verdade absoluta, pois assim como toda arte, cabe a cada individuo a sua própria percepção. O encanto da arte é justamente este, poder interpretar livremente de acordo com seu conhecimento de mundo e sensibilidade, é claro que a partir das pistas deixadas pelo artista, ficando de nossa responsabilidade explorar e identificá-las.

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O PECADO MORA AO LADO

 



“O pecado mora ao lado", é uma comédia da década de 50, estrelada pela fabulosa Marilyn Monroe e pelo talentoso Tom Ewell. Ambos conseguem fazer do roteiro, baseado na peça de George Axelrod, uma história engraçada com o toque patético do personagem Richard e com a sensualidade ingênua da vizinha.
Os pontos que devem ser analisados de acordo com o contexto histórico da época, em que o filme foi produzido, são os meios usados para burlar a censura americana conservadora. Mostrar o adultério nas telas do cinema, provavelmente, seria muito difícil de acontecer, mas esse filme conseguiu fazer com que a censura não pudesse argumentar que o adultério realmente aconteceu, já que não há nenhuma cena explicita disso, além do personagem se culpar o tempo todo de ter uma loira em seu apartamento e no fim deixá-la para ir ao encontro de sua esposa. Nesse caso, podemos até argumentar que o filme tem um discurso contra atos imorais, o código Hayes acreditou nisso...
Outro elemento, no filme, que tem muito a ver com a época em que os norte-americanos viviam era a explosão publicitária, que por meio da profissão dos protagonistas era exaltada, já que Ewell dava vida a um publicitário e Monroe a uma garota propaganda de pasta de dente.
Por trás das câmeras muitas coisas aconteciam. Marilyn Monroe era a responsável por esses momentos conturbados nos bastidores, já que estava apresentando os sintomas que a levaram a morte. Ela chegava atrasada nas gravações e esquecia o texto, chegando a ser gravado um único take 40 vezes. Os tranqüilizantes que a mataram já faziam parte de sua rotina, pois, enquanto a carreira ia muito bem a vida pessoal ia a ruína. Seu casamento estava em crise e chegou ao fim quando na imortalizada cena do vestido branco ela arrancou suspiros dos homens que passavam pelo teatro, sendo inclusive filmada novamente em estúdio, pois com os gritos da platéia seria impossível usá-la.
Contudo, como uma boa profissional, Monroe interpreta seu papel de maneira belíssima junto com seu companheiro de trabalho, formando um casal divertido e apaixonante nas telas. Vale à pena reviver o que os telespectadores dos anos 50 tiveram o prazer de desfrutar.


domingo, 14 de novembro de 2010

GUERRAS MUNDIAIS X MULHERES


Quando falamos em guerras e personagens que fizeram parte desses períodos sempre pensamos em homens, soldados e líderes (positivos e negativos), porém as mulheres ocuparam espaço determinante dentro desses conflitos mortais.
A Primeira Grande Guerra iniciou-se em 1914, englobando grande parte da Europa, consecutivamente, tomando proporções mundiais, sacrificando 10 milhões de vidas no tempo de quatro anos. Para que o país pudesse guerrear ele teria que estar economicamente bem estruturado e foram as mulheres que manteram as organizações internas dos países, movimentando a economia, ocupando cargos na época destinados aos homens. Desse modo, os países podiam assegurar a economia e fornecer mantimentos aos combatentes.
Temos na história a Segunda Guerra Mundial, ainda mais trágica e vergonhosa que a Primeira, pois em seis anos exterminou mais de 50 milhões de vidas. A mídia desempenhou um grande papel, pois a propaganda de que seria nobre servir a Pátria manipulou muitas mentes. Podemos dizer que esse período (1939-1945) foi a solidificação da manipulação da mídia que se propaga até a contemporaneidade.
O Brasil permaneceu neutro até 1942, acatando medidas adotadas por Getúlio Vargas. Ao sermos torpedeados pelos submarinos alemães em nossa própria costa litorânea, após o rompimento de relações diplomáticas com os países do Eixo, o governo brasileiro declarou guerra à Alemanha e à Itália contra o nazi-facismo.
E qual foi o papel da mulher na Segunda Guerra? Elas seguiram o exemplo das mulheres que viveram o período da Primeira Guerra e foram novamente trabalhar nas fábricas, atuando na organização interna do país, além de servirem como enfermeiras nos campos de atendimentos aos feridos. O Brasil enviou ao todo, para a luta, 25.334 voluntários, dos quais 73 eram mulheres enfermeiras do Exército e Aeronáutica. O número, proporcionalmente, pode parecer pouco, mas para a época foi um desafio para os padrões que apenas toleravam mulheres no magistério. As brasileiras passavam por um intensivo teste de seleção, que incluía um curso composto por três módulos: teoria, preparação física e instrução militar, agregando conhecimentos científicos, culturais, tecnológicos, militares e políticos, já que até então eram excluídas desses meios.
As enfermeiras brasileiras sofriam a discriminação vinda das norte-americanas, tinham dificuldades lingüísticas e tiveram que se adequar com o clima europeu, trocando o uniforme brasileiro pelo americano. Porém, isso foi apenas o inicio de um bombardeio físico e acima de tudo psicológico, já que sem descanso ou intervalos elas tinham que socorrer as vítimas que chegavam e moldavam o retrato da crueldade que a guerra construía.
Essas brasileiras que vivenciaram o sofrimento da Segunda Guerra foram as grandes responsáveis pela inserção das mulheres nas Forças Armadas do Brasil. Podemos dizer que depois da Guerra as mulheres não quiseram regredir e acreditaram que podiam ganhar direitos civis e políticos, já que puderam constatar que elas iam além da vida privada, podendo ocupar cargos que até então eram ocupados apenas por homens.

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

UM SENTIMENTO CHAMADO ARTE


Definir a arte é muito complexo, pois estamos falando de percepções e representações de emoções e conceitos. Podemos tanto dizer que a arte tem um fim prático quanto todo e qualquer valor que você quiser que tenha. Os dicionários não dão conta de definir tantos conceitos existentes, a arte é uma das limitações, pois dizer que arte está ligada ao artesanato ou às técnicas de execução não é suficiente.
A arte é uma das formas que o ser humano construiu para que pudesse transmitir suas emoções de modo indireto, já que a materialização das emoções são interpretadas de acordo com a percepção de cada indivíduo. O artista usa de meios para que possa materializar toda a emoção. Ele descarrega em sua obra-prima todo o sentimento que está em seu ser e que será interpretado de acordo com o sentimento do público, assim construindo-se múltiplas interpretações do que o criador quis transmitir.
Dizer que existem sete artes na sociedade contemporânea é um equivoco. Classificar apenas a Música, a Pintura/Desenho, a Escultura, a Dança, a Literatura, o Teatro e o Cinema como as artes existentes é um ato brutal. Nos dias atuais incluímos a fotografia, as histórias em quadrinhos, os jogos de computador e vídeo e arte digital.
Certamente essa classificação das onze artes ainda é imprecisa, pois a cada dia há pessoas fazendo arte, exteriorizando suas essências para que possamos enxergar as nossas na arte alheia. Porém, o importante não é classificar as artes, mas sim senti-las. Arte é tudo de inexplicável que vivemos. Talvez essa fosse uma boa definição para o que vem a ser a tão fascinante arte. Então, VIVA E FAÇA ARTE.

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

OOP’S! MINHA SAIA VOOU



A imagem feminina vem sendo construída e se modificando através dos tempos, digamos que rapidamente as transformações se dão por meio de décadas. No final do século XIX surge uma imagem livre da mulher, que em fotos eróticas contrapõem o tradicionalismo e repressão da época ao tom de “oop’s minha saia voou”.
A imagem sensual da mulher até então era considerada maléfica, pois enfeitiçava os homens que poderiam perder a racionalidade. As artes contribuíram para que esses conceitos fossem destruídos. A fotografia, o cinema, o teatro e as pinturas deram espaço para que a beleza da mulher fosse mostrada como positiva para os olhos de quem admirasse. Ou seja, a sensualidade ligada ao pecado passou atrelar-se a imagem meiga e ingênua da mulher.
E quais foram as pioneiras nessa transição da imagem feminina? As garotas penduradas, ou seja, as pin ups foram as grandes representantes da imagem delicadamente provocante. Elas eram fotografadas, pintadas ou ilustradas usando peças intimas fofíssimas que causavam encantamento masculino.
Ao contrário do que costumamos pensar que as pin ups surgiram apenas no período marcado pela Segunda Guerra Mundial, para as fantasias dos soldados, as primeiras imagens de pins ups surgiram no final do século XIX em ilustrações para a massa, na Europa, pelo ilustrador Jules Cherét. Seus cartazes eram usados em cabarés, teatros e agências comerciais se popularizando e levando Cherét a se tornar o pai dos pôsteres.
Na década de 30 Alberto Vargas e George Petty ilustraram a idade de ouro das garotas penduradas. As ilustrações eram publicadas na revista americana Esquire. Porém, o ponto alto das pin ups aconteceu na década de 40 com a ilustração dando lugar a fotografia, passando a fazer parte da cultura pop, estando presentes em calendários, páginas de revistas, cartões postais, caixinhas de fósforos, maços de cigarros e até mesmo em fuselagens de aviões. As fotografias das pin ups viraram imagem publicitária.
Então, ocorreu uma grande transformação desde o fim do século XIX onde os cartazes eram ilustrados e na década de 40 do século XX em que as pin ups eram fotografadas. Pois, as ilustrações surgiam da imaginação do artista, já a fotografia exigia uma modelo que fosse capaz de encarar o preconceito ainda existente na sociedade.
As modelos que se destacaram no auge da carreira das pin ups foram os símbolos sensuais Elizabeth Ruth Grable, que com seu maiô recatado foi fotografada por Frank Powolny, a modelo e atriz Marilyn Monroe, a rainha das curvas Betty Page, entre outros ícones desta arte.
Assim a beleza da mulher passou a ser explorada de modo a expressar a força, a beleza, a malícia, a sensualidade, a timidez, o encanto e todas as faces que podemos encontrar na feminilidade, passando a transformar mulheres em modelos de percepção cultural.


P.S A cultura pin up não terminou na década de 50, porém no momento paramos por aqui.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

DIÁRIO DE UMA PAIXÃO


Nicholas Sparks é um escritor contemporâneo, tipicamente americano, carregado de valores trazidos pelos puritanos ainda na colonização dos EUA. A propaganda feita do escritor é aquela imagem que o americano tende sempre a valorizar, sólidos valores familiares, belos filhos e esposa muito amados pelo pai de família, e valores religiosos marcantes em sua personalidade. Porém, não podemos criticá-lo por isso, pode ser que não seja apenas marketing, já que o autor vive na sociedade que cultiva essa herança dos ingleses.
Podemos acreditar na imagem de Nicholas, por meio de suas obras, “Querido John”, por exemplo, trás traços religiosos gritantes na obra, além de virtude e bondade, temas abordados nas obras do escritor que sempre fazem um grande sucesso.
Sparks faz algo muito importante na literatura, faz com que o leitor conheça doenças não muito debatidas como o autismo em “Querido John” e mal de Alzheimer em “The Notebook”, o câncer também está presentes em muitas de suas obras. Seus livros tratam do amor introduzido em um contexto real, como as guerras históricas, por exemplo, a Guerra no Iraque em uma de suas obras e em “The Notebook” a Segunda Guerra Mundial.
Muitas obras de Sparks são adaptadas para o cinema, assim como os livros os filmes são bem vistos pelo público. Uma das adaptações cinematográficas é o filme “Diário de uma Paixão”, inspirado na obra “The Notebook”.
O cenário em que se passa a história vivida por Noah e Allie em “Diário de uma paixão” (chamaremos assim, pois, falaremos da versão cinematográfica) é o Sul dos EUA, mais precisamente Carolina do Sul, na década de 40.
As filmagens ocorreram em cenários reais, algo fantástico, pois o laboratório de arte transformou ruas, casas, cinemas, etc,, em cenários perfeitos dos anos 40, criando uma fotografia impressionante.
Além do cenário encantador e real o figurino é perfeito. Vemos que tudo foi trabalhado nos mínimos detalhes, chegamos a ficar com dúvidas de que se o filme tivesse sido gravado na década de 40 seria tão fabuloso.
Vejamos qual é a história que habita esse universo tão mágico dos anos 40. A história inicia-se com um barco, um homem, o pôr do sol, pássaros que voam até uma janela onde se encontra uma senhora. O dia amanhece e um senhor começa a narrar para a senhora, que apareceu na janela na noite passada, a história de um jovem casal que se conheceram no passado, dia 6 de junho de 1940.
Noah e Allie se conhecem por meio de amigos em comum, em uma noite no parque de diversões. Noah se encanta por Allie, que estava passando férias na cidade, que não o corresponde. Mas o jovem é ousado, assim como o amor deve sempre ser, pois amar é uma ousadia. Assim, Noah desperta a paixão em Allie, que aparentemente parece ser uma jovem cheia de atitude. No entanto, Noah descobre uma garota de 17 anos, frágil e comandada pelos deveres impostos pelos pais. O rapaz mostra a emoção existencial que todos buscamos para a jovem que quando indagada do que fazia para se divertir excita em responder.
A cena em que Noah desafia Allie a deitar no meio da rua é a primeira de muitas em que ele a faz sorrir. A jovem se reprimia das coisas, com frases do tipo, não se deve fazer isso e aquilo e Noah a mostra que tudo é possível.
Até aqui percebemos quebras de paradigmas, mas até então são paradigmas interiores, existem também os sociais, as diferenças entre o casal: a garota rica da cidade que vai para a faculdade e o garoto humilde do interior, entre outras diferenças impostas socialmente. Noah chega a ser agredido (psicologicamente) pela família de Allie, esse bombardeio é sutilmente comparado a inquisição espanhola.
“Eles brigavam o tempo todo, mas apesar das diferenças eram loucos um pelo outro”.
A paixão que todos rotulavam de “amor de verão” se intensificou. Porém, a noite que eles tentam ter a primeira “noite de amor” é frustrada pela inexperiência de Allie, que não consegue ir até o fim, e é também marcada pela separação do casal, não por vontade deles, mas sim pela dos pais de Allie.
A jovem volta para a cidade e Noah a escreve durante um ano 365 cartas não respondidas, pois a mãe de Allie extraviava-as. E o casal sofria pelo silêncio de ambos, sem saber o verdadeiro motivo.
Nesse período os EUA declara estado de Guerra e como uma fuga dos próprios sentimentos Noah se alista como soldado e Allie como enfermeira. Porém, o destino não contribui para o reencontro. Allie conhece um soldado e tornam-se noivos. Ele era o homem perfeito “para os pais de Allie”, mas para ela?
Noah volta da Guerra sem o amigo e ganha de presente de seu pai a casa dos seus sonhos (local onde Noah e Allie quase tiveram a primeira noite de amor). O ex-soldado teve que reformar a casa e se refugiou na construção obsessivamente, após ver Allie, por acaso, com o noivo, e sem deixar-se ser visto.
O apaixonado Noah acreditava que a casa que eles tiveram a ultima noite juntos poderia trazer aquele momento interrompido novamente para ser prosseguido. De fato, ele tinha razão, Allie ao ver no jornal a foto de Noah em frente à casa larga tudo, inclusive o noivo, para voltar aonde tinha deixado seu coração, junto de Noah.
Sete anos depois do último encontro eles reiniciam o que haviam deixado inacabado, uma vida de amor e paixão.
Este é um filme que mostra o amor em todas suas faces, o amor que faz sorrir, que faz chorar, que dá prazer e que acima de tudo te dá um companheiro. O senhor que citamos inicialmente é Noah e a senhora é Allie, que tem Alzheimer. Antes de ela ser totalmente tomada pela doença escreveu o “Diário de uma Paixão”, para que seu marido lesse para ela todos os dias.
Em síntese, observamos durante o filme que Noah conseguiu despertar a vontade própria em Allie, a verdadeira personalidade da jovem-mulher e foi isso que a conquistou desde a primeira vez que ele a fez sorrir. Isso é amar.

sábado, 23 de outubro de 2010

FELICIDADE: A ARTE PELO BELO



Podemos classificar as artes em duas categorias, sendo que uma tem como principal objetivo o belo e outra o útil. A sabedoria humana em sentido absoluto, ou apenas filosofia, é a arte pelo belo. Seguindo o raciocínio de que a felicidade está atrelada às coisas belas e que é por meio da filosofia que conhecemos essas coisas, logo é pela filosofia que chegamos à felicidade. Por isso, abordaremos a arte pelo belo e deixaremos a arte pela utilidade para outra ocasião.
O belo pode ser verificado pelo conhecimento teórico (matemático, físico e metafísico) e prático. Sendo que no primeiro o homem adquire conhecimentos que não são objetos de ação e o segundo refere-se à prática do belo, o conhecimento praticado, ou ainda, filosofia política.
Essa filosofia prática ou filosofia política divide-se nos hábitos morais atrelados às ações belas e como adquirimos o belo, denominando-se ética, e o conhecimento que leva o ser social a alcançar e conservar as coisas belas.
Assim, a felicidade é o belo e o bom, presentes na moralidade e na ética, e não como se pressupõem que riqueza, prazer e honra sejam os responsáveis por uma vida feliz. A felicidade é a plenitude, pois não alçamos nada por meio dela, ela se basta. Riqueza, prazer e honra, citados anteriormente, quando alcançados cessa-se a busca, levando à insatisfação pessoal, ou seja, essas passagens nunca poderão ser vistas como felicidade, pois não se bastam.

sábado, 16 de outubro de 2010

PÓS - MODERNISMO?


Romero Brito

Andy Warhol
Sabemos que não existe uma data especifica onde termina e inicia um movimento artístico-literário. Não acordamos um dia, olhamos no calendário, e pensamos: hoje iniciou o movimento pós-modernista, tudo que se criar a partir de hoje pertencerá à escola pós-moderna. Porém, o tempo é que direciona nossas vidas, temos a necessidade de trabalharmos com horas, dias, meses, anos, etc., por isso dizemos que o pós-modernismo começou a surgir por volta dos anos cinqüenta, onde começou a transição do moderno para o pós.
No entanto, existem grupos que negam o surgimento do pós-moderno, afirmando que é o modernismo que prevalece na nossa cultura. Realmente, ainda é muito difícil distinguir modernismo de pós-modernismo.
No período em que as guerras explodiam a arte também passava por uma verdadeira explosão. Os expressionistas demonstraram a explosão de sentimentos em borrões. Os surrealistas deram vida aos sonhos e na poesia destacaram-se por quebrarem a sintaxe e usarem imagens irracionais. A música passa a ser dissonante, sendo desagradável a uma análise superficial. Assim, podemos classificar essa arte moderna como irracional baseada no humanismo e emotividade.
Essa cultura passou a influenciar todas as manifestações artísticas, por exemplo, a literatura, a moda, os objetos de decoração, as artes gráficas, etc. Podemos dizer que o moderno que no início era diferente, passou a ser comum até mesmo no contexto burguês, que inicialmente era foco de críticas. Pois a arte modernista estava presente em museus e teatros, locais freqüentados pela burguesia.
Se iremos colocar um divisor de águas não há forma melhor de demarcar a transição artística do que falando da arte Pop, que passa a negar o subjetivismo existente na arte moderna. A arte Pop abandona os museus, teatros, etc. e passa a passear pelas linguagens de massa, como em gibis, rótulos e anúncios, sendo uma ponte entre a arte culta e de massa. Quando o dia a dia da sociedade estava sendo bombardeado pela tecnologia a arte Pop nasce na Inglaterra, ganhando força em Nova York com o intuito de ironizar ícones do consumismo, classificando-se como antiarte.
Apesar da arte Pop em alguns aspectos negar conceitos existentes anteriormente, ela não é neutra a tudo e a todos. A antiarte revive o dadaísmo, já que antes de estimar a obra valoriza o processo de criação.
Diferente do modernismo que tem a critica como ponto de partida nos processos de criação, a arte contemporânea não trabalha com valores. Ela chama o público a interagir pelo sensorial, corporal, riso, sendo que a arte tem valor no momento e no envolvimento do objeto que não é apenas observado, mas sentido, tocado, usado.
A literatura modernista quis quebrar os paradigmas, desobedecendo a sintaxe, fazendo paródias, valorizando a nação, etc. Podemos citar o romance “Macunaíma” de Mário de Andrade como uma das principais obras que expressam o movimento na literatura, e as obras de Clarice Lispector que trazem a técnica do fluxo da consciência, já fugindo da fase modernista que pregava o nacionalismo, ufanismo e regionalismo.
Em contraste com a literatura modernista surge a pós-moderna que usa o diálogo intertextual, que exige do leitor conhecimento de outros textos para que chegue a um conhecimento concreto do objetivo do autor.
As artes contemporâneas estão ligadas ao moderno vinculado ao antigo. Proporcionando que autor e telespectador possam demonstrar e verificar diálogos intertextuais entre épocas, visões de mundo, criações artísticas, percepções e contextos dignos de nostalgia.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

TRIBO URBANA: BEAT

A década de 50 é uma fonte inacabável de estudos e o os beatniks são focos de análises. Podemos dizer que os beatniks formaram as primeiras tribos urbanas, influenciadas pelo romantismo, do século XX, na América do Norte.
Por meio do vestuário esses grupos demonstravam a revolta que a Segunda Guerra Mundial fez nascer. Os primeiros grupos surgiram em comunidades estudantis da Costa Oeste com o intuito de protestar contra o bombardeio de Hiroshima, a preparação para atacar a Coréia e criticar o “American Way of Life”.
Podemos classificar os beatniks como o início de um futuro revolucionário, em busca de uma nova sociedade. Esse grupo foi presente na literatura, pois aconteciam saraus e leituras de poemas nas livrarias. Um jovem beat rejeitava o álcool, o materialismo, o racionalismo, a repressão, o racismo, entre outros, e defendia a poesia, o sexo livre, a imaginação, auto-expressão, o jazz, etc.
As roupas desses jovens representavam o grito contra o progresso tecnológico e a burguesia. Os homens eram conhecidos por usar calça Levis 501, camisa jeans sem gravata e o uso da camiseta como traje habitual. As mulheres vestiam-se com roupas escuras, mostrando o luto profundo, junto a calças justas e sapatilhas como recusa do salto que representava o luxo das jovens burguesas. Questionava-se o sentido das roupas, por isso recusavam a moda.
A geração beat foi representada na literatura, tendo como romance de maior sucesso “On the Road” de Jack Kerouac, que seria mais tarde representado na sétima arte por meio do filme “Sem Destino”. Já a atriz Audrey Hepburn era vista como um ícone para as mulheres beatnicks.
As influências do grupo pós-guerra chegou a Europa ocidental, nascendo na Inglaterra em 1957, além de anteceder a cultura hippie. Os beatniks formaram uma tribo urbana que por meio da percepção da época representam um contexto histórico importante para a nossa formação social.

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

RETRÔ


Vivemos em uma época que muitas lutas foram vencidas, muitas culturas aceitas, muitos paradigmas quebrados, muitas expressões artísticas compreendidas, muitas coisas criadas e recriadas. Não há mais como fugir das influências, não há como ser totalmente adepto da tradição ou tradução. Podemos perceber ao analisarmos as atitudes da atualidade, uma junção do moderno (tradução) com o antigo (tradição).
Em uma sociedade onde nenhuma tecnologia nos surpreende buscamos conhecer e compreender os costumes passados. Descobrindo culturas antigas entendemos melhor o processo histórico por qual o mundo passou e voltamos a determinado tempo por meio das roupas, dos ídolos que fizeram sucesso, escritores que sofreram com censura e repressão, movimentos que surgiram em determinados contextos. É claro que não podemos reviver essas experiências, até porque não seria coerente querer voltar a um passado que lutou para que os dias atuais fossem melhores. Realmente, se tornou melhor, pois vivemos dias menos conturbados, não precisamos nos preocupar com a Segunda Guerra Mundial e muito menos com a Ditadura Militar.
Porém, a nostalgia persegue jovens que encontram glamour em épocas passadas. Entre muitas coisas que podemos sugar do passado vamos destacar algumas. Sabemos que a sociedade se baseia em signos que são internalizados por meio da cultura que o individuo está inserido e que são representados pela moda, artes plásticas, música, meios de comunicação, etc. Para explicar um pouco do que foi dito peguemos como exemplo o revivalismo na moda, que nos proporciona perceber como o retrô se instala nos estilos, muitas vezes como homenagem a algum fenômeno vivido em determinado tempo, por ser saudoso ou como forma de protesto. A moda surge de heranças culturais e é por isso que ela está sempre confrontando novo X antigo.
As heranças culturais reativam em nós emoções que intensificam a imaginação e interpretação do sujeito por meio de expressões artísticas. No inicio do século XIX o romantismo na França valorizava o passado, resumindo os séculos XIV, XV e XVI. Lutando contra o Classicismo que seguiam pensamentos e formas estéticas deixadas pelos gregos, os românticos passaram a tornar-se figuras da Idade Média com as moças vestidas com mangas bufantes e os homens de gibão, parecendo terem saído de livros de história. Podemos classificar esse movimento, então, de um grande Revival ou uma fuga para um mundo imaginário, já que os adeptos chegavam a parecer personagens encantados.
Porém, não basta apenas adotar um vestuário, deve-se também expressar-se através de atitudes. Pois, esses movimentos trabalham com uma concepção de mundo e a moda é apenas um elemento de representação. Alguns jovens no período romântico iam além de viver a nostalgia no imaginário e passavam a recitar poemas e se entregar a bebida em um grito melancólico contra a burguesia.
Talvez os românticos não tivessem destaque na época e hoje em dia seja debatido por fazer parte do passado. Pois, só agora podemos ver o impacto que o Romantismo causou, pois além de ter afetado todas as percepções representadas em movimentos sociais do século XIX, ainda influenciou os dadaístas e surrealistas, os existencialistas pós-guerra da Coréia, os darks e góticos da moda inglesa, sendo o maior exemplo revivalista.
Na atualidade as tribos urbanas resgatam o passado contextualizando as atitudes dentro das necessidades contemporâneas. Sua atitude está resgatando qual movimento passado?


sábado, 18 de setembro de 2010

PERCEPÇÃO E REPRESENTAÇÃO ESTÉTICA




Mulher no século XIX -
a moda européia imposta
no Brasil
A imagem estética feminina sempre criou um mundo cruel para a mulher, onde ela se submete a sacrifícios para agradar uma sociedade masculina.
No início do século XX o corpo feminino passou por um período de desrespeito, pois as mulheres usavam espartilhos para acentuar a cintura e estufar os seios, deformando a forma natural do corpo. Com o fim da Primeira Guerra Mundial, em 1918, a moda européia custava muito cara e foi necessário adaptar- se a economia que não passava por bons momentos. Assim, as roupas tornaram-se mais leves e o espartilho abolido do guarda-roupa. Essa revolução na vida da mulher teve como colaboradora a estilista Coco Chanel, uma mulher que desafiava os paradigmas da época.

Mulher no início do século XX -
busca de uma nova identidade
Infelizmente esses acontecimentos não libertaram as mulheres da escravidão estética, apenas os estereótipos foram substituídos. Na década de 20 iniciou-se uma batalha pela magreza, que se intensificou nos anos 60, acentuando-se na década de 70. As feministas acreditavam que sendo magras estavam indo contra ao padrão estabelecido de mulher objeto, com ancas largas e seios fartos para procriar e amamentar os filhos, porém estavam sendo as precursoras de um novo padrão estético escravizando-se em intermináveis dietas.
Na década de 80 a mídia se apropriou dessa nova tendência bombardeando as mulheres com imagens femininas com corpos perfeitos. Com isso o comércio se esbaldou com um verdadeiro surto de academias e cirurgias plásticas que crescem a cada dia.
Mulher na metade do século XX -
busca pela sensualidade
As mulheres passaram a atribuir como responsabilidade de seus problemas a sua aparência. Isso desencadeou um alto índice de baixa estima, que faz com que a mulher busque soluções doentias, como compulsão por compras e transtornos alimentares. Junto a essas doenças surge a depressão que faz a mulher novamente se refugiar no comercio, desta vez na indústria farmacêutica que já lucrava com remédios para diminuição de apetite, etc., e agora lucra também com remédios antidepressivos.
O ser humano busca ser feliz e o comércio nos faz pensarmos que podemos comprar até mesmo a felicidade por meio de produtos de beleza e remédios que mascaram nossas frustrações. Na realidade esses problemas não estão ligados a nossa aparência, mas sim com nossa essência sufocada entre tanta futilidade colocada em nossas mãos.


Mulher no início do século XXI -
busca pela representação retrô


terça-feira, 7 de setembro de 2010

RENASCIMENTO: HUMANISMO E RENOVAÇÃO


Entre os séculos XV e XVI surgiu na Europa Ocidental um movimento artístico e cientifico, chamado Renascimento, que provocou a ruptura da religiosidade medieval, passando a exaltar a valorização do homem, assim formando movimentos que pregavam a valorização da cultura. Assim, com o intuito de reformar os currículos universitários que se preocupavam apenas com disciplinas teológicas surge o Humanismo acrescentando estudos matemáticos, históricos, lingüísticos e filosóficos. A maior preocupação dos humanistas era retirar do confinamento os livros de mosteiros e clausuras para que pudessem estar ao alcance da população.
O Humanismo sofreu uma evolução que ampliou a concepção inicial, passando a criticar as condições sociais em que o povo era submetido a viver no período feudal, a partir de uma ideologia individualista do homem para impulsionar o progresso.
Como sabemos a arte é uma das formas de representar o mundo e, por isso, o Humanismo buscou curar a cegueira social imposta pela sociedade judaico-cristã, resgatando obras e autores da antiguidade clássica, como da cultura grego-latina, que haviam sido censuradas pela igreja Católica. Assim, a Europa renascentista atravessou um período sofrido com a Peste Bubônica, mas também um período de renovação nas artes, letras e ciências, destacando-se Leonardo da Vinci, Michelangelo, Rafael, Dante, Maquiavel, Shakespeare, Galileu, entre outros.
O Renascimento e o Humanismo tinham como filosófica principal a idéia de que todas as coisas teriam sido criadas por Deus para propiciar a vida humana. Se as novas idéias trouxeram benefícios ao povo, como maior liberdade de expressão, o homem visto como o centro do universo também trouxe o consumismo exagerado e a falta de respeito com o meio ambiente, causando um caos ambiental que reflete na atualidade.