"A NOSSA LINGUAGEM CRIA O MUNDO."

sábado, 16 de outubro de 2010

PÓS - MODERNISMO?


Romero Brito

Andy Warhol
Sabemos que não existe uma data especifica onde termina e inicia um movimento artístico-literário. Não acordamos um dia, olhamos no calendário, e pensamos: hoje iniciou o movimento pós-modernista, tudo que se criar a partir de hoje pertencerá à escola pós-moderna. Porém, o tempo é que direciona nossas vidas, temos a necessidade de trabalharmos com horas, dias, meses, anos, etc., por isso dizemos que o pós-modernismo começou a surgir por volta dos anos cinqüenta, onde começou a transição do moderno para o pós.
No entanto, existem grupos que negam o surgimento do pós-moderno, afirmando que é o modernismo que prevalece na nossa cultura. Realmente, ainda é muito difícil distinguir modernismo de pós-modernismo.
No período em que as guerras explodiam a arte também passava por uma verdadeira explosão. Os expressionistas demonstraram a explosão de sentimentos em borrões. Os surrealistas deram vida aos sonhos e na poesia destacaram-se por quebrarem a sintaxe e usarem imagens irracionais. A música passa a ser dissonante, sendo desagradável a uma análise superficial. Assim, podemos classificar essa arte moderna como irracional baseada no humanismo e emotividade.
Essa cultura passou a influenciar todas as manifestações artísticas, por exemplo, a literatura, a moda, os objetos de decoração, as artes gráficas, etc. Podemos dizer que o moderno que no início era diferente, passou a ser comum até mesmo no contexto burguês, que inicialmente era foco de críticas. Pois a arte modernista estava presente em museus e teatros, locais freqüentados pela burguesia.
Se iremos colocar um divisor de águas não há forma melhor de demarcar a transição artística do que falando da arte Pop, que passa a negar o subjetivismo existente na arte moderna. A arte Pop abandona os museus, teatros, etc. e passa a passear pelas linguagens de massa, como em gibis, rótulos e anúncios, sendo uma ponte entre a arte culta e de massa. Quando o dia a dia da sociedade estava sendo bombardeado pela tecnologia a arte Pop nasce na Inglaterra, ganhando força em Nova York com o intuito de ironizar ícones do consumismo, classificando-se como antiarte.
Apesar da arte Pop em alguns aspectos negar conceitos existentes anteriormente, ela não é neutra a tudo e a todos. A antiarte revive o dadaísmo, já que antes de estimar a obra valoriza o processo de criação.
Diferente do modernismo que tem a critica como ponto de partida nos processos de criação, a arte contemporânea não trabalha com valores. Ela chama o público a interagir pelo sensorial, corporal, riso, sendo que a arte tem valor no momento e no envolvimento do objeto que não é apenas observado, mas sentido, tocado, usado.
A literatura modernista quis quebrar os paradigmas, desobedecendo a sintaxe, fazendo paródias, valorizando a nação, etc. Podemos citar o romance “Macunaíma” de Mário de Andrade como uma das principais obras que expressam o movimento na literatura, e as obras de Clarice Lispector que trazem a técnica do fluxo da consciência, já fugindo da fase modernista que pregava o nacionalismo, ufanismo e regionalismo.
Em contraste com a literatura modernista surge a pós-moderna que usa o diálogo intertextual, que exige do leitor conhecimento de outros textos para que chegue a um conhecimento concreto do objetivo do autor.
As artes contemporâneas estão ligadas ao moderno vinculado ao antigo. Proporcionando que autor e telespectador possam demonstrar e verificar diálogos intertextuais entre épocas, visões de mundo, criações artísticas, percepções e contextos dignos de nostalgia.

Nenhum comentário:

Postar um comentário