"A NOSSA LINGUAGEM CRIA O MUNDO."

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

VENCEDORES DO OSCAR 2011



Esta postagem extra é para anunciar os vencedores do Oscar 2011, onde tivemos “O Discurso do Rei” como maior vencedor, inclusive de melhor filme, e "A Origem”, ambos com quatro prêmios.
A noite de gala teve muitas homenagens, inclusive para Eli Wallach, que mereceu dignamente.
Encerrando-se com todos os vencedores no palco, podemos dizer que foi uma bela premiação, salvo exceções, sem grandes surpresas em relação aos premiados.

Vejamos quem levou estatueta para casa e tirem suas próprias conclusões:

Melhor direção de arte
- "Alice no País das Maravilhas"

Melhor fotografia
- "A origem"

Melhor atriz coadjuvante:
- Melissa Leo – “O vencedor”

Melhor curta-metragem de animação
- "The lost thing", de Shaun Tan, Andrew Ruheman

Melhor longa-metragem de animação:
- "Toy story 3"

Melhor roteiro adaptado
- “A rede social"

Melhor roteiro original
- “O discurso do rei”

Melhor filme de língua estrangeira
- "Em um mundo melhor" (Dinamarca)

Melhor ator coadjuvante
- Christian Bale – “O vencedor”

Melhor trilha sonora original
- "A rede social" - Trent Reznor e Atticus Ross

Melhor mixagem de som
- "A origem"

Melhor edição de som
- "A origem"

Melhor maquiagem
- "O lobisomem"

Melhor figurino
- "Alice no País das Maravilhas"

Melhor documentário em curta-metragem
"Strangers no more"

Melhor curta-metragem
- "God of love"

Melhor documentário (longa-metragem)
- "Trabalho interno"

Melhores efeitos visuais
- "A origem"

Melhor edição
- "A rede social"

Melhor canção original
- "We belong together", de "Toy story 3"

Melhor diretor
- Tom Hooper – “O discurso do rei”

Melhor atriz
- Natalie Portman – “Cisne negro”

Melhor ator
- Colin Firth – “O discurso do rei”

Melhor filme
- “O discurso do rei”




quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

ADORÁVEL PECADORA


“Let’s Make Love” (1960) poderia ter ganhado o título brasileiro de “Vamos fazer amor”, porém, previsivelmente, ganhou o nome de “Adorável Pecadora”. Esse título não tem referencia com a obra, mas sim com a imagem da mulher, que durante muito tempo foi vista como motivadora da destruição masculina. Já que o encanto feminino era visto como algo ligado ao mal, ou seja, ao pecado.
O enredo inicia-se com relatos de caráter histórico, da família Clément, que passa pela França, Nova York e Texas. Um dos membros da família aparece como patrocinador da Estátua da Liberdade e da Torre Eiffel. Prosseguindo a paixão por torres panorâmicas, outro Clément, teria construído várias delas no Texas. Em síntese, todos deixaram fortunas para seus descendentes, inclusive para Jean-Marc Clément, um grande empresário de NY.
Jean-Marc além de ter herdado muito dinheiro de seus antepassados, também, herdou o caráter boêmio e casual com as mulheres. Até que encontra Amanda, que não sabendo quem ele é de verdade o trata sem bajulações.
O homem rico que sempre teve tudo o que desejou e o que não desejou, também, passa a ter dificuldades. Quando na tentativa de impedir a apresentação de um musical, que tem como intuito ridicularizá-lo, é confundido com um ator, ganha o papel para interpretar a si mesmo e passa a ser criticado, o que nunca havia acontecido antes, devido aos seus status.
Ele nunca foi engraçado, mas as pessoas riam de suas piadas para satisfazê-lo. Porém, no teatro as pessoas não fingem e ele se frustra. Na tentativa de surpreender a todos e, principalmente, Amanda, ele compra uma piada (que acaba em uma grande confusão), contrata profissionais para ajudá-lo a ser cômico, aprender a cantar e dançar, características indispensáveis para um ator de teatro. Porém, nem tudo pode ser comprado, inclusive talento.
Também, o empresário manobra uma sociedade com a companhia de teatro, para que possa controlar os espetáculos e os papéis que deseja encenar. Mas, nada disso faz com que a personagem, vivida por Marilyn Monroe, apaixone-se por ele. Ela apenas entrega-se a Clément após descobrir sua verdadeira identidade. Onde percebemos que ela se rende a sua fortuna e não ao dono da mesma.
Podemos observar uma obra em que o garoto rico, traça como desafio conquistar a garota ingênua, como uma questão de honra, já que nunca lhe foi negado nada. E a personagem de Monroe que tanto crítica o dinheiro, a arrogância e insensibilidade de Clément faz amor com ele, justamente, quando descobre que Alexander Dumas na realidade é o milionário, mostrando como o dinheiro pode manipular os sentimentos da sociedade.
Em síntese, a obra em questão é composta pela linguagem metateatral que dá ao público a percepção dos bastidores dos musicais da off-broadway. Há a contribuição dos diálogos intertextuais com as artes plásticas (Van Gogh, Renoir e Matisse) e com a literatura (Shakespeare e Alexander Dumas). Além, da exaltação à França e a presença do sistema patriarcal. Na primeira música da obra, interpretada por Monroe ela diz: “Eu simplesmente não posso sair da linha, meu coração pertence ao papai”, introduzindo a idéia de que a mulher deve ser uma boa filha. Já que o papel da mulher em certo momento da história foi desempenhado apenas como o de filha e esposa, consecutivamente.
O filme termina com a frase de Amanda se perguntando se ainda deve tirar o diploma. Condizendo com a época em que a mulher não precisava estudar desde que fosse capaz de garantir a manutenção do lar.

FICHA TÉCNICA


Título original: Let's make Love

Outros Títulos: Vamo-nos amar (Portugal)
Le milliardaire (França, Canadá francês)
Facciamo l'amore (Itália)
Machen wir's in Liebe (Alemanha, Austria)
El multimillonario (Espanha)

Gênero: Comédia / Musical

Elenco: Marilyn Monroe, Yves Montand, Tony Randall, Wilfrid Hyde-White, Frankie Vaughn, Bing Crosby, Milton Berle, Gene Kelly Gênero: Comédia,

Direção: George Cukor

Roteiro: Norman Krasna

Produção: Jerry Wald

Música Original: Lionel Newman

Direção Musical: Lionel Newman

Fotografia: Daniel L. Fapp

Edição: David Bretherton

Direção de Arte: Gene Allen, Lyle R. Wheeler

Figurino: Dorothy Jeakins

Maquiagem: Ben Nye

Efeitos Sonoros: W.D. Flick, Warren B. Delaplain

Pais: Estados Unidos

Ano: 1960

Duração: 119 min

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

OSCAR 2011 - A GRANDE PREMIAÇÃO DA SÉTIMA ARTE


No próximo dia 27 de fevereiro (domingo) ocorrerá a premiação cinematográfica da 83ª edição do Oscar. Entre os favoritos da lista de concorrentes, anunciada pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, estão “O Discurso do Rei”, "Bravura Indômita", "A Rede Social", "A origem", O vencedor", "127 horas", "Cisne Negro" e "Toy story 3". Sendo possível apreciar as críticas de “Cisne Negro” e “O Discurso do Rei” neste blog.
Vejamos todos os indicados que concorrem ao maior prêmio da sétima arte, que será apresentado pelos atores James Franco e Anne Hathaway.

MELHOR FILME
  • Cisne Negro
  • O Vencedor
  • A Origem
  • O Discurso do Rei
  • A Rede Social
  • Minhas Mães e meu Pai
  • Toy Story 3
  • 127 Horas
  • Bravura Indômita
  • Inverno da Alma

MELHOR DIRETOR
  • Darren Aronovsky – Cisne Negro
  • David Fincher – A Rede Social
  • Tom Hooper – O Discurso do Rei
  • David O. Russell – O Vencedor
  • Joel e Ethan Coen – Bravura Indômita

MELHOR ATOR

  • Jesse Eisenberg – A Rede Social
  • Colin Firth – O Discurso do Rei
  • James Franco – 127 Horas
  • Jeff Bridges – Bravura Indômita
  • Javier Bardem – Biutiful

MELHOR ATRIZ

  • Nicole Kidman – Reencontrando a Felicidade
  • Jennifer Lawrence – Inverno da Alma
  • Natalie Portman – Cisne Negro
  • Michelle Williams – Blue Valentine
  • Annette Bening – Minhas Mães e meu Pai

MELHOR ATOR COADJUVANTE

  • Christian Bale – O Vencedor
  • Jeremy Renner – Atração Perigosa
  • Geoffrey Rush – O Discurso do Rei
  • John Hawkes – Inverno da Alma
  • Mark Ruffalo – Minhas Mães e meu Pai

MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
  • Amy Adams – O Vencedor
  • Helena Bonham Carter – O Discurso do Rei
  • Jacki Weaver – Animal Kingdom
  • Melissa Leo – O Vencedor
  • Hailee Steinfeld – Bravura Indômita

MELHOR LONGA ANIMADO

  • Como Treinar o Seu Dragão
  • O Mágico
  • Toy Story 3

MELHOR FILME EM LINGUA ESTRANGEIRA

  • Biutiful
  • Fora-da-Lei
  • Dente Canino
  • Incendies
  • Em um Mundo Melhor

MELHOR DIREÇÃO DE ARTE

  • Alice no País das Maravilhas
  • Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte I
  • A Origem
  • O Discurso do Rei
  • Bravura Indômita

MELHOR FOTOGRAFIA
  • Cisne Negro
  • A Origem
  • O Discurso do Rei
  • A Rede Social
  • Bravura Indômita

MELHOR FIGURINO
  • Alice no País das Maravilhas
  • I am Love
  • O Discurso do Rei
  • The Tempest
  • Bravura Indômita

MELHOR MONTAGEM
  • Cisne Negro
  • O Vencedor
  • O Discurso do Rei
  • A Rede Social
  • 127 Horas

MELHOR DOCUMENTÁRIO
  • Lixo Extraordinário
  • Exit Through the Gift Shop
  • Trabalho Interno
  • Gasland
  • Restrepo

MELHOR DOCUMENTÁRIO EM CURTA-METRAGEM

  • Killing in the Name
  • Poster Girl
  • Strangers no More
  • Sun Come Up
  • The Warriors of Qiugang

MELHOR TRILHA SONORA

  • Alexandre Desplat – O Discurso do Rei
  • John Powell – Como Treinar o seu Dragão
  • A.R. Rahman – 127 Horas
  • Trent Reznor e Atticus Ross – A Rede Social
  • Hans Zimmer – A Origem

MELHOR CANÇÃO ORIGINAL

  • “Coming Home” – Country Strong
  • “I See the Light” – Enrolados
  • “If I Rise” – 127 Horas
  • We Belong Together – Toy Story 3

MELHOR MAQUIAGEM

  • O Lobisomem
  • Caminho da Liberdade
  • Minha Versão para o Amor

MELHOR CURTA-METRAGEM DE ANIMAÇÃO

  • Day & Night
  • The Gruffalo
  • Let’s Pollute
  • The Lost Thing
  • Madagascar, Carnet de Voyage

MELHOR CURTA-METRAGEM

  • The Confession
  • The Crush
  • God of Love
  • Na Wewe
  • Wish 143

MELHOR EDIÇÃO DE SOM

  • A Origem
  • Toy Story 3
  • Tron – O Legado
  • Bravura Indômita
  • Incontrolável

MELHOR MIXAGEM DE SOM

  • A Origem
  • Bravura Indômita
  • O Discurso do Rei
  • A Rede Social
  • Salt

MELHORES EFEITOS ESPECIAIS

  • Alice no País das Maravilhas
  • Harry Potter e as Relíquias da Morte – Parte I
  • Além da Vida
  • A Origem
  • Homem de Ferro 2

MELHOR ROTEIRO ADAPTADO

  • A Rede Social
  • 127 Horas
  • Toy Story 3
  • Bravura Indômita
  • Inverno da Alma

MELHOR ROTEIRO ORIGINAL

  • Minhas Mães e meu Pai
  • A Origem
  • O Discurso do Rei
  • O Vencedor
  • Another Year

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O DISCURSO DO REI




O Discurso do Rei tem como protagonista o rei gago Albert Frederick Arthur George e sua superação, acarretada pela vontade de encontrar sua cura. Ele conta com muitos pontos a seu favor, como o apoio da esposa, as técnicas e incentivo do terapeuta da fala Lionel Logue, além do amor das filhas, incluindo a atual Rainha Elizabeth.
A obra cinematográfica não tem um cenário glamoroso, mas a maneira em que a câmera trabalha dá todo o clima que emociona o público a ponto de se comover com o problema de George. O espectador passa a ignorar o ser real, passando a vê-lo como uma pessoa frágil, cheia de traumas e tormentas que o assombram desde a infância.
A atuação de Colin Firth é essencial para que o Rei seja humanizado na figura citada anteriormente. Seu olhar sempre melancólico demonstra toda a angústia sofrida pelo homem que precisa, justamente, mostrar-se superior e inatingível, já que se trata da figura que representa toda uma nação.
Logue, o terapeuta da fala, tem que conseguir chegar ao intimo do rei, fazê-lo confiar em si mesmo para que possa tratá-lo com êxito. Uma missão, difícil, pois George reluta em abrir sua vida pessoal, já que não se dá conta que sua limitação lingüística está dentro de seu mundo. Mundo este que deve ser reconhecido pelo seu próprio habitante. Assim, sendo possível arrumar todas as rachaduras deixadas por uma infância infeliz, longe de afeto e alegrias.
A amizade criada com o terapeuta contribuiu para sua cura. O rei que nunca tivera um amigo passa a ter alguém com quem pode desabafar seus traumas e, assim, deixá-los irem embora de seu ser.
Diante do drama vivido pelo personagem principal, temos muito humor, que surge nos diálogos entre o terapeuta e o rei, sempre desafiando a formalidade que deveria existir na figura real.
A Segunda Guerra Mundial tem grande papel na obra, já que a vontade do rei em discursar vem junto com a guerra. Vemos o rei assistindo a um discurso de Hitler e vendo seu inimigo dominar a linguagem se sente no dever de vencê-lo no que seria a sua maior fraqueza, o domínio da fala. Podendo simbolizar o sentimento de rivalidade que existia entre a Alemanha e a Inglaterra.
Ainda, no filme é presente a intertextualidade com o consagrado dramaturgo inglês William Shakespeare e suas obras. O terapeuta da fala, também, é um ator, em declínio, que nas horas vagas encena peças de Shakespeare e faz com que os filhos decorem todos os diálogos. Podemos relacionar isso com a época em que a Inglaterra adorava o autor e tinha como peça obrigatória, em casa, a obra do mesmo como uma espécie de livro sagrado.
Nesse contexto vemos uma história real que humaniza o poder. Pois, precisamos de uma obra de ficção para que possamos enxergar um personagem histórico como alguém de “carne e osso”, cheio de conflitos e fraquezas, até então aniquilados da nossa percepção. Ou seja, a obra consegue fazer de uma figura histórica, alguém com sentimentos e dificuldades, que devem ser vencidos por um amor maior, amor a nação.
Enfim, O Discurso do Rei trata-se de uma belíssima obra pertencente à sétima arte.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

MARIE ANTOINETTE


Quando nos deparamos com um filme de época sempre vemos um clima pesado, que cansa os olhos do espectador com um ambiente extremamente sombrio e pessoas muito diferentes de nós. Marie Antoinette, de Sofia Coppola, quebra todos os paradigmas de um filme de época, com uma rainha humanizada, figurino fascinante, fotografia belíssima e atuações encantadoras.
O enredo parte da biografia da última rainha da França, Maria Antonieta. A história que antecedeu a Revolução Francesa serve de fundo para que seja produzida uma grande obra de arte, por meio de um roteiro e uma direção de arte que fascinam o público.
Como citamos, Maria Antonieta é humanizada na obra, por meio de recursos que enriquecem o filme. Vejamos que o figurino é luxuoso e romântico, assim como o cenário que muitas vezes é complementado por doces coloridos e “fofos”. Os sapatos ganham destaque especial. A modernidade mais uma vez é sutilmente introduzida com um all-star em meio aos calçados reais.
O Castello de Versalhes proporciona uma fotografia perfeita, juntando-se ao figurino, criando um encanto feminino, sutil e encantador, fazendo que nossos olhos se apaixonem a cada cena por aquele universo aconchegante e sedutor.
A trilha sonora é constituída do bom e velho rock’n’ roll. O que desperta a atenção em um filme de época, aproximando a obra do público e ajudando o clima a não se tornar cansativo.
O romance vivido por Maria Antonieta e o rei ganha certa ternura pela inexperiência do casal e compreensão da rainha austríaca. Nesse contexto, Antonieta é completamente responsabilizada pela mãe por não conseguir ter relações sexuais com o marido. Pois, na época, o apetite sexual do marido fazia parte dos deveres a serem cumpridos pela mulher, isentando o homem da culpa.
A rainha nutria o gosto pelas artes, tanto que arriscava encenar algumas peças. No filme é demonstrada sua atuação e empolgação nas apresentações em que apreciava.                          
Também, referente à representação explicita da arte vemos o diálogo textual com quadros da família real. As obras são introduzidas nas cenas ganhando destaque exclusivo.
Ainda, sobre o ambiente em que a austríaca foi incorporada, observamos o preconceito e as fofocas que ocorriam, incansavelmente, na corte, principalmente, referente aos títulos que muitos compravam. Porém, não conseguiam comprar a aceitação da linhagem real. Maria Antonieta, nesse caso, se identificou com os franceses, já que também tinha esse pensamento, recusando-se a dirigir a palavra à amante de seu sogro, que teria sido uma dama (meretriz) no passado.
Podemos dizer que a personagem principal tem quatro momentos na obra. A primeira é a de reconhecimento e pureza. Em seguida, ela torna-se uma garota boemia, extrovertida e adultera. Na seqüência, passa a desenvolver o papel da mãe retirada no campo, que parece ter cansado do luxo e badalação se entregando ao simples da vida, sendo isso representado pelas suas roupas. E finalmente, a quarta face da rainha é vista quando ao lado do marido ela resolve enfrentar a revolução francesa até a derrota que os obriga a deixar o tão belo Versalhes.
Sofia Coppola consegue criar uma obra de arte doce e sedutora, tornando impossível o espectador não se apaixonar por todo encanto que usa como ponto de partida, para criar a tão empolgante história da França, que influenciou todo o mundo.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

ME MOSTRE COMO É O SEU BURLESQUE



A obra cinematográfica “Burlesque”, dirigida e produzida por Steven Antin, conta com o fascinante estilo dos famosos espetáculos vaudeville (apresentações concebidas em cabarés com música, dança, malabarismo, mágica, etc.) para dar vida ao enredo recorrente da garota do interior que busca seus sonhos na cidade grande. Uma bela frase que ilustra essa busca é quando se questiona o motivo de Ali ter saído de sua cidade natal. A garota responde que quando olhou ao seu redor não encontrou ninguém com a vida que ela queria ter. Uma bela resposta, pois sabemos que devemos viver em contextos que nos inspirem e nada mais inspirador do que a admiração.
Voltando ao cenário burlesco temos um incrível figurino e um palco apaixonante que te faz ter vontade de pertencer a ele. Afinal, pertencer ao mundo burlesco e saber explorar a sensualidade, a elegância e a arte.
O alvo das críticas é a atuação de Cristina Aguilera (Ali) e Cher (Tess). Acredito que a voz de Aguilera é excelente para dar vida as canções burlescas e Cher funciona bem na proposta de sua personagem. É claro que em vários momentos nos lembramos de Dita von Teese e nos perguntamos porque a diva do burlesque contemporâneo não está brilhando naquela tela também.
Eric Dane está ótimo em seu papel, que encanta as espectadoras, com seu jeito apaixonado, nas cenas em que admira a amada no palco. Além de ser um compositor bonito e “gente boa”, atributos que tornam um homem irresistível.
Depois de tanto a crítica especular sobre a atuação de Aguilera e Cher, percebemos que o foco não é esse ao analisarmos a obra. Mas sim o fabuloso clima burlesque, os espetáculos que são apresentados no local e que temos o privilégio de apreciarmos na tela do cinema. Coreografias, figurinos e danças que encantam, por meio da realização de um sonho (Ali) e também da força para não desistir dele (Tess).
Então, assista a esse fabuloso espetáculo e mostre como é o seu burlesque.

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

BUS STOP - NUNCA FUI SANTA




Bus stop é um filme, de 1956, baseado na obra de William Inge, dirigido por Joshua Logan e com roteiro de George Axelrod. Os personagens principais são interpretados por Marilyn Monroe (indicada ao Globo de Ouro) e Don Murray (indicado ao Oscar), além de Arthur O'Connell que se destaca na obra cinematográfica.
Muitos aspectos chamam a atenção do público. Podemos iniciar nossa análise pela adaptação do nome da obra que, originalmente, chama-se Bus Stop, e os brasileiros deram o previsível nome de Nunca fui Santa. Mas porque previsível? Pelo fato de que muitas das traduções dos filmes estrelados por Monroe, levam títulos que contrariam o sagrado, como o Pecado Mora ao Lado e Adorável Pecadora, sendo que o último não tem referência alguma com a obra, construindo uma imagem distorcida da atriz aos olhos dos leigos.
Percebemos a exaltação da Europa, que ainda exercia grande poder no mundo, nas cenas em que Cherie (Marilyn Monroe) insiste na pronúncia correta de seu nome francês. Também, Beauregard, o “Bo”, ao dizer que seu nome é francês, herdado da mãe, impressiona a moça.
O autoritarismo masculino é irritante. O vaqueiro chega a laçar Cherie, como se as mulheres estivessem amarradas as vontades machistas. Além de que a opinião da garota é totalmente ignorada por Bo que se importa apenas com a própria vontade.
Também percebemos que o filme ressalta a onda de eletrodomésticos que invadiu a década de 50, com o objetivo de resgatar as mulheres das fábricas para dentro de suas casas. O vaqueiro em seu pedido de casamento diz a amada que lhe dará uma geladeira ou uma máquina de lavar, ou ainda, o eletrodoméstico que ela quiser.
Por fim, temos o Discurso de Gettysburg, de Abraham Lincoln, recitado pelo personagem de Beauregard. O discurso, presente na cultura americana, funciona como uma crítica ao próprio personagem, que recita palavras que exaltam a liberdade e igualdade, enquanto comporta-se como um ditador.
“... Há anos, nossos pais ergueram uma nova nação dedicada ao princípio de que todos os homens são iguais. Agora estamos em meio a guerra civil para determinar se uma nação assim concebida pode perdurar. Estamos no campo de batalha. O mundo não se lembrará do que dissemos aqui, mas jamais esquecerá o que foi feito aqui. Devemos estar concentrados e dedicados...”
(Discurso de Gettysburg)

sábado, 5 de fevereiro de 2011

AS FACES DO CISNE



Cisne Negro é uma obra cinematográfica de Darren Aronofsky, que recebeu indicações para diversos prêmios, inclusive para o Oscar (ainda saberemos se levará alguma estatueta).
Mas porque o Cisne Negro chamou tanta atenção da crítica e do público? Temos muitos enredos maravilhosos, mas que por não serem tão bem produzidos acabam se perdendo no caminho, o que não é o caso do filme em questão.
Podemos classificar Cisne Negro como um drama psicológico que leva o público a ver a história pela representação da mente de Nina, a protagonista. Nesse aspecto percebemos que a bailarina é reprimida pela própria falta de coragem e para se esconder de si mesma passa a buscar a perfeição na dança. Porém, mais uma vez o medo de se arriscar entra em seu caminho e diante desse problema ela passa a desenvolver representações que só existem em sua mente, mas que a faz ter a coragem que até então não conseguia encontrar.
O diálogo com a peça “O Lago dos Cisnes” é trabalhado de forma inteligente e emocionante, já que toda a história passa a ter sentido pelo fato de todos termos um cisne branco e negro dentro de nós, mas que quando um se sobrepõe ao outro algo pode dar errado. A dança também é belíssima e em nenhum momento torna-se chata e/ou cansativa.
Nina que deixa transparecer apenas o cisne branco dentro de si não tem estrutura para buscar seu cisne negro de maneira equilibrada. Dessa forma, ela se rebela contra a mãe, responsável pelo estado vulnerável da filha, já que a super proteção criou uma pessoa fraca sem autoconhecimento. “Doce menina” é a definição lhe dada e ressaltada durante todo o filme. Porém, a doçura está atrelada a falta de iniciativa, que a torna uma filha manipulada pelas vontades da mãe que passa a vê-la como doce e não como submissa e reprimida, como acontece na realidade.
O sexo sempre funciona para os reprimidos como a libertação do que está oprimido. O seu papel no Cisne Negro não é diferente, no decorrer em que a personagem vai deixando o cisne branco de lado, para dar lugar ao negro em seu interior, ela passa a descobrir o prazer sexual.
Podemos perceber que Nina tem apenas uma meta em sua vida, ser uma grande bailarina, o que faz com que se torne uma obsessão. Mais uma vez sem que tenha um equilíbrio, contribuindo para que sua mente não suporte a pressão e a responsabilidade de que o seu único objetivo na vida seja alcançado.
Durante o tão desejado espetáculo, o filme se desenrola no intervalo dos atos, onde as representações da mente de Nina tomam caráter decisivo. Ela consegue atingir seu objetivo profissional, com uma apresentação belíssima, mas encerra ali mesmo a sua vida.
Cisne Negro é uma obra fabulosa por explorar as fraquezas de alguém que se encontra fragilizada pelo medo de se arriscar, em uma sociedade que lhe cobra a perfeição o tempo todo, se escondendo atrás de uma busca que no caminho torna-se o único sentido da vida, esquecendo os prazeres que ela tem a oferecer, até que então a personagem se destrói sem que isso seja visível. Pois a responsável por isso é a sua mente, um lugar onde ninguém pode entrar a não ser ela mesma que se encontra dominada pelas suas alucinações.