A literatura é um jogo sociocultural onde não se termina uma leitura apenas na história em si, mas a partir do texto o leitor busca outras informações que penetram na obra, de forma sutil ou não.
Na atualidade pensamos que um texto não se basta nele próprio. Porém, a crítica romântica literária privilegiava a originalidade, descartando a intertextualidade positiva na literatura.
O pensador russo Mikhail Bakhtin mostra-nos o texto como um diálogo sociocultural conduzido pelo texto. Nenhum texto surge do nada, ele é embasado por situações sociais da época em que foi escrita e, também, pela época em que está sendo lida.
Julia Kristeva cria o conceito de intertextualidade que como o termo nos diz um texto dentro de outro (o prefixo inter significa dentro).
Em outra época o diálogo entre textos causava polemica sendo acusado de plágio. Porém, a literatura não é imune, não é neutra, pois, o conhecimento de mundo é que embasa a criação das obras. Para que a acusação de plágio não fosse estabelecida erroneamente criaram-se alguns conceitos para se organizar as apropriações de textos, pois sem as apropriações não há como fazer literatura, é preciso ter um ponto de partida, uma inspiração. Vejamos as práticas intertextuais:
Citação: É um recorte explícito de um texto em outro, geralmente, marcado com aspas ou outros recursos gráficos. É muito comum essa prática intertextual no meio acadêmico.
Referência e Alusão: É quando o autor cita direta ou indiretamente um tema, um personagem, um contexto ou uma idéia já elaborada. Por exemplo, o nome dos personagens Esaú e Jacó, na obra de Machado de Assis.
Paráfrase: É a reescrita de um texto na concepção do autor. Não é plágio pelo fato de que a fonte é deixada clara a fonte.
Paródia: É a apropriação de um texto que rompe com o original, muitas vezes de forma cômica ou para prestar uma homenagem.
Essa criação textual rompe o bom comportamento da escrita conservadora tendo um tom satírico.
Pastiche: É a imitação grosseira de um estilo ou obra. Está muito próximo da paródia, no entanto, caracteriza-se mais pelo rompimento do texto original do que com a imitação satírica da paródia.
Tradução: Essa apropriação textual vai além de traduzir textos de uma língua para outra, mas é um processo de criação.
Podemos aproximar essa prática da paráfrase. Pois, o tradutor pode atribuir significados não pensados pelo autor e/ou que na outra língua não se tem a mesma carga semântica. Além disso, o tradutor pode buscar outros textos nesse processo de produção.
A tradução vai além de traduzir as palavras. As línguas são diferentes, as culturas são diferentes e a percepção de quem traduz também.
Epígrafe: É um texto introdutório de outro, é sempre um fragmento de outro que em contato com o novo ganha novos sentidos, pois dele nasce uma nova leitura, um novo contexto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário