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domingo, 18 de julho de 2010

A MEGERA DOMADA X KISS ME KATE - ANOS 50



A década de cinqüenta também se apropriou da obra de Shakespeare para adaptar ao que a mulher significava na época, as intertextualidades são vistas no musical da Broadway, “Kiss me Kate”.
Enquanto o musical era produzido, o mundo passava por mudanças sociais e culturais gritantes. A Guerra Fria, travada entre os Estados Unidos e a, então, União Soviética ficou marcada, durante os anos 50, pelo início da corrida espacial, uma verdadeira competição entre os dois países pela liderança na exploração do espaço. A ficção científica e todos os temas espaciais passaram a ser associados a modernidade e foram muito usados. Até os carros americanos ganharam um visual inspirado em foguetes. Eles eram grandes, baixos e compridos, além de luxuosos e confortáveis. Os Estados Unidos estavam vivendo um momento de prosperidade e confiança, já que haviam se transformado em fiadores econômicos e políticos do mundo ocidental após a vitória dos aliados na guerra. Isso fez surgir, durante esse período, uma juventude abastada e consumista, que vivia com o conforto que a modernidade lhes oferecia.
 

É importante saber qual era a representação da figura feminina na época para entendermos a adaptação da obra de Shakespeare feita no musical. A mulher nos anos dourados era vista como símbolo de beleza, tudo era baseado na valorização da aparência, dos penteados, dos vestidos, dos acessórios fazendo aflorar a sexualidade. Dois estilos de beleza feminina marcaram os anos 50, o das ingênuas chiques, encarnado por Grace Kelly e Audrey Hepburn, que se caracterizavam pela naturalidade e jovialidade e o estilo sensual e fatal, como o das atrizes Rita Hayworth e Ava Gardner, como também o das pin-ups (“garotas penduradas”), com cinturas marcadas e seios fartos, que surgiram na Segunda Guerra Mundial para estampar calendários que os soldados levavam com eles. Entretanto, os dois grandes símbolos de beleza da década de 50 foram Marilyn Monroe e Brigitte Bardot, que eram uma mistura dos dois estilos, a devastadora combinação de ingenuidade e sensualidade.
A tradição e os valores conservadores estavam de volta. As pessoas casavam cedo e tinham filhos. Nesse contexto, a mulher dos anos 50, além de bela e bem cuidada, devia ser boa dona-de-casa, esposa e mãe. Vários aparelhos eletrodomésticos foram criados para ajudá-la nessa tarefa difícil, como o aspirador de pó e a máquina de lavar roupas.
O autor do musical Kiss me Kate se apropria das brigas entre Katherina e Petrucchio no relacionamento dos protagonistas do musical, usando o recurso metateatral.

Os musicais estavam em alta, por isso, nada mais lógico para expressão artística usada para dialogar com a obra de Shakespeare. Mais uma vez relacionando tempo, espaço com o enredo. “Kiss me Kate”, mostra todo o glamour da década de 50, qual era a posição da mulher e como ela convivia com a situação imposta no inconsciente feminino e, também, masculino.


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