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sábado, 24 de julho de 2010

DRAMATURGIA BRASILEIRA



Nos anos 40 estrangeiros ligados ao trabalho dramatúrgico chegam ao Brasil, como a companhia “Os comediantes”. É nesse contexto que o Brasil amplia seu contato com a cena internacional, além de recuperar a autonomia e o texto como líder e guia do espetáculo.
Nélson Rodrigues é uma figura importante no teatro inspirado na intenção freudiana e fórmula impressionista (1912-1980). O texto que destaca Rodrigues perante o público é “Vestido de Noiva” – 1943, representado pela companhia já citada “Os Comediantes”, dirigido por Ziembinski e estimulada pela realidade, alucinação e memória, renovando as novidades cênicas.
Com a aposta certa Nélson Rodrigues continua seguindo a mesma temática com linguagem cada vez mais crua e motivos mais escabrosos, onde a obscura existência do drama psicanalítico atenua-se em comédia. O autor, também, produziu obras literárias que insultavam setores bem intencionados, porém, ineficientes.
No aspecto renovador do teatro podemos comentar sobre as correntes sociais, destacando o nome de Jorge Andrade e seu texto que tinha como foco a decadência da aristocracia do café (1929), intitulado de “A moratória”, construindo a imagem perdida de um Brasil rural. Jorge Andrade produziu obras que abordaram os operários, os proprietários, um passado mítico e bandeirante, a industrialização e urbanização, por um quarto do século, totalizando dez dramas.
O estilo brasileiro se formava tanto na percepção dos teatros europeus de vanguarda quanto a consciência nacional, que em 1977 com a obra “Milagre na cela” sofre perseguição da ditadura.
Nos anos 60 o Brasil começou a ser conhecido pelos aspectos folclóricos, distanciando-se do tédio existencial do desencantamento europeu. Em 1959, o cinema valoriza o nordeste mostrado nos romances regionalistas da década de 30. Nessa perspectiva destaca-se Ariano Suassuna, entre suas obras podemos destacar o Auto da compadecida (1955), onde o sacro e o profano são combinados no contexto católico nordestino. Essa idéia, ainda, é trabalhada nas obras do autor como: “O casamento suspeitoso” (1958), “O santo e a porca” (1958) e “A pena e a lei” (1959). Hermilo Borba Filho, Alfredo Dias Gomes, Rachel de Queiroz, João Cabral de Melo Neto, são outros nomes importantes da dramaturgia nordestina.
Para rebater o humanismo cristão e o regionalismo nordestino (1960 e 1970) tínhamos em São Paulo o socialismo de Gianfrancesco Guarnieri. Em uma de suas peças, apresentada no Teatro Arena São Paulo, reentitulada, em 1967 de “Arena conta Tirantes”, o autor trabalha com problemas da industrialização e a luta de classes, baseado em aspectos intimistas com compromisso neo-realista. A obra com sucesso internacional (apresentada em Paris e Roma), de Guarnieri, foi “Gimba” (1959), pois ao contrário das outras que mostravam um Brasil hard-boiled, essa ilustrava o ancestral e pitoresco de bandidos, carnaval, negros e cristianismo folclórico.
Na dramaturgia dos anos 70 aparecem Augusto Boal, Chico Buarque e Plínio Marcos. Boal se destaca perante o público e a crítica internacional, com a Revolução na América do Sul (1960), populista, porém, com corte cênico. Com a influência de Brecht, Boal constrói um teatro “pobre”, suprimindo o estrelismo, assim, confiando a vários autores a mesma parte.
Seguindo o mesmo caminho, o músico Chico Buarque de Holanda trabalha com dança e canto em suas peças com mensagens políticas.
A influência de Plínio Marcos (1935-1999) é circense, pois foi palhaço e encontramos respingos disso na alucinação e nos personagens-clows de suas peças, que na época sofreram censura
Para finalizar, temos Mauro Rasi (1944-2003), um dos nomes de destaques, na comédia de costumes. Já em 2003, o teatro está muito próximo da aldeia global de teatros.

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