23h20min, queríamos chegar antes das
23 horas, agora a fila está grande e perdemos o double drink. Passamos no shopping
para comer alguma coisa, não é bom beber de estômago vazio. Na praça de
alimentação chamamos a atenção, estava frio e não estávamos muito agasalhados, na
pista de dança a coisa esquenta. Nas últimas noites não
me libertei na pista, digo, não peguei ninguém. Estava muito presa em alguém,
presa no sentido presidiário mesmo, aquela coisa ruim de estar aprisionada
sozinha. Acho que os meus amigos desistiram de me desencalhar, eu nunca quero
ninguém que eles apontam, já me veem como a amiga solitária, que aconselha e
não ouve nenhum conselho afetivo, está muito focada em desastres amorosos, é o
que sempre pensam.
Essa fila está devagar, a guria que
checa as identidades tem um cabelo estranho, mas é bonito, ela deve achar o meu
sem graça, ter o cabelo castanho natural parece infantil. Tenho um vestido
igual ao da menina que tem uma bolsa legal, ainda bem que não gosto muito do
vestido. Minha saia é curta, o menino que passou olhou para as minhas pernas, a
meia-calça é fio 40, pode estar vulgar.
Estamos na pista, está tocando Florence
+ the Machine, todos dançam, devem me achar estabanada. Se eu tiver azar alguém vai
derrubar cerveja em mim, vou ficar bêbada, com sorte não terei dor de cabeça.
Não vou ficar com o cara de jaqueta de couro (será que é couro ecológico?), talvez ele não lave as mãos ao
sair do banheiro. Não vou ficar com o cara que perguntou meu nome, ele disse
que gostava de cinema e achou que Godard era marca de cigarro francês. Vou
fugir do menino que buzinou quando chegou de carro, ele pode ser o filho da
puta que ultrapassou o sinal vermelho semana passada e matou a velhinha que
estava indo comprar remédio para o marido resfriado na cama.
Lembrei-me de tudo sobre você que
recebeu uma mensagem minha essa noite.
Acordei de ressaca cantando:
“You are the moon that breaks the night for which I have to howl” (8)
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