"A NOSSA LINGUAGEM CRIA O MUNDO."

domingo, 22 de setembro de 2013

EVENTOS QUE ACABAM EM EMPADAS

DIALOGANDO COM http://brudancini.blogspot.com.br/2013/09/vem-ca-te-conheco.html (texto lindo, mesmo não gostando do meu, desse vocês vão gostar :P)


            8 horas da noite, sexta-feira, o trabalho sempre demora na sexta, quase ninguém vai trabalhar e fico com vontade de não estar lá também, mas tenho que ir, porque não tem quase ninguém lá. Eu não estou mais no trabalho, na verdade sai de lá antes das 5 horas, sempre saio com fome, peguei um ônibus e comi em um café aqui perto. Pedi uma empada do Caruso, até quem não gosta de empada gosta da empada do Caruso, eu não sei por que chamam de empada do Caruso, é uma marca, acho que o Caruso nem existe e agora estou fazendo publicidade de graça para a empada do Caruso, quem sabe um dia eu me torne famosa e ganhe empadas de graça do Caruso por ter feito publicidade de graça nesse texto. Não tinha mesas no interior do café, tive que ficar nas mesinhas da calçada, isso é muito bonito, parece cenário de filme europeu, mas aqui faz muito frio, dizem que Curitiba é uma cidade ‘europeia brasileira’, então ficar sentada na calçada faz a gente sentir muito frio e o vento deixa o nariz vermelho com a sensação de que estou gripada. Estou sozinha, estava sozinha no café, ao lado da minha mesa tinha um menino lendo um livro, tentei ver que livro era, mas não consegui, fiquei olhando por um tempo para a capa e ele me olhou com uma cara de quem não gostou que eu estivesse olhando para o livro, talvez tenha sido uma cara de nada, mas eu achei que ele não estivesse gostando de eu estar olhando para o seu livro. Fui para o caixa pagar meu suco e, claro, a empada do Caruso, quando saí olhei para o menino lendo o livro, dessa vez olhei para ele e não para a capa do livro, ele era bonito, mas eu nunca saberei nada dele, nem o título do livro que ele lê.
            Ainda bem que o café é aqui perto e consegui chegar antes da chuva, ainda bem que eu não fiquei mais tempo tentando ler a capa do livro do menino que tomava café. Aqui também não tem o vento da calçada do café, a porta fica fechada e quando alguém se aproxima ela abre automaticamente. Tenho medo dessas portas, sempre acho que vou parar perto delas, não vão abrir e eu vou ficar com cara de idiota. Elas sempre abrem, mas eu sempre penso que não vão abrir. Enfim, quando alguém se aproxima da porta meus olhos correm para olhar quem está entrando, nunca é você e penso: aaah, não é ninguém.
            Que raiva que eu tenho dessas páginas de eventos do Facebook, que raiva que eu tenho de pessoas que confirmam presença e não vão aos eventos, que raiva eu tenho de você que confirmou presença e não veio, mentira, eu não estou com raiva de você, estou com raiva de você não estar aqui, de não poder te convidar parar vir comigo e me obrigar a confiar na página do evento no Facebook.

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