Mais uma vez ela acordou, tomou o seu café matinal e
não teve vontade de fazer mais nada, quis voltar para o seu quarto e chorar até
as lágrimas secarem. O seu desejo foi atendido e lá estava ela em seu quarto,
sozinha, agoniada, angustiada, mas sem conseguir derramar nem uma lágrima. Da
última vez ela havia chorado tanto que devia ter esgotado a sua reserva de água
salgada.
Passou
o dia ali e ninguém sentiu sua falta, se dormisse para sempre ninguém a
procuraria. E o que ela poderia fazer para chamar a atenção? Ela não queria
muito, não precisava que o mundo a visse, mas uma única pessoa, aquele que
mesmo sendo todo errado, tornou-se certo no momento em que todos os seus
pensamentos voltaram-se para ele.
Sentir
não é nada bom. Você apenas sente e não controla. Você não pode obrigar ninguém
a sentir o mesmo, não pode responsabilizar ninguém pelo seu sofrimento, nem a
você mesmo. Ninguém sente porque quer e sim porque se envolve e quando viu já
está perdido em um mundo em que gostar não é bom, porque é dorido, é cansativo
e é solitário.
Ela
não quis procurar ninguém para desabafar. Todos já estavam cansados de sempre
ouvirem a mesma história, de sempre a verem se afogando em um mar de emoções e
darem conselhos que de nada adiantavam. Ela também estava cansada de conselhos
que não amenizavam em nada o seu sofrimento.
Amanhã
ela teria que trabalhar, encarar aquela rotina banal, dar aquele sorriso vazio
e depois voltar para casa, esperar a hora de dormir para finalmente descansar
da realidade, tão vazia, tão incompreendida e tão incoerente.
Ela
só queria dormir e sonhar com ele a abraçando como naquele dia. Aquele dia que
poderia ter impulsionado outros dias felizes, mas só trouxe posteriores desilusões
e um grande “sad end”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário