"A NOSSA LINGUAGEM CRIA O MUNDO."

sexta-feira, 18 de abril de 2014

AINDA TENTAMOS RESPONDER AQUELA PERGUNTA DO ORKUT: QUEM SOU EU?



Dizem que somos perdidos, que não sabemos para onde vamos, mas nós sabemos o caminho da casa dos nossos pais. Dizem que não sabemos dar valor as coisas, mas valorizamos muito uma internet banda larga. Sabemos como as coisas eram difíceis naquela época em que a internet era discada e todo mundo tinha o seu jeitinho para acessar o Orkut, escondido dos pais antes da meia noite.

Não somos nem um pouco perdidos só porque não temos a estabilidade de um cargo público, ainda não temos filhos e não precisamos saber cozinhar. Afinal, ficamos emocionados com uma bandeja de fast food.

Tem uma geração aí falando da nossa geração. Ela não tem os turcos da Nouvelle Vague e nem os brasileiros Tropicalistas do festival de 67. Temos o pessoal do Mumblecore. O encantador Frances Ha, em que Greta Gerwig, a musa do coletivo, interpreta uma jovem com 27 anos, que faz da vida uma bela música no clima de David Bowie e o melhor, Frances dança a música. De um lado a leveza dos sonhos e do outro a pressão das convenções sociais do século passado.


Também, temos Lena Dunham, a criadora e protagonista de Girls. Hanna sonha em ser escritora, mas diante das pressões sociais é sufocada pelos padrões, que limitam seu fluxo criativo. Antes do seriado, com Tiny Furniture, Dunham já havia exposto na tela, Aura, uma jovem recém-formada em Cinema que sem emprego e sem rumo volta para a casa da mãe. A personagem entra num conflito entre se adaptar a vida adulta e competir com a irmã adolescente.

Temos o Matheus Souza, todos citariam o premiado “Apenas um Fim”, mas prefiro Vendemos Cadeiras, seriado com Wagner Santisteban, Gregório Duviver e Clarice Falcão. Três jovens em conflito em meio aos sonhos e as vendas da loja de cadeiras. Eliézer escreveu seu primeiro livro aos doze anos para conquistar uma garota, dirigiu um filme e vive dessas lembranças, desejando que elas voltem a fazer parte de algum presente futuro. Fábio Jr nunca beijou uma mulher que estivesse acordada e é rejeitado pela família que tem uma loja de sucesso que vende sofás. Diana é uma órfã adotada por 63 famílias diferentes, devolvida ao orfanato 42 vezes por justa causa e finalmente adotada por Ferreira, o dono da loja de cadeiras. Elieser e Fábio Junior apaixonam-se por Diana, ela gosta de meninas e eles decidem ser amigos.


Somos um pouco instáveis, não nego, estar dentro de nossas cabeças não é para qualquer um, por isso às vezes ficamos melancólicos. Também temos tendências artísticas, queremos ter uma banda, escrever um livro, roteirizar, dirigir, produzir e atuar em um filme, deixar nossos nomes na calçada da fama da Rua Augusta. Somos a geração criada dentro de casa que é bombardeada pela tecnologia consumida pelos pais, para que os filhos não lhe causem preocupações. Então, criamos mundos virtuais, relacionamentos complicados como distrações e expomos nossas insatisfações nas redes sociais."

Aos 26 começo a me preocupar com os próximos anos, não será muito diferente de hoje. Por um lado gosto da ideia. Tem muitas coisas que não quero mudar, mas tenho aquele medo de estar com a síndrome de Peter Pan. Deve ser a minha crise da idade, os mais velhos sempre falavam que estavam na crise da idade, acho que eles não são mais velhos do que eu agora.

Entre tantas dúvidas, lá no fundo tenho consciência de que estamos certos de nossas incertezas. Depois que consumimos cultura pop pesada durante toda a adolescência, somos forçados a entender que a vida não é um filme com fórmula hollywoodiana. É difícil, mas é bom, não precisamos seguir um roteiro. Precisamos viver o imediato, mesmo que eu, você e o Matheus Souza não tenhamos a menor ideia do que estamos fazendo com nossas vidas.

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