Sozinha! Nenhum ex-namorado para falar dos
meus defeitos em uma mesa de bar. Nenhuma mágoa para ser jogada no ventilador.
Nenhum dia perdido discutindo a relação.
Deveria
ser, mas... Essa coisa de andar sozinha, estar solitária, tem sempre conceitos
distintos. Não estar acompanhada de um status de relacionamento não significa
estar isolada e imune às relações. Certamente, já fui assunto em uma mesa de
bar de alguém insatisfeito com minhas reações. Mágoas jogadas na cara, disso eu
não lembro, alguém aí lembra? Quantos dias perdidos ou ganhados, discutindo um
misto de complexidade sentimental. Discussões para nos ouvirmos com o anseio de
nos entendermos.
Uma
noite sem destino! Estamos aqui sem dar satisfações para nós mesmos! Essa
sensação eu sempre gostei, amei mais do que amei uma noite a dois. É o que eu
acho, mas os gostos mudam, a gente troca de banda preferida com os anos.
Uma
noite epifânica! Aquela é a sua noite e você espera o que quiser dela. Ninguém
pode esperar algo de você, você quer voar, na imagética mais clichê da subjetividade
e foda-se ser clichê, sem sentido, sem rumo, sem destino.
Agradeço a ausência daqueles que me deixam por
aí. Gosto da brincadeira de esconde-esconde. Sempre há uma nova diversão no intervalo
para nos encontrarmos. Topo continuar correndo, vem um vento gostoso no rosto e
os pés saem do chão. Odeio sentir-me presa nos quadrados da cerâmica, não
preciso conhecer a cozinha, não tenho hora para jantar, odeio dizer onde estou
e para onde vou. Na sua ausência eu não digo nada.
Gosto
da sensação de estar onde ninguém sabe (minha cabeça ou uma rua). Caminho como
se não existissem compromissos, eu vou e volto quando quero, distraída, me
transportando para as lembranças, em que conversamos e vemos nossas cores nos
olhos, predominando o vermelho e o azul. Sem ensaio a gente tem um ritmo que
deixa a gente parecido. E a gente se parece, porque a gente se gosta e a gente gosta
da ausência para provar que sabemos nos encontrar, mas hoje não queremos nos
ver e tudo bem.
Gosto
de esbarrar em amigos e dizer: a gente se vê! É descompromissado, é livre, a
gente se vê, a gente se esbarra, os caminhos se encontram e por acaso a gente tropeça
em nossos encontros, improvisando para não cair com a cara no chão.
Eu
vivo sem você, mas nunca vivi sem amor! Vivo amando a sua ausência inacabada,
esperando o “oi” depois do “até mais”, mas agradeço por me deixar viver em um
mundo em que a saudade do que nunca vivi transforma-se em sonhos. Os sonhos
embaixo do meu edredom esperam pelo dia em que seremos ausentes do mundo, para
vivermos sozinhos em nossos corpos. Começamos a ouvir uma nova banda.
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