Tenho pensado em uma
estrutura para falar da mesma coisa de um jeito diferente, a vida é sempre
igual, vivida de um jeito diferente.
E tem essa coisa de expor. Com o
coração na concha das mãos ele é aquecido e também esmagado. Às vezes mastigam
e devolvem como um chiclete sem açúcar, ninguém quer mascar chiclete para
sempre, preferem as balas.
Eu penso no que andam pensando sobre
mim, tenho medo que pensem diferente do que ando sendo.
Terminamos semana passada, não sei o
que ela achou sobre isso, ficou quieta, disse tudo bem e bateu a porta. Tínhamos
objetivos diferentes, concordo que ela nunca disse o que pensava sobre isso,
nunca perguntei, sempre ofereci mais um copo de vodca quando o silêncio dava
espaço as afirmações. Ela gostava de mim, apesar de nunca ter dito, isso a gente
sente, eu nunca me amei e ela fazia lembrar-me. Eu quebrei aquela menina
com o mesmo impulso que joga-se uma garrafa de vidro no asfalto. Eu sempre
achei bonito ver os cacos brilhando como pedras preciosas, tinha o seu valor,
não nego.
Penso porque ele terminou e não
concluo, os pensamentos fragmentados vagam pelas ruas sem chão, distraindo-se
com a sociedade que caminha apressada para lugares em que sobrevivem e que me
recuso viver. Culpo-me por algumas coisas, como aquela vez em que disse que não
gostava de salada e também quando não conhecia a banda que tocava enquanto
conversávamos sobre o livro que eu não li. Será que foi a calça que eu vestia?
Tirei rápido, talvez ele nem tenha reparado. Epifania! Foi o que eu não disse,
eu devia ter falado umas bobeiras, só para deixar o clima mais espontâneo,
correr pela casa cantando uma música da moda, talvez fizesse ele rir. É isso,
eu não fiz ele rir, eu nunca gostei de palhaços, porque seria uma? Se tivesse
uma nova chance iria perguntar como era para ser e se eu fosse assim poderia
ser a pessoa com quem ele nunca termina.
Talvez ela queira uma explicação,
vou usar algum argumento clichê, talvez use alguns conceitos psicanalíticos e
nunca mais nos veremos, não com a mesma percepção dos dias em que nos
divertimos, ela me fez rir algumas vezes. Talvez ela não peça nenhuma
explicação, ela nunca foi inconveniente, acho que ela não
deve estar bem, sempre foi sensível, o que às vezes é pior do que não ser conveniente.
Um dia ela aprende a não levar tão a sério.
Um dia eu aprendo a não levar tão a
sério. Um dia eu descubro o que faltou ou o que sobrou e reescrevo esse texto
com uma nova estrutura, com um novo amor (Ops, não levar tão a sério, exclui os
amores – ando tendo dificuldades de aprendizagem).
Nenhum comentário:
Postar um comentário