Esse é o lançamento do meu livro. Espero que seja o primeiro e não o único. Eu queria que você estivesse no
lançamento do segundo, já que esse aqui você talvez nem saiba que eu escrevi,
por isso vou ter que escrever o segundo. Não pude te mandar convite para o
evento no facebook, eu não tenho você na minha lista de amigos. Tenho o seu
número na agenda do celular, mas não posso te ligar há um tempo, desde que
comecei a escrever sobre nós. Ainda acho valida a teoria de que escrevemos
melhor quando estamos tristes.
Eu torço para que algum amigo em
comum comente sobre a minha estreia literária e sobre essa sessão de
autógrafos. É bom assinar a folha de rosto, acho que é melhor do que assinar a
papelada do casamento. Nunca senti necessidade de tornar uma união burocrática
e sempre tive vontade de deixar meu nome em alguma lista de gente legal.
Até que tenho um bom tanto de
amigos, sempre tive duvidas se estariam aqui. Tem que ser muito amigo para comparecer a um lançamento de livro desconhecido e ainda pagar por isso. Deve ser um
pouco chato ser amigo de gente metida a artista, tem que consumir e elogiar. Deixo
claro que aceito criticas negativas, mas peço que comprem esses
exemplares, essa pilha de livros tem que sair daqui, não vou aguentar carregar
isso até em casa.
Puta merda, você veio! Não pediu uma
dedicatória, ainda bem, minha letra trêmula seria uma vergonha. Vergonha maior
vai ser você ler essa história. Onde eu estava com a cabeça quando batalhei
a publicação? E olha que foi uma correria para algum editor se interessar,
realmente, não devia ser bom. Talvez você não seja uma boa história. Agora eu
te idealizei nessas páginas e até parece que foi bom, talvez tenha sido, não tenho
certezas.
Jornal Diário:
Autora comenta sobre o livro de
estreia: “Isento-me de qualquer experiência pessoal na criação da obra. Minha
inspiração é a ficção. Realidade deixo para os noticiários televisivos.”
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