Ela sumiu
durante um longo tempo, o suficiente para me viciar em tarja preta e começar a fumar. Tudo que eu fazia era para aliviar a ansiedade
pelo fim dos dias. Não comia muita coisa além de chocolate e o único exercício
que praticava era andar sem rumo, a metáfora, é claro, porque passava os dias
deitado na cama e quando me levantava era para sentar na cadeira da
escrivaninha, escrever algumas cartas suicidas e depois arquivar tudo com a
esperança de que fossem encontradas e alguém mostrasse alguma preocupação.
Ninguém se preocupou em encontra-las.
Um dia ela
ligou, pediu para que eu fosse encontra-la. É claro que fui, passei tanto tempo
procurando-a em redes sociais, perguntando para os amigos como ela ia, se
falava de mim, se ainda tinha alguma foto minha em casa... Quando levantei senti
algo tão bom, estava vivo, naquele momento era bom estar vivo, só
para vê-la novamente. Estava nervoso, mas consegui escolher uma roupa rápido,
tinha uma camisa nova que estava guardada para o dia que fosse encontra-la,
achava que esse dia seria um encontro “por acaso”, mas foi melhor, ela queria
me ver, nossos objetivos enfim conectados.
Na frente do
portão bati palma sem parar, estava ansioso. Engraçado, como agora a ansiedade
me deixava satisfeito, ela abriu a porta, estava com o cabelo diferente,
igualmente lindo, o vestido que usava era tão bonito e me fazia querer tira-lo.
Amava todo o seu corpo, nos últimos tempos me masturbei bastante pensando em
todas as vezes que meus dedos a tocaram.
Pediu que eu
entrasse, entreguei a garrafa de vinho e ela disse que não bebia mais. A
ansiedade voltou a se tornar algo ruim, não tinha coragem de perguntar qual era
o motivo da minha visita, mas precisava saber se poderia despi-la.
Entrou no
quarto, quis que ela voltasse com a sua nova camisola transparente que comprou
para hoje, ela sempre gostou de usar lingerie bonita, queria me deixar com
tesão, mas ficava braba quando eventualmente eu rasgava o babydoll, porque ela
me excitava.
Saiu do quarto
com uma caixa de papelão, entregou-me, disse que Marcos iria mudar-se para lá e
que não queria que o namorado encontrasse coisas do seu ex pela casa.
Daqui para
frente não tenho mais o que narrar, voltei para casa, nunca mais vivi, mas
continuei vivo para quem quisesse ver.
Nenhum comentário:
Postar um comentário