Lá
estava ela, toda arrumada, havia comprado roupa nova, sabia que o veria de novo
e queria chamar a atenção. Até o perfume era novo, francês, dizem que são os
melhores. Ela acreditou na convenção. Na verdade, o brasileiro que ela tinha
era até melhor, mas já que havia importado o perfume da Europa,
especialmente, para a ocasião, decidiu usá-lo, era bom, só não era melhor que o
brasileiro.
Deixando
o perfume de lado, vamos falar da história de amor da garota que “encontrou” o
garoto, ela não encontrou, ele não estava perdido, poderia estar, mas não
visivelmente, pelo menos. Vamos falar da garota que “viu” o garoto, assim fica
melhor.
A
garota estava toda arrumada, recebeu muitos elogios, falaram do novo corte de
cabelo, da nova bolsa, do novo par de sapatos, do branqueamento nos dentes...
Ninguém havia notado o novo rímel, mas ela comentou e todos concordaram que
seus cílios estavam maiores. Ela aguardava o momento que o garoto a “encontrasse”,
ela sim, estava perdida no vazio interior.
Passaram
horas tão próximos, mas ela sentia que havia uma muralha entre eles. No fim
da tarde estava acabada, o cabelo despenteado, a roupa amassada, de mau humor e
só desejava ir para casa, sumir daquele lugar inútil.
Decidiu
ir embora. A última pessoa que desejava que a visse era o tal garoto. Então,
ele foi falar com ela, elogiou o seu cabelo, a sua bolsa e comentou sobre o seu
rímel, só não percebeu o branqueamento nos dentes.
Eles
se conheceram, saíram algumas vezes, estavam felizes. Para ele tanto fazia,
decidiu partir. Ela cortou os pulsos, tomou remédios, entrou em uma banheira
com um secador ligado. Mentira! Ela continuou trabalhando, estudando, saindo
com os amigos, essas coisas do cotidiano de qualquer otário.
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