Foi em um dia normal, nem lembro se fazia sol ou chuva, só lembro que a
gente conversou, talvez eu só tenha ouvido você conversar com pessoas que
estavam comigo. Ouvir você fez o dia ficar diferente e não era mais normal ouvir
você falar, porque o meu coração batia diferente, mudou o ritmo dos meus
pensamentos e eu ficava em silêncio, porque queria prestar atenção na sua
conversa. A partir desse dia você tornou-se o meu assunto, queria falar de você com
você quando estávamos perto e queria falar de você com todo mundo quando estávamos longe.
O assunto foi acabando. Eu queria contar que andamos de mãos dadas pela
cidade e que você havia me salvado de um ataque de pombos na Tiradentes e que
era bonito ver o seu cabelo bagunçado de manhã e que eu não ficava mais mal
humorada a noite. A falta da existência a dois foi deixando tudo pela metade,
coração partido ao meio, diálogos interrompidos por telefonemas não atendidos e
encontros sem reticências, sem mãos dadas, ataques de bombos, cabelo baguçado e bom humor.
Eu não queria deixar o mundo em que eu gostava de ouvir você falar, eu
gostava de falar de você, eu ficava feliz quando convivíamos juntos e era
bom sentir borboletas no estômago.
Um dia percebi que o nosso mundo estava dentro de mim e foi um dia
estranho, porque o meu mundo não existia em você.
Nenhum comentário:
Postar um comentário