Não precisa estagnar aqui no ‘somos
nós’, só não diga para eu não sofrer, digo, para não amar, não me impeça de ser
imprudente, sentir as borboletas no estômago ao encontrar o serzinho querido e
chorar ao chegar sozinha em casa. Quantos sentimentos já sofridos, quantos
amores pareciam ser os últimos e quantas cartas suicidas foram feitas. Tantas
mensagens desesperadas foram enviadas, tantas desilusões afogadas no bar. E se
o poeta é o fingidor da dor até poesia foi feita.
No
tum-tum do coração
A
cabeça ficou tam-tam
Podia
pegar um avião da companhia aérea com desconto
A
nuvem de algodão-doce
O
dia azul que fica blue
Por
um triz sem pingos nos is
O
fim mais longo que o começo daquele filme feliz
Cantamos
o ô-ô do chororô
Um
show lindo de ver
Um
amor sofrido de viver.
Foi tão ruim sentir o coração
tremendo na batedeira, mas tão bom comer o bolo quentinho na sua mesa com a toalha
que tem margaridas na barra. Barra foi o que passei depois daquele dia, barra é
não lembrar da sua voz quando acordo, deixar o despertador fazer barulho para
não ouvir as últimas palavras de adeus que fazem tic-tac constante aqui dentro.
O Natal está chegando, não iremos
beber aquele vinho que eu guardei desde aquele ano que você sugeriu a hipótese
(mas vinho melhora com o tempo, então, não tem problema). Na noite de ano novo
vou continuar desejando a sua volta, enquanto pessoas se abraçam ao som dos
fogos de artifícios. No aniversário não vou comemorar, você não iria responder
o meu convite, envelhecer sozinha perdeu a graça depois daquele ano em que
recebi o seu feliz aniversário.
Os anos passam e vamos relembrar dos
começos que acabaram. Talvez esse seja o último texto que faço sobre você, que
talvez fale para você, talvez seja o penúltimo, ou o último antes dos próximos duzentos
e quatorze.
(...)
Ah, tem uma coisa importante, já
estou ficando longe do seu caminho, mesmo caminhando devagar, parando para
olhar os carros parecidos no trânsito, já não consigo ver a esquina da sua casa.
Se demorar vai ter que correr, mas CORRE! CORRE! Que eu volto atropelando a
saudade.
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