"A NOSSA LINGUAGEM CRIA O MUNDO."

domingo, 1 de dezembro de 2013

A ESPERA DA LIGAÇÃO QUE NÃO ACONTECEU NO DIA SEGUINTE E NEM NOS ÚLTIMOS MESES


            Não precisa estagnar aqui no ‘somos nós’, só não diga para eu não sofrer, digo, para não amar, não me impeça de ser imprudente, sentir as borboletas no estômago ao encontrar o serzinho querido e chorar ao chegar sozinha em casa. Quantos sentimentos já sofridos, quantos amores pareciam ser os últimos e quantas cartas suicidas foram feitas. Tantas mensagens desesperadas foram enviadas, tantas desilusões afogadas no bar. E se o poeta é o fingidor da dor até poesia foi feita.

 
No tum-tum do coração
A cabeça ficou tam-tam
Podia pegar um avião da companhia aérea com desconto
A nuvem de algodão-doce
O dia azul que fica blue
Por um triz sem pingos nos is
O fim mais longo que o começo daquele filme feliz
Cantamos o ô-ô do chororô
Um show lindo de ver
Um amor sofrido de viver.
           

            Foi tão ruim sentir o coração tremendo na batedeira, mas tão bom comer o bolo quentinho na sua mesa com a toalha que tem margaridas na barra. Barra foi o que passei depois daquele dia, barra é não lembrar da sua voz quando acordo, deixar o despertador fazer barulho para não ouvir as últimas palavras de adeus que fazem tic-tac constante aqui dentro.   

            O Natal está chegando, não iremos beber aquele vinho que eu guardei desde aquele ano que você sugeriu a hipótese (mas vinho melhora com o tempo, então, não tem problema). Na noite de ano novo vou continuar desejando a sua volta, enquanto pessoas se abraçam ao som dos fogos de artifícios. No aniversário não vou comemorar, você não iria responder o meu convite, envelhecer sozinha perdeu a graça depois daquele ano em que recebi o seu feliz aniversário.

            Os anos passam e vamos relembrar dos começos que acabaram. Talvez esse seja o último texto que faço sobre você, que talvez fale para você, talvez seja o penúltimo, ou o último antes dos próximos duzentos e quatorze.

(...)

            Ah, tem uma coisa importante, já estou ficando longe do seu caminho, mesmo caminhando devagar, parando para olhar os carros parecidos no trânsito, já não consigo ver a esquina da sua casa. Se demorar vai ter que correr, mas CORRE! CORRE! Que eu volto atropelando a saudade. 

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