Rir de si mesmo pode ser divertido, ou melhor, patético, mas ninguém pensa muito no que vem a ser patético, cultivamos o riso e não sabemos a origem dele, que é a verdadeira tragédia. Podemos perceber que a comédia, geralmente, trabalha com a pimenta nos olhos do outro. Porém, em “Beleza Americana” o riso é da própria tragédia, dos “tipos” construídos pelo “american way of life”. O riso que me refiro não quer dizer que o filme trata-se de uma comédia, ele serve como uma metáfora para falar da boa recepção que a obra teve no país de origem, inclusive destacando-se no Oscar.

O protagonista no inicio da trama mostra-se um pai insensível, que deseja ter relações sexuais com a amiga da filha, que ainda está no colegial. Sua personalidade piora quando se vicia em drogas. Mas melhoram quando larga o emprego e, finalmente, pode se sentir livre de algo frustrante e destrutivo, a sua carreira profissional. Diante de uma atitude irresponsável ele passa a descobrir seu interior que estava morto até o momento. Também ele se redime de certo modo ao saber que a amiga da filha ao contrário do que dizia era virgem e, então, nega-se a tirar a sua virgindade. Porém, nesse momento já não importa tanto sua humanização, já que a morte logo vai lhe encontrar novamente, desta vez, definitivamente.
Como falamos da amiga da filha do protagonista devemos citar o tipo americano ilustrado pela personagem. Uma típica patricinha do colegial, líder de torcida e que se diz desejada por todos os homens, mostra-se segura, dona de uma auto estima elevada e experiente sexualmente. No entanto, sua mascara cai quando o vizinho da amiga não a deseja. E, por fim, quando confessa sua virgindade e insegurança ao pai da amiga no momento em que está prestes a ter uma relação sexual com o homem.
Já a filha é uma rebelde americana, com lápis preto no olho e tom melancólico. Culpa os pais pela sua condição e não faz nada para mudar as circunstancias em que se encontra. Droga-se com a amiga e envolve-se com um tipo de garoto com histórico conturbado.
O garoto filma a vizinha escondido, até que ela descobre e não o repreende, mas sim inicia um relacionamento com o rapaz. Ele é o tipo tímido que na verdade esconde muita coisa em seu silencio: vende drogas, fala com o pai como um soldado e acha interessante que o mesmo tenha a louça usada por Hitler, mostrando para a garota na tentativa de impressioná-la.
O pai do jovem é o tipo de americano que serviu no exército e se orgulha em deixar claro o seu passado a todos. Trata o filho como se fosse um subordinado e ignora a loucura da esposa. Além de destruir a própria família com seu autoritarismo e preconceito. Tudo isso por esconder a atração pelo mesmo sexo.

Os únicos personagens que não demonstram vestir máscaras são os que dão vida ao casal gay da vizinhança e que sofre preconceito do ex-militar homofóbico. Afinal, para aquela sociedade “conservadora” não usar uma máscara da típica família feliz no porta-retrato chega a ser uma doença social.
E, finalmente, sabe aquela casa branca com jardim cultivado pela dona do lar, o jantar em família todas as noites sem exceções...? Os personagens de “Beleza Americana” até podiam ilustrar e quem sabe protagonizar algum comercial de margarina. Mas quando olhamos de perto, a percepção torna-se muito mais complexa com aspectos extremamente preocupantes, em uma sociedade que vive de aparências, sufocando uma verdade que deveria estar sendo tratada e não camuflada.
FICHA TÉCNICA
Título original: American Beauty
Lançamento: 1999 (EUA)
Direção: Sam Mendes
Atores: Kevin Spacey, Annette Bening, Thora Birch, Wes Bentley.
Duração: 121 min
Ou seja... todo mundo é louco! rs O último parágrafo resume muito bem todo o sentido do filme. São apenas pessoas que vivem de aparências e julgam os outros sem se perguntarem se estão ou não aptos para fazer tal coisa.
ResponderExcluirAdoro este filme e sempre dá uma boa discussão :D
Ótimo texto Aline!
p.s.: Ah, acabei de ver o teu comentário em meu blog... É, eu não curti muito "A Garota da Capa Vermelha", achei beeem fraquinho! rs
p.s.: Assista "Por um sentido na vida". Tenhocerteza que irá gostar!
[]s
Esta dentro do meu livro-A fraude de Freud e o dr Cinema- em que as vezes o Cinema é tanto ciencia como a Psicanalise.E a Beleza Americana -é a propria Caverna de Platao-outro livro -O filosofo de Jatai e a Caverna de Platao.
ResponderExcluirÉ uma ótimo filme com ctz. Vou assistir "Por um sentido na vida", fiquei bem curiosa...
ResponderExcluirVou procurar esses livros, para analisar um filme é sempre indispensavel dominar um pouco da psicanalise e confesso que estou em falta :(
Mais uma vez meu mto obrigado pelos comentarios =*
FILME MUITO BOM. PENA QUE JA ASSISTI MUITAS VEZES E NAO CONSIGO ASSISTIR MAIS DIREITO. ACHO QUE FORAM MAIS DE 20. SERIO MESMO.
ResponderExcluirE no que essa realidade é diferente do Brasil, Artigo imbecil
ResponderExcluir