"A NOSSA LINGUAGEM CRIA O MUNDO."

quarta-feira, 20 de abril de 2011

500 DIAS COM ELA



"500 Dias Com Ela" é uma comédia romântica, diferente dos clichês que vemos distribuídos na industria cinematografica. É suave, romântica, introspectiva, fascinante... O último adjetivo é o mais intenso, pois é por meio do fascínio que entramos na história e passamos a nos identificar com os personagens, tanto o espectador que não deseja se prender a um rótulo, chamado namoro, como Summer quanto os que como Tom sonham com um relacionamento concreto, mas o que isso significa?
O filme inicia com uma narrativa que demonstra como a personalidade dos protagonistas se constituiu. Ilustra-se a descrença da felicidade cultivada por Tom, influenciada pela triste música pop britânica e a má compreensão de um filme, representando a ação da mídia sobre os jovens e como a percepção de algo pode formar o individuo. Isso surge novamente no fim da obra, quando Tom tem um surto afirmando que os cartões, os filmes e as músicas pop são culpados pelas mentiras, pelos desgostos. Já Summer, desde a separação dos pais passa a se preocupar apenas com o cabelo, como ele é bonito e a facilidade que pode ser cortado sem que se sinta nada, uma metáfora do que ela se torna, uma mulher que tenta viver o lado bonito da vida com indiferença, ou seja, sem sentir nada.
Então, abrem-se dois quadros, mostrando Tom e Summer quando crianças, como se fossem vídeos caseiros. Nesse momento, percebemos que ambos eram igualmente alegres, sem as ideologias adquiridas com o tempo.
Tom acredita no amor à primeira vista e quando vê Summer tem a certeza de que ela é a mulher certa, aquela presenteada pelo destino. Porém, a garota nem ao menos acredita no amor, afirmando que se trata de fantasia. Ela consegue encontrar coisas melhores em ficar sozinha do que presa a uma relação. Em certo momento a garota questiona Tom, perguntando lhe o que ela estava perdendo, então ela recebe a afirmação de que saberá quando sentir. No momento ela não é convencida por ele, mas algo mudará com o tempo.
O relacionamento inicia por intermédio de Summer que se mostra mais segura e decidida do que Tom, que até então vinha sofrendo em um sentimento platônico em meio às neuroses, que apenas seus amigos eram testemunhas.
Após a primeira noite juntos, o jovem sai de casa pela manhã. A cena demonstra muito bem o aumento de auto-estima do personagem, desde a música e a movimentação de Tom, até o seu reflexo de galã no vidro de um carro. A cena transforma-se em um musical, que em seguida ganha um elemento de animação, fazendo referencia aos outros gêneros do cinema.
Porém, a diegese logo passa por uma transição, mostrando um Tom deprimido, nos dando o inicio da dicotomia que será o filme, idas e vindas, alegrias e frustrações sentimentais que ocorrem em meio aos 500 dias citados no título.
O jovem romântico é um arquiteto frustrado que não consegue atuar na área, por isso contenta-se com o emprego de escrever cartões. O olhar de arquiteto surge muitas vezes de maneira poética, por exemplo, na cena em que olhamos os prédios de baixo para cima e percebemos a beleza em praticar esse olhar. Depois vemos o lugar predileto de Tom, que é o banco de uma praça com vista para vários prédios e percebemos a beleza arquitetônica, a história, a luz, a criação. Criação esta valorizada quando ele desenha os prédios no braço da amada, nos chamando a atenção para o processo criativo.
O arquiteto consegue derrubar a parede na qual Summer se esconde, a parede da distância, do espaço, do casual... Tom estava no seu mundo. Um lugar que poucos foram convidados a ver. E lá estava Summer querendo ele e mais ninguém, mas será que era suficiente?
Os relacionamentos sem rótulos ganham espaço, levando-nos a refletir sobre qual é o verdadeiro propósito de um relacionamento, será necessário construir um nome para o que simplesmente vivemos? Namoro? O que isso significa? Apenas um conjunto de regras que passamos a cumprir severamente, cobramos e somos cobrados. Uma grande rotina que mais destrói do que faz bem.
A cena do casal no cinema e logo na seqüência o jovem sozinho no local, mostra como a vida é mutável, um dia estamos com alguém, o que não significa que amanhã as coisas serão iguais. Mas o que mais chama a atenção é a identificação de Tom com o personagem da tela, justamente o motivo pelo qual assistimos a filmes, lemos livros e analisamos a sociedade, sempre procurando uma identificação com o outro, para que possamos nos sentir menos sozinhos.
Em certo momento o protagonista nos faz o seguinte questionamento: “Já fez isso? Pensa nos momentos que já teve com alguém, repete-os na sua cabeça, várias vezes seguidas. Procura pelos primeiros sinais de problema? Ele diz que só pode haver duas opções. Ou ela é um ser humano mau, sem sentimentos e miserável, ou é um robô. Mas ele esquece da terceira opção, talvez ela não o ame o suficiente.
Tom acreditava que suas expectativas iriam se alinhar com a realidade. A crença do personagem é representada pelos quadros que são expostos, um onde as cenas ocorrem de acordo com suas expectativas e o outro com o que está acontecendo na realidade. Ao ver que Summer está noiva, então suas expectativas são quebradas, ou seja, o quadro desaparece.
Quando o jovem encontra-se no fim do poço ele é convidado a olhar a relação por outra percepção, relembrar os momentos ruins. Já que uma mesma situação pode ser vista de diversas formas, ou seja, tem uma mesma representação e distintas percepções.
A história de amor pode não ter um final feliz para eles juntos, mas ambos aprendem muito um com o outro. Summer descobre que o amor existe, ela só não havia sentido, como Tom havia lhe dito. Infelizmente, não foi com ele, como desejava. O jovem percebe que não existe destino e sim coincidência, que como o narrador nos diz, “a maioria dos dias do ano é comum. Eles começam e terminam sem nenhuma memória durável nesse tempo. A maioria dos dias não tem impacto no decorrer da vida”.

FICHA TÉCNICA


Elenco: Zooey Deschanel, Joseph Gordon-Levitt, Minka Kelly, Clark Gregg, Geoffrey Arend, Chloe Grace Moretz, Matthew Gray Gubler.

Direção: Marc Webb

Gênero: Comédia Romântica

Duração: 95 min.

Distribuidora: Fox Film

5 comentários:

  1. A melhor comédia romântica em muitos anos. Fofo, fofo, fofo!

    http://cinelupinha.blogspot.com/

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  2. Assim como disse o Rafael, é a melhor comédia romântica dos últimos anos. Tudo no filme é bacana e agradável. Excelente filme!!! Assisto sempre :D

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  3. MELHOR romance EVER *____*

    http://bownilha.blogspot.com

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