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sábado, 15 de junho de 2013

STOKER - SEGREDOS DE SANGUE



Stoker, é a estreia hollywoodiana do diretor coreano Park Chan-wook. Conhecido por relacionar sexo e violência como consequências/dependências, não desvia seu foco no roteiro de Wentworth Miller e Erin Cressida Wilson.
 
India Stoker (Mia Wasikowska) perde o pai em um aparente acidente de carro no dia em que completa 18 anos. Perante os padrões sociais, após os 18 anos ela se torna adulta e perante as circunstâncias ela deve se tornar independente.

Na cena que introduz Segredos de Sangue, título brasileiro, sabemos que India anseia ser resgatada, completada, é como se a saia que veste e que voa ao vento falasse as palavras proferidas pela protagonista, que usa o cinto do pai, a blusa da mãe, os sapatos do tio e a saia que pressupõe-se ser dela. Ela tem muito de sua família, mas a sexualidade a pertence.

A personagem de Wasikowska encontra-se deslocada, o seu mundo (sua casa) é representado como se existisse em outra época. Sentimos certo estranhamento quando o tio da moça diz que 1994 foi o ano em que ela nasceu, pois até, então, não tínhamos referência de datas e também estavamos temporalmente deslocados. O cenário da escola de India apresenta explicitamente uma personagem em deslugar, que é perseguida por não fazer parte da representação comum de sujeitos.  

Presa em um lugar que não a pertence, ela acredita encontrar a liberdade no mundo adulto, durante toda a narrativa a personagem vai despindo-se de ingenuidade e conhecendo o prazer, que nem sempre se encaixa aos padrões paradigmáticos.

India conhece o prazer e a dor, paradoxos que acompanham a vida dos adultos, que não escolhem ser bons e maus, apenas são o que precisam ser.

Park Chan-wook, toca na ferida em que desejo é pecado, logo a prática do mesmo leva a punição, uma crítica a cultura puritana, em que opressão e hipocrisia caminham com os bons costumes.

“Assim como a flor não escolhe a sua cor, não somos responsáveis pelo que viemos a ser. Quando se dá conta disso, você se liberta. E se tornar adulto é ser livre.” Não somos responsáveis pelos nossos desejos, mas assumi-los é ter maturidade para ser livre.
 

P.S Um filme rico de significados semióticos, introduzidos em uma estética bem construída, que nos deixa sem saída a não ser usar um adjetivo para defini-la: encantadora. Vejam, interpretem e, também, encontrem referências aos filmes de Alfred Hitchcock.


FICHA TÉCNICA
 
 
Original: Stoker

Direção: Chan-wook Park

Roteiro: Erin Cressida Wilson, Wentworth Miller

Produtores: Bergen Swanson, Michael Costigan, Ridley Scott

Elenco: Matthew Goode (Uncle Charlie Stoker)

Mia Wasikowska (India Stoker)

Nicole Kidman (Evelyn 'Evie' Stoker)

Alden Ehrenreich (Whip Taylor)

Dermot Mulroney (Richard Stoker)

Jacki Weaver (Aunt Gwendolyn 'Gin' Stoker)

Judith Godrèche

Lucas Till (Chris Pitts)

Phyllis Somerville (Mrs. McGarrick)

Ralph Brown (Sheriff Howard)

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