Stoker, é a estreia hollywoodiana do diretor coreano
Park Chan-wook. Conhecido por relacionar sexo e violência como
consequências/dependências, não desvia seu foco no roteiro de Wentworth Miller
e Erin Cressida Wilson.
India Stoker (Mia Wasikowska) perde o pai em um
aparente acidente de carro no dia em que completa 18 anos. Perante os padrões
sociais, após os 18 anos ela se torna adulta e perante as circunstâncias ela
deve se tornar independente.
Na cena que introduz Segredos de Sangue, título
brasileiro, sabemos que India anseia ser resgatada, completada, é como se a
saia que veste e que voa ao vento falasse as palavras proferidas pela
protagonista, que usa o cinto do pai, a blusa da mãe, os sapatos do tio e a saia que pressupõe-se ser dela. Ela tem muito de sua família, mas a sexualidade a
pertence.
A personagem de Wasikowska encontra-se deslocada, o
seu mundo (sua casa) é representado como se existisse em outra época. Sentimos
certo estranhamento quando o tio da moça diz que 1994 foi o ano em que ela
nasceu, pois até, então, não tínhamos referência de datas e também estavamos
temporalmente deslocados. O cenário da escola de India apresenta
explicitamente uma personagem em deslugar, que é perseguida por não fazer parte
da representação comum de sujeitos.
Presa em um lugar que não a pertence, ela acredita
encontrar a liberdade no mundo adulto, durante toda a narrativa a personagem
vai despindo-se de ingenuidade e conhecendo o prazer, que nem sempre se encaixa
aos padrões paradigmáticos.
India conhece o prazer e a dor, paradoxos que
acompanham a vida dos adultos, que não escolhem ser bons e maus, apenas são o
que precisam ser.
Park Chan-wook, toca na ferida em que desejo é
pecado, logo a prática do mesmo leva a punição, uma crítica a cultura puritana,
em que opressão e hipocrisia caminham com os bons costumes.
“Assim como a flor não escolhe a sua cor, não somos
responsáveis pelo que viemos a ser. Quando se dá conta disso, você se liberta.
E se tornar adulto é ser livre.” Não somos responsáveis pelos nossos desejos,
mas assumi-los é ter maturidade para ser livre.
P.S Um filme rico de significados semióticos, introduzidos
em uma estética bem construída, que nos deixa sem saída a não ser usar um
adjetivo para defini-la: encantadora. Vejam, interpretem e, também, encontrem
referências aos filmes de Alfred Hitchcock.
FICHA TÉCNICA
Original:
Stoker
Direção: Chan-wook Park
Roteiro: Erin Cressida Wilson, Wentworth Miller
Produtores:
Bergen Swanson,
Michael Costigan, Ridley Scott
Elenco: Matthew
Goode (Uncle Charlie Stoker)
Mia
Wasikowska (India
Stoker)
Nicole
Kidman (Evelyn 'Evie' Stoker)
Alden
Ehrenreich (Whip Taylor )
Dermot
Mulroney (Richard Stoker)
Jacki
Weaver (Aunt Gwendolyn 'Gin' Stoker)
Judith
Godrèche
Lucas Till
(Chris Pitts)
Phyllis Somerville (Mrs. McGarrick)
Ralph Brown (Sheriff Howard)
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