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domingo, 3 de março de 2013

OS FAMOSOS E OS DUENDES DA MORTE

  
Uma geração que sentou em frente ao computador e nunca mais conseguiu levantar-se, simplesmente, porque nunca encontrou um motivo.
Os Famosos e os Duendes da Morte, primeiro longa-metragem do diretor Esmir Filho, retrata um protagonista sufocado pela pequena cidade, vivendo um conflito entre tradição e tradução, angustiado pelos sentimentos lançados por uma ponte, o elo entre dois espaços separados, geralmente simbolizando a comunicação e união entre o céu e a terra, na narrativa em questão, a vida e a morte.
Em frente ao computador, o protagonista vive os seus sonhos em segredo. Vive de memórias arquivadas, alimentando-se de vídeos antigos postados no blog de Jingle Jangle. Quando alguém vai embora deixa a sua arte, seja postada na internet, alguma ideia boba que um dia a gente decorou ou o amor no peito adoecido.
No seu blog, Mr Tamborine Man, ele diz: “Ela não tinha pernas, não precisava de ninguém para ir embora”. Ela não podia sair daquele lugar, mas deu o seu jeito para fugir de tudo que aquilo representava.
O jovem também quer sair daquele mundo, deixar as estrelas no teto do seu quarto, para voar e ver o céu de verdade. Às vezes é necessário criar novas raízes, e para isso E.F (alguém com quem conversa no bate-papo) o convida para o show de Bob Dylan, sugerindo que “longe é o lugar onde a gente pode viver de verdade”. Com essa proposição o personagem traça como meta sua ida ao show.
Completamente deslocado sem que ninguém perceba, evidenciado explicitamente no jogo de futebol na escola, o garoto torna-se invisível na neblina da cidade, assim como muitos outros moradores da região, que em meio aos sentimentos anônimos escolhem o caminho da ponte.
É nesse clima de melancolia que o protagonista perdido em sua existência, prossegue com a vontade de que tudo acabe. O jovem sabe o que é perder pessoas, mas nunca perdeu seus sentimentos, o que lhe deixou perdido em um mundo indiferente ao que nele habita. A cidade que já perdera muitos habitantes, segue em frente em meio as festas que exaltam as tradições (passado), esquecendo-se do vazio que se tornou, o que existiu, simplesmente, não existe mais. Cada um escolhe como seguir em frente, cada um fingindo ao seu modo.
“Ele ficava andando no meio do mato, no meio da plantação. Todo mundo falava que ele era louco, eu também. Mas hoje eu entendo ele. Ele encontrou uma saída.”
 
FICHA TÉCNICA

                                                   
Direção: Esmir Filho
Roteiro: Esmir Filho e Ismael Caneppele
Elenco: Henrique Larré, Ismael Caneppele, Tuane Eggers, Samuel Reginatto, Áurea Baptista
Brasil - 2009 - 101 - Drama

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