O curta-metragem “Rifa-me” (http://vimeo.com/17199696), de Karim
Aïnouz, baseado em uma notícia de jornal, foi o ponta pé inicial para a
produção de “O Céu de Suely” (2006).
Você
me fez sonhar
Trouxe a fé que eu perdi
E nem
eu mesma sei porque
Eu só
quero amar você
Tudo
que eu tenho meu bem é você
Sem
seu carinho eu não sei viver
Tudo
que eu tenho meu bem é você
Volte
logo meu amor.”
(Se tudo que ela
tinha era ele, quando ele se foi ela deixou de ser, para tornar-se a espera do
que um dia foi.)
Em seguida, acompanhamos, Hermila
(Suely), em um ônibus de viagem, voltando para Iguatu, pequena cidade do
interior do Ceará. Com uma criança no colo, ela volta para a terra natal à
espera de alguém que nunca chega.
Segundo o diretor, quem saiu do
Nordeste está voltando para casa. Hermila representa a volta do emigrante, que
nesse processo perde-se de suas raízes. A mecha no cabelo, que é sempre notada pelos moradores da cidade, compõe a mudança estabelecida em sua
partida.
A protagonista sente-se sufocada e
arquiteta um plano para sair do lugar que nada representa. Ela só quer ir para
o lugar mais longe que puder. Esse é o típico sentimento de quem quer ficar
longe dos próprios sentimentos e acaba culpando a geografia pelas
lembranças doloridas.
Quando Hermila deixa a cidade (e o filho, pois
não pode leva-lo para lugar nenhum)
passa pela placa “Aqui começa a saudade de Iguatu”, percebemos que mesmo
sentindo a dor por deixar algo para trás, é preciso seguir em frente.
Não adianta prender-se as coisas que nos pertencem se não pertencemos a elas. Isso explica o fato dela não se apegar ao amor de João, o amor dele a
pertencia, mas o amor de Hermila nunca pertenceria a João.
A locação de “O Céu de Suely” traduz
as cenas em ação. O mais interessante é que a personagem de Hermila não diz e
sim inclui o que sente. O que enriquece o filme e nos leva a comoção de uma
personagem perdida em meio ao calor do Ceará e ao frio do coração.
FICHA TÉCNICA
O Céu de Suely
Brasil, 2006
Drama - 90 min.
Direção: Karim
Aïnouz
Roteiro: Karim
Aïnouz, Felipe
Bragança,
Maurício Zacharias
http://vimeo.com/17199696
Nenhum comentário:
Postar um comentário