Será que podemos
conversar? Eu passo um café se você quiser entrar. Agora me dou conta que você
nunca provou o meu café, nem o meu bolo de chocolate (nem sei se você gosta de
bolo de chocolate, mas o meu é o melhor e você nem sabe), eu nunca te fiz
uma sopa em um dia de inverno (eu colocaria todas as verduras que você gosta,
mesmo que eu tivesse que separa-las no meu prato, porque eu não como esses
matinhos verdes), nem passei a sua camisa, mesmo que você não passe roupas eu
passaria a sua (eu passo bem roupas, mas essa eu passaria melhor ainda) – (eu
conversaria quando você estivesse com vontade e ficaria em silêncio quando você
cansasse de falar.)
Coisas do
cotidiano que nunca vivemos juntos. Tão difícil pensar que coisas simples são
privadas por complicação humana. Pelo menos ainda somos humanos, tortos,
confusos, amados, apaixonados, bonitinhos, tão bonitinho quando você dorme (e
eu fico acordada só para ouvir você roncar e eu acho tão agradável - nem ligo
de estar sonolenta pela manhã e quando você diz que acordei cedo eu concordo,
mas eu nem dormi, não queria perder nem um minuto da noite que dormi com você – e agora não entendo porque casais reclamam do ronco um do
outro, é tão bom constatar que alguém dorme ao seu lado), tão sexy quando você
tira a roupa e eu tão nervosa porque eu não quero estragar nada quando vale a
pena, tão quentinho quando estou embaixo do seu edredom, tão acolhedor quando
você me empresta a toalha de banho e tão distante quando você não me abraça,
tão confuso quando eu vou embora, tão dolorido quando recebo a próxima SMS (e
eu acabo).
E cada vez que
essas palavras escorregam eu fico mais vulnerável, eu fico menor e maior de um
jeito tão doído quanto é gostar de alguém tão doido quanto as palavras
desajeitas de tão doídas, porque se não fosse tudo doido não seria tão doído e eu não seria doida.
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