Sou uma grande
admiradora de produções cinematográficas brasileiras, ao contrario de uma grande
parcela da população que vê Cinema Nacional como um gênero, em que as únicas
produções existentes são aquelas divulgadas pelo Vídeo Show ou no comercial da
novela das nove.
Eu sou assim com
a TV, não assisto tudo que produzem e digo que não gosto. Acho que eu estou
mais certa do que o pessoal que não gosta de Cinema Brasileiro, cada um
defendendo seu lado, não é?
Nos últimos
tempos descobri que a MTV estava produzindo a série “A Menina Sem Qualidades”,
confesso que me chamou a atenção porque parecia um teaser de filme para a tela
grande (http://www.youtube.com/watch?v=ZeEqzEW7aYY). O cinema indo para a TV, será a salvação?
O fato é que
fiquei instigada. Deu uma vontade de assistir TV. Decidi investigar, para
descobrir se não estava caindo em uma armadilha. Descobri que se tratava de uma
adaptação do romance alemão, Spieltrieb, da autora contemporânea Juli Zeh, que
já ganhou uma versão cinematográfica na Alemanha, onde estreará em outubro
deste ano e também uma versão teatral. E quem seria o responsável pela
adaptação brasileira? Felipe Hirsch, cara do teatro e do cinema, já recusou
trabalhos na TV por falta de liberdade criativa, aquele velho debate da indústria
cultural. Tive contato com o seu trabalho no filme Insolação. Não entrou na
lista “filmes para a minha vida”, mas foi possível ver que ali há potencial,
existe arte, vida. Finalmente, é preciso conhecer os atores, Bianca Comparato,
Rodrigo Pandolfo, que está no filme “Eu
Não Faço a Menor Ideia do Que Eu Tô Fazendo Com a Minha Vida”, de Matheus Souza
(aguardamos ansiosamente a estreia) e Javier Drolas, o protagonista do lindo
filme argentino Medianeras.
Enfim, estava
convencida de que a série me impressionaria. Aguardei a estreia e ontem sentei no
sofá da sala. Com a possibilidade de escolher o que ver na internet, é dificil praticar esse "ritual".
PRIMEIRO
EPISÓDIO
Aos quatro anos
Ana perde o pai, é criada por uma mãe jovem, que se divide em cuidar da filha e
viver os últimos tempos de juventude. A relação com o padrasto é boa, mas
quando a mãe separe-se ele deixa o vinculo estabelecido socialmente com Ana.
A primeira cena
é a típica apresentação de primeiro dia de aula, em que o professor solicita
que os alunos digam quem são. A adolescente, de dezesseis anos, questiona o
professor, nos contesta, para ela há uma verdade absoluta, pois não há dois
pontos possíveis para as mesmas coisas. Em tempos em que tudo é relativo e por
isso fácil de descartar, qualquer um pode criar uma nova verdade quando convém.
Domar
X Educar
Ana busca e
encontra conhecimento na leitura, mas segundo o diretor da escola, ela não está domada, ou seja, a educação
ainda precisa manipular o seu conhecimento.
A primeira
desilusão amorosa acontece e a menina que contava as histórias que conhecia nos
livros, para a namorada, deve aprender a ler histórias sem precisar contá-las a
ninguém. A solidão é assim, viver histórias não compartilhadas.
Os livros
compartilham histórias com Ana. Ela ouve do professor que compreendendo certos
livros compreenderá tudo. A leitora que já conheceu tantos livros, será capaz
de compreender a si mesma?
É como se a câmera dançasse com a trilha.
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