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domingo, 13 de março de 2011

CORPOS CELESTES


“Corpos Celestes” é um filme dirigido por Fernando Severo e Marcos Jorge. A obra é uma adaptação de dois curtas-metragens, “O Telescópio” e “O astrônomo e a Prostituta”. As duas histórias adaptadas para o longa ganham maior intensidade, já que podemos entender a constituição da personalidade de Francisco pelo seu passado.
Não é nenhuma surpresa que o garoto tenha se tornado um homem, profissionalmente, bem sucedido, já que sempre demonstrou interesse, curiosidade e esperteza no que diz respeito a sua paixão pela astronomia. Preste atenção que a motivação pelo trabalho tem como responsável o amor pelo espaço em uma dicotomia entre o grandioso e o que de pequeno ele abriga.
A história também passa por uma transição entre o interior (do Paraná) e a Capital (Curitiba), onde podemos perceber a diferença do personagem ao viver uma vida simples em uma cidade pequena e depois sua postura diante da figura reconhecida da cidade grande. Podemos entender como uma metáfora, em que a mensagem é valorizar as coisas simples da vida. Isso, ainda, fica mais nítido quando o enredo aproxima-se do fim e Francisco afirma que quem se deu bem na vida é o seu irmão, homem simples, dono de uma borracharia e pai de família. Aparentemente, quem conseguiu se tornar um grande homem foi Francisco, porém verifica-se que tudo não passa de percepções distintas do que seria “se dar bem na vida”.
“Diana” é a única pessoa com quem Francisco consegue interagir realmente, mas mesmo assim ele parece um pouco indiferente, já que não se importa com os mistérios de sua vida. Talvez esse aspecto demonstre a fragilidade existente no homem que prefere não saber todas as verdades, já que elas podem ser cruéis.
A fotografia e a Direção de Arte fazem um grande trabalho, criando um clima fascinante, juntamente, com a história que encanta e sensibiliza o público. O interior do Paraná e a Capital Curitibana ganham um tratamento especial que contribui para que possamos ver um grande cenário real que enriquece a ficção.
Para os paranaenses em especial o filme vai causar grande emoção, já que não é comum vermos os espaços que fazem parte de nossas vidas na tela do cinema, como por exemplo, a escadaria da Universidade Federal do Paraná, lugar onde todo curitibano, certamente, deve ter vivido um episódio de sua vida e no momento em que a vê na tela tem um rápido flashback. A viagem de táxi também deixa o espectador curioso olhando pela janela do carro tentando reconhecer cada lugar por onde passa.
O final da obra deixa um ponto de interrogação no espectador. Porém, não há motivo algum para tal feito, pois o que vemos é uma volta ao passado para que o personagem possa destruir as lembranças que o atormentaram durante toda sua vida até então. Podemos interpretar a quebra do telescópio e o surgimento do espaço como a representação de que a partir dali aqueles problemas sofridos por Francisco se tornariam invisíveis diante do que ele ainda tinha a explorar na imensidão do universo.
Enfim, Corpos Celestes, é uma grande obra cinematográfica nacional, que nos lembra muito as produções européias. Não é em vão que o filme levou o prêmio de Melhor Fotografia no Festival de Gramado e mais cinco premiações no Festival de Goiânia, Trilha Sonora, Direção de Arte, Fotografia e Ator Revelação. Certamente, sua riqueza artística não para por aí, já que a sua maior função é a de fazer o espectador refletir sobre o que é ser alguém, qual o verdadeiro objetivo de ser um pouco mais que nada em um universo e tão significativo em uma sociedade. Será a inteligência uma maneira de fugir do simples? Será tão importante saber algo teórico ou praticar a vida que nos cerca? O que realmente vale à pena? As ciências exatas podem tornar-se parte das ciências humanas? Eis, que essas reflexões são indispensaveis diante da obra Corpos Celestes.

FICHA TÉCNICA


Gênero:Drama

Duração: 91 min

Ano de lançamento: 2011

Site oficial: http://www.corposcelestes.com.br/

Distribuidora: Panda Filmes

Direção: Marcos Jorge e Fernando Severo

Roteiro: Carlos Eduardo Magalhães, Mário Lopes, Fernando Severo e Marcos Jorge, baseado em argumento de Marcos Jorge.

Produção: Cláudia da Natividade

Música: Ruriá Duprat

Fotografia: Kátia Coelho

Direção de arte: Daniel Marques

figurino: Zenor Ribas

Edição: Caio Cobra e Mark Robin

5 comentários:

  1. Nossa, pelo visto é mesmo bom! Estava com os dois pés atrás com esta produção. Irei ver no cinema se possível :)

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  2. Achei FANTASTICO, foi indicação da coordenadora da pós de cinema da UTP, sabado vai ter uma palestra com o diretor, provavelmente eu faça um novo post com novas ideias depois disso...
    Mas assista, acredito que vc não vai se arrepender.

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  3. Eu preciso ver este, Aline.

    Interessante que dois amigosm e falaram dele, ontem. Agora soma-se ao seu ótimo texto pra despertar ainda mais minha vontade, rs.

    Aliás, seu espaço é excepcional - já sigo e linkei ao meu blog, tá?

    Vou te lendo e comentando, aos poucos.

    Abraço!

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  4. Isso mesmo, assista e dê sua opinião, acredito que será positiva. Confie nos seus amigos, hahaha
    Fiquei mto feliz com o elogio, estou tentando fazer o melhor.
    Comente sempre que puder.
    Também já sigo o seu blog que é ótimo. Mais uma vez muito obrigada.

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