“Um Lugar Qualquer” é o novo filme de Sofia Coppola, que trata do vazio existencial e do tédio causado pela futilidade, como reflexo do esquecimento das coisas simples da vida.
Percebemos que Johnny Marco, protagonista, esquece de sua tristeza quando encontra a simplicidade, coisas que ele poderia conquistar com pouco dinheiro e sem ser um ator de Hollywood, como por exemplo, jogar Nintendo wii. Já quando está cercado do glamour passa a desempenhar o papel de uma pessoa calada, desmotivada, nitidamente, insatisfeita.
![](https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiUgECBaljRCEGs_FxjhtLFFQ2pbPySnK4SvR8FXGG-wOlD0xnEC25S7GGygtZi7YpAQ96jIu2UBI0OuIdL9r64dPy-nah9ZepumvyBDq1PTQDO_tWEdTTgcCzspR2h_uJUes8DqWVsnxu0/s320/Um-Lugar-Qualquer-02-12-2010_19.jpg)
Os poucos diálogos ajudam a percepção do espectador se construir com maior intensidade em detalhes, já que ficamos atentos a todos os sinais, tentando entender a representação de cada movimento de câmera, de cada expressão do personagem, etc.
O personagem participa de festas, tem relações com todas as mulheres que deseja e é atendido ao estalo de dedos. Mas não se dá conta de que conseguir tudo sem o menor esforço torna entediante todas suas atividades. Motivo de tantas pessoas ricas cultivarem a depressão.
A câmera focada em uma imagem se movendo, lentamente, dá tempo para que o público possa refletir sobre a obra e a rotina existencial. Além de mostrar como o interior do personagem se move, lentamente, sem ansiar a busca pela felicidade.
O enredo não tem um final surpreendente ou um feliz para sempre. Marco termina, justamente como iniciou. O espectador sabe desde o inicio que o desfecho vai ser desse modo, já que o personagem não busca uma cura para o que sente, apenas sente. Por esse motivo trabalha-se com a Ferrari andando em círculos no início da obra e no fim, estando no mesmo lugar de antes, como se o personagem sempre voltasse ao mesmo ponto.
Ainda, Coppola usa muitos elementos para enriquecer uma obra que, inicialmente, não tem um enredo impressionante, mas que junto a todos os recursos torna-se elegante, encantador e reflexivo. Temos as strippers que dançam pole dance ao som de rock’n’roll, com a câmera funcionando como os olhos do protagonista. A apresentação de patinação no gelo, que é dada de presente ao público, ao som de Gwen Stefani, encanta nossos olhos. Sofia, também, recorre ao popular, com o intertexto, incluindo na fala da adolescente, interpretada por Elle Fanning, a narração da história de Crepúsculo, para seu pai, sem citar o nome do livro, mas que logo identificamos e por algum motivo torna-se cômico. Além da premiação em que Marco participa e você é tão surpreendido quanto ele.
Assim, se dá mais um belíssimo filme em que Sofia Coppola, consegue usar o mal do século para construir uma grande obra de arte. Porém, é importante advertir que algumas pessoas podem achar o filme chato e maçante, encontrando o tédio antes que a obra alcance seu fim.
FICHA TÉCNICA
País / Ano: EUA / 2010
Duração: 97 minutos
Direção: Sofia Coppola
Elenco: Stephen Dorff, Elle Fanning, Michelle Monaghan, Laura Ramsey
Censura: 14 anos
Vencedor do Leão de Ouro no Festival de Veneza.
Nenhum comentário:
Postar um comentário