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segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

VERONIKA DECIDE MORRER




Digamos que a “elite intelectual” costuma ver com maus olhos as obras que carregam o nome de Paulo Coelho. A análise em questão não tem o intuito de comprovar ou não se suas obras são dignas de criticas negativas ou positivas. O que vamos analisar é a adaptação cinematográfica de sua obra homônima “Veronika decide morrer”. Uma obra rica em reflexões contemporâneas, focada no que podemos chamar de mal do século, a depressão.
O filme inicia com a narração de Veronika que prevê sua vida (a vida igual de todo mundo) e não sente felicidade em saber o seu futuro, mas sim uma grande frustração.
A vida de Veronika resume-se em um bom trabalho (considerado pela sociedade), assistente executivo contável, tem um padrão de vida estável, seu próprio apartamento e muitos antidepressivos.
Veronika não encontrando sentido para uma vida previsível decide morrer. Então, com a intenção de ter uma overdose, toma vários de seus comprimidos. Ao iniciar os sintomas de que a morte se aproxima, Veronika, vai para frente do computador (nos dias atuais passar os últimos minutos de sua vida acessando a internet também é previsível, não?) e começa a escrever para seus pais, por fim desiste. Ela manda um email, para uma empresa, dizendo que prefere se matar a participar da loucura coletiva em que vivemos, criticando a propaganda da mesma.
Porém, sua morte é frustrada e acorda em uma clinica psiquiatra, onde dão a noticia de que por causa do excesso de remédios ela desenvolveu um aneurisma e tem apenas algumas semanas de vida. Nesse momento, Veronika se preocupa com o tempo que tem, próprio do ser humano que vive tudo guiado pelo tempo e não pelo instinto.
O conceito de loucura é tratado por meio de uma história contada por uma colega de quarto de Veronika, que narra a história de um mago, tema recorrente nas histórias de Paulo Coelho.
No contexto da clinica psiquiátrica chama-se a atenção, também, para Eddie, um paciente que após perder a namorada em um acidente, cujo se sente responsável, deixa de se relacionar com as pessoas, por meio da fala.
O médico que coordena a clinica usa Veronika para curar o rapaz. Que ao se apaixonar por ela e ter medo de perdê-la encontra a motivação para voltar a se comunicar. Vejamos o que o psiquiatra diz a respeito da relação de Eddie com Veronika, ao ser indagado de que isso não faria bem a Eddie, já que Veronika iria morrer.


“Para perder alguém é preciso sentir primeiro uma ligação autêntica.”

Assim como Veronika passa a ser a salvação para Eddie ele também desenvolve essa função, pois os prazeres pelas coisas simples da vida afloram em Verônica por meio do desejo por Eddie.

Desse modo surge um diálogo, entre o médico e Veronika, importante para que o telespectador possa refletir sobre a obra e a vida.

“Dr. Blake: – O desejo se contrapõe ao medo. Hoje, muita gente substituiu quase todas suas emoções pelo medo. Quando todos têm sonhos, mas só alguns os realizam... isso torna o resto de nós covardes.

Verônika: - Mesmo se esses poucos estão certos?

Dr. Blake: - Especialmente nesses casos. Se todos realizassem seus sonhos este lugar estaria vazio.

Enfim, Eddie que até então se expressa apenas por meio de desenhos consegue se comunicar pela linguagem verbal. Veronika passa a ter vontade de viver e eles “fogem” juntos da clinica e encontram a felicidade nas coisas simples da vida.
O Doutor resolve seguir o conselho de uma ex-paciente/amiga e deixa o lugar onde se esconde do mundo (o trabalho) e vai “sentar no parque”.
O filme, então, termina com a narração de Dr. Blake, que diz que para a cura de Veronika ele usou do único remédio no qual tem fé: a consciência da vida, considerando cada dia um milagre, o que é mesmo.

“Se você fechar a porta a noite pode durar para sempre

Deixe a luz do sol lá fora e diga olá ao nunca

Todos estão dançando e estão se divertindo muito

Eu queria que isso acontecesse comigo...”

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