"A NOSSA LINGUAGEM CRIA O MUNDO."

terça-feira, 20 de agosto de 2013

A VOLTA PARA CASA


Ela sumiu durante um longo tempo, o suficiente para me viciar em tarja preta e começar a fumar. Tudo que eu fazia era para aliviar a ansiedade pelo fim dos dias. Não comia muita coisa além de chocolate e o único exercício que praticava era andar sem rumo, a metáfora, é claro, porque passava os dias deitado na cama e quando me levantava era para sentar na cadeira da escrivaninha, escrever algumas cartas suicidas e depois arquivar tudo com a esperança de que fossem encontradas e alguém mostrasse alguma preocupação. Ninguém se preocupou em encontra-las.
Um dia ela ligou, pediu para que eu fosse encontra-la. É claro que fui, passei tanto tempo procurando-a em redes sociais, perguntando para os amigos como ela ia, se falava de mim, se ainda tinha alguma foto minha em casa... Quando levantei senti algo tão bom, estava vivo, naquele momento era bom estar vivo, só para vê-la novamente. Estava nervoso, mas consegui escolher uma roupa rápido, tinha uma camisa nova que estava guardada para o dia que fosse encontra-la, achava que esse dia seria um encontro “por acaso”, mas foi melhor, ela queria me ver, nossos objetivos enfim conectados.
Na frente do portão bati palma sem parar, estava ansioso. Engraçado, como agora a ansiedade me deixava satisfeito, ela abriu a porta, estava com o cabelo diferente, igualmente lindo, o vestido que usava era tão bonito e me fazia querer tira-lo. Amava todo o seu corpo, nos últimos tempos me masturbei bastante pensando em todas as vezes que meus dedos a tocaram.
Pediu que eu entrasse, entreguei a garrafa de vinho e ela disse que não bebia mais. A ansiedade voltou a se tornar algo ruim, não tinha coragem de perguntar qual era o motivo da minha visita, mas precisava saber se poderia despi-la.
Entrou no quarto, quis que ela voltasse com a sua nova camisola transparente que comprou para hoje, ela sempre gostou de usar lingerie bonita, queria me deixar com tesão, mas ficava braba quando eventualmente eu rasgava o babydoll, porque ela me excitava.
Saiu do quarto com uma caixa de papelão, entregou-me, disse que Marcos iria mudar-se para lá e que não queria que o namorado encontrasse coisas do seu ex pela casa.
Daqui para frente não tenho mais o que narrar, voltei para casa, nunca mais vivi, mas continuei vivo para quem quisesse ver. 

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