"A NOSSA LINGUAGEM CRIA O MUNDO."

quinta-feira, 14 de julho de 2011

TUDO PODE DAR CERTO


É sempre complexo falar sobre uma grande obra, afinal sempre se espera produzir um texto a altura. Logo, comentar sobre um filme de Woody Allen causa certa dificuldade em expressar palavras que definam a imensidão de sua obra.
Pois bem, tentemos comentar sobre “Tudo pode dar certo” e que o título possa ser usado para a resenha em questão, que tudo dê certo.
O filme com o título original “Whatever Works”, algo como tanto faz, nos introduz na vida do alter ego do diretor, muitas vezes já representado na tela do cinema. Boris é o típico neurótico, intelectual e egocêntrico que sempre surge nos filmes de Allen, geralmente, interpretado por ele mesmo. Nessa obra Larry David dá vida ao personagem de maneira fascinante.
Boris conversa conosco, o público, e podemos perceber que somos os únicos que ele não despreza, não xinga e menospreza. Todos os personagens são medíocres, micróbios e burros demais para entender a genialidade de Boris. Ele culpa a sua dificuldade de socialização ao fato de ser superior a toda a humanidade.
Melody é uma jovem que entra na vida de Boris, julgada intelectualmente inferior ao personagem, é claro, afinal, ninguém é superior a ele, nem mesmo igual. No entanto, a sua “burrice” acaba encantando-o, algo que ele justifica como um amor irracional, pois racionalmente seria impossível, um gênio, que quase foi indicado ao premio Nobel, apaixonar-se por alguém tão insignificante intelectualmente.
Vejamos que Boris representa a classe de intelectuais que se tornam anti-sociais. Temos vários exemplos de artistas que se isolam da massa que vive feliz mergulhada na hipocrisia, que não questiona a si mesmo e os que estão a sua volta. É como se o conhecimento mostrasse o verdadeiro mundo e aqueles que conseguem enxergar são os loucos, os neuróticos, os chatos, os egocêntricos.
A criticas feitas por Allen continuam as mesmas, a religião, o conservadorismo republicano, o preconceito americano, tudo isso construído em personas “fabricadas” na America do Norte.
Enfim, tanto faz ser inteligente ou alienado, no fim todos vivem no mesmo mundo caótico, alguns aceitam, outros questionam e ainda tem aqueles que não aceitam a vida imposta, no caso dos suicídas. Tanto faz se seu QI é alto, se você tem o que ensinar e o que questionar, no fim você deve se adaptar a maioria e seus costumes fúteis, como uma festa de ano novo.


FICHA TÉCNICA


Whatever Works

EUA , 2009 - 93 min.

Comédia / Romance

Direção: Woody Allen

Roteiro: Woody Allen

Elenco: Larry David, Evan Rachel Wood, Patricia Clarkson, Ed Begley, Conleth Hill, Michael McKean, Henry Cavill, Jessica Hecht, John Gallagher, Carolyn McCormick, Christopher Evan Welch.

Um comentário:

  1. Muitas pessoas chamam esse filme como um "filme menor" de Woody, mas eu adoro. Com certeza, é um dos meus favoritos! Acho uma graça!

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