"A NOSSA LINGUAGEM CRIA O MUNDO."

segunda-feira, 9 de maio de 2011

IRONIAS DO AMOR



“Ironias do Amor” é um belíssimo filme, com uma excelente produção, em uma perfeita sintonia entre as imagens e o discurso lingüístico, recursos intertextuais e uma infinidade de elementos que criam uma ótima composição na obra.
Mas vamos focar em dois elementos, os mais importantes, os que cultivam sentimentos e fazem com que pensemos sobre nossas vidas. O espectador cria esperanças de ainda reencontrar aquele grande amor não realizado e assim chegar ao final, um final feliz. 
Não falemos ainda de final, pois temos muita coisa a dizer sobre Charlie, um cara introspectivo e correto, e Jordan a garota sexy, misteriosa, intensa, possivelmente bipolar, violenta, bêbada, arrogante e rude, ou apenas uma garota que sofre e usa de toda a loucura possível para tentar esconder o sofrimento de si mesma.
Em certo momento da diegese o protagonista nos diz que o relacionamento iniciou do jeito que o amor verdadeiro sempre começa: bebedeira, prisão e a destruição do sonho de uma vida inteira. Podemos entender o discurso como uma ironia as mudanças e transformações que um verdadeiro e intenso amor faz em nossas vidas, digo em nosso interior, já que quando amamos nos sentimos sonsos e entusiasmados, como quando estamos bêbados, presos a pessoa amada, como se fosse impossível fugir e já não temos certeza se nossos sonhos são os mesmos de antes ou se queremos sonhar novos sonhos.
Charlie também nos diz que algumas vezes começamos relacionamentos, outras vezes começam por nós, dizendo-nos que muitas vezes passamos a vida atrás de um romance e quando menos esperamos o romance nos encontra de maneira tão absurda, inesperada que se torna ainda mais compensador.
Jordan diz a Charlie que os seres humanos existem para salvar um ao outro de si mesmos em um momento que ela julga estar salvando ele de si mesmo, mas o que ainda não sabemos é que Jordan o está usando para a própria salvação. E a socialização, as amizades, os familiares desempenham exatamente essa função em nossas vidas, eles nos salvam de nós o tempo todo.
Em determinada ocasião, quando o casal encontra-se separado, Charlie filosofa com o amigo sobre a dicotomia Romance X Ilusão. Ele questiona se vivemos em um mundo físico, palpável ou em um mundo que criamos em nossas mentes. É possível que vivamos entre esses dois mundos, tornando possível suportar a realidade entediante que equilibra nossa fascinação pelo desconhecido e fabuloso mundo idealizado.
Há uma grande reflexão sobre o destino, aquele que nós buscamos e o que nos busca. Eles acabam se encontrando e tornando-se um só, sem que seja possível distinguir em que momento de nossas vidas houve essa mistura benéfica. E sobre isso nada mais perfeito para ilustrar do que a reflexão de Charlie, “Quando o destino quer mesmo cumprir alguma coisa, ele não pode fazer isso sozinho, você vai ter que aparecer num restaurante, você tem que aparecer, você ainda tem que construir a ponte até aquela pessoa que você ama.” Ou seja, acredite em destino, mas o ajude, senão pode ser que ele não tenha a oportunidade de contribuir para a sua felicidade.


"Essa é a história da primeira e última vez que me apaixonei, pela linda, complicada e fascinante mulher que habita a minha alma. Tenho certeza que você vai me deixar amanhã, então … vou dizer isso enquanto ainda tenho chance.
Estando juntos ou não, você sempre vai ser a mulher da minha vida. O único homem que eu vou sempre invejar, vai ser aquele que tiver o seu coração, pois sempre acreditei que é meu destino ser este homem. Se nunca nos virmos de novo, e você estiver andando … e sentir uma certa presença ao seu lado, serei eu, amando você onde quer que eu esteja." (trecho da carta de Charlie para Jordan)



FICHA TÉCNICA


Elenco: Elisha Cuthbert, Jesse Bradford, Austin Basis.

Direção: Yann Samuell

Gênero: Comédia Romântica

Distribuidora: Imagem Filmes

Estreia: Direto em DVD - Julho 2009

Curiosidades: Refilmagem do filme coreano 'My Sassy Girl', de 2001.

3 comentários:

  1. Nossa Aline, [como sempre] ótima análise. Ne deixou complatamente entusiasmado para conferir o filme. Pelo visto é um longa que desperta boas discussões e levanta bons assuntos. Vou procurar vê-lo em breve :D

    Abs.

    ResponderExcluir
  2. Faz tempo que eu vi esse, achei ele bem fraquinho, mas me fez interessar pelo original.

    http://cinelupinha.blogspot.com/

    ResponderExcluir
  3. Obrigada pelas contribuições. Ainda tenho que ver a versão coreana, me despertou o interesse tbm.

    ResponderExcluir