O escritor russo Fiódor Dostoievski escreveu aos 27 anos, em 1848, a obra “A Felicidade”. Em 2011 a adaptação teatral intitulada de “Um Coração Fraco”, chega ao Festival de Curitiba e causa muitas reflexões ao público, que tem o prazer de desfrutar das alegrias e tormentas que levam o jovem Vassia a cair num verdadeiro abismo.
Dostoievski que escreverá a obra em meio ao autoritarismo do sistema Czarista, nos mostra como a obediência às regras e a simples cogitação de não poder cumprir o estabelecido pelo outro pode levar alguém ao profundo desespero destrutivo.
Vassia é um humilde jovem trabalhador, tem um amigo cuja confiança e dedicação são de profunda sinceridade, acaba de ficar noivo e já pensa em como será sua vida de casado junto ao amigo e a esposa. Porém, vendo como está feliz e que, provavelmente, esta felicidade só tende a aumentar, em uma crise de baixa-estima passa a desenvolver certo pavor em não poder fazer que todos ao seu redor cultivarem o mesmo sentimento.
Então, ele passa a querer mostrar a gratidão ao seu patrão por meio do trabalho. Mas como suas tarefas atrasaram por conta do noivado, passa a ter como único objetivo terminar seu trabalho no devido prazo, o que ele não consegue fazer.
Demonstrando sempre uma fragilidade desde física até psicológica, não resiste à pressão que ele cria para si e acaba enlouquecendo, sem que ninguém pudesse ajudá-lo, nem mesmo seu melhor amigo que tenta desesperadamente encontrar uma forma de trazer seu amigo ao estado real do mundo.
Podemos dividir a peça em duas partes: a primeira que representa a constituição da felicidade de Vassia com um tom cômico; a segunda como que a mesma felicidade abre caminho para o desespero de um homem, transformando-se em um sensível drama. O cenário e sua movimentação fazem uma parceria com o enredo, junto à iluminação, que também contribui para a construção da obra.
Procurem assistir essa peça e refletir como encaramos as felicidades e responsabilidades que a vida nos oferece. Devemos aprender a viver de maneira coerente, valorizando as coisas boas e acreditando que somos merecedores das mesmas.
FICHA TÉCNICA
Adaptação: Domingos de Oliveira
Direção: Priscilla Rozembaum
Elenco: Caio Blat, Isabel Guéron e Cadu Fávero
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