Levar numa boa é o mesmo que deixar
pra lá e eu não era dessas. Eu tentei ir e depois tentei ficar, mas tive que ir
mesmo sem querer. Foi como deixar pra lá sem estar numa boa.
Eu fiquei sem respirar e achei que
estava com asma, fiquei sem comer e achei que estava com anorexia ou bulimia,
não sei a diferença, achei que estava com diabetes e achei que estava com AIDS,
depois descobri que estava sofrendo de amor, achei patético.
Eu não sabia curar a doença, queria
te ligar sempre que olhava para o celular (e isso era a todo momento), queria
ir para a sua casa sem precisar voltar para a minha, apesar da minha ser mais
bonita e ter as minhas coisas que não cabiam no seu quarto, que parece um
abacate, eu colocava mais açúcar para melhorar, até que passava do ponto.
Você implicava com a porta do
banheiro que eu deixava aberta, eu notava toda vez que você a fechava quando eu
saia de lá, mesmo quando eu estava na sala só enrolada na toalha, você precisava fechar a tal
porta com o trinco quebrado. Eu até pensava em ir embora, mas não conseguia
descascar o abacaxi e ficava lá mesmo, acessando o instagram, enquanto você
fazia umas coisas estranhas dizendo que era yoga, não era sensual, mas eu
continuava amassando o seu lençol de algodão.
Quando eu perguntava se já ia deitar, você ficava indeciso e perguntava se eu queria uma banana, eu
dormia.
Quando acordei, levei numa boa, você
não era o caroço da minha azeitona, mesmo eu me sentindo o caroço do seu
abacate.
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