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sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

BUS STOP - NUNCA FUI SANTA




Bus stop é um filme, de 1956, baseado na obra de William Inge, dirigido por Joshua Logan e com roteiro de George Axelrod. Os personagens principais são interpretados por Marilyn Monroe (indicada ao Globo de Ouro) e Don Murray (indicado ao Oscar), além de Arthur O'Connell que se destaca na obra cinematográfica.
Muitos aspectos chamam a atenção do público. Podemos iniciar nossa análise pela adaptação do nome da obra que, originalmente, chama-se Bus Stop, e os brasileiros deram o previsível nome de Nunca fui Santa. Mas porque previsível? Pelo fato de que muitas das traduções dos filmes estrelados por Monroe, levam títulos que contrariam o sagrado, como o Pecado Mora ao Lado e Adorável Pecadora, sendo que o último não tem referência alguma com a obra, construindo uma imagem distorcida da atriz aos olhos dos leigos.
Percebemos a exaltação da Europa, que ainda exercia grande poder no mundo, nas cenas em que Cherie (Marilyn Monroe) insiste na pronúncia correta de seu nome francês. Também, Beauregard, o “Bo”, ao dizer que seu nome é francês, herdado da mãe, impressiona a moça.
O autoritarismo masculino é irritante. O vaqueiro chega a laçar Cherie, como se as mulheres estivessem amarradas as vontades machistas. Além de que a opinião da garota é totalmente ignorada por Bo que se importa apenas com a própria vontade.
Também percebemos que o filme ressalta a onda de eletrodomésticos que invadiu a década de 50, com o objetivo de resgatar as mulheres das fábricas para dentro de suas casas. O vaqueiro em seu pedido de casamento diz a amada que lhe dará uma geladeira ou uma máquina de lavar, ou ainda, o eletrodoméstico que ela quiser.
Por fim, temos o Discurso de Gettysburg, de Abraham Lincoln, recitado pelo personagem de Beauregard. O discurso, presente na cultura americana, funciona como uma crítica ao próprio personagem, que recita palavras que exaltam a liberdade e igualdade, enquanto comporta-se como um ditador.
“... Há anos, nossos pais ergueram uma nova nação dedicada ao princípio de que todos os homens são iguais. Agora estamos em meio a guerra civil para determinar se uma nação assim concebida pode perdurar. Estamos no campo de batalha. O mundo não se lembrará do que dissemos aqui, mas jamais esquecerá o que foi feito aqui. Devemos estar concentrados e dedicados...”
(Discurso de Gettysburg)

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