"A NOSSA LINGUAGEM CRIA O MUNDO."

sábado, 25 de agosto de 2012

360 - FERNANDO MEIRELLES

 
O novo filme de Fernando Meirelles, adaptação da peça “A Ronda”, com roteiro de Peter Morgan, intitulado de “360”, como o próprio nome sugere trata das voltas que a vida dá. Às vezes é necessário andarmos em círculos para voltarmos ao ponto inicial (de uma nova escolha), evoluindo ou não.
Várias histórias de pessoas “comuns” acontecendo em vários cantos do mundo e os personagens se dedicando a aprendizagem da língua inglesa sugerem o tema: globalização e todas as suas consequências, boas e/ou frustrantes.
Todas as histórias partem de relações sexuais, que acarretam sentimentos, traições ou dinheiro. A representação de mundo percebida pelo público é que todo mundo trai e é traído. Já que são essas as causas dos conflitos vividos entre os personagens que vivem em diferentes espaços e culturas.
A metáfora da bifurcação aponta que nossas vidas dependem de nossas escolhas. No caso do filme, as traições em que a maioria dos personagens se envolve, tratam-se das escolhas tomadas pelos mesmos. Alguns escolhem trair, alguns não perdoam, outros nunca descobrem que foram traídos. E do mesmo modo todos seguem suas vidas por caminhos tortos, onde ninguém sabe onde vai dar.
As histórias de pessoas tão distantes se encontram, formam um círculo angustiante, onde os personagens perdem-se nas relações humanas, sofrendo e vivendo as consequências das alternativas que a vida nos oferece, insistentemente.

FICHA TÉCNICA
 
 
Reino Unido, Áustria, França, Brasil , 2012 - 110 min.
Drama  

Direção: Fernando Meirelles  

Roteiro: Peter Morgan  

Elenco: Anthony Hopkins, Jude Law, Rachel Weisz, Ben Foster, Vladimir Vdovichenkov, Maria Flor, Lucia Siposová, Gabriela Marcinkova, Johannes Krisc, Dinara Drukarova, Jamel Debbouze, Juliano Cazarré

quinta-feira, 23 de agosto de 2012

O ATO DE (DES) AMAR


 
Algumas situações são inevitáveis, mesmo parecendo bobeira. Apaixonar-se pode parecer uma tolice, perder o controle, o equilíbrio e sair por aí dizendo e fazendo coisas completamente insanas, bregas e imaturas.
Entregar o seu mundo ao desconhecido, pensar que instantaneamente sua vida foi colorida por um grande artista, quando na verdade é só um pseudo.
João pensou que ela fosse a pessoa certa, aquela que ele faria feliz e que com isso seria feliz também. Era apenas ela que o preocupava, ele passava os dias pensando em como faria a vida da garota valer a pena ao seu lado.
Deu tudo errado, ela o traiu, foi embora e o deixou em pedaços. Ela não quis ter consciência de que estava destruindo um pouco de vida daquele homem, que viveu meses de ilusões.
Catarina não era a garota que parecia ser, realmente, as aparências enganaram João, também, quem mandou não ouvir o velho ditado.
Passou meses caído em uma cama, levantava para sair com os amigos, já que foram os únicos que deram força, brigaram, disseram “eu falei”, “eu sabia que ela não prestava”, “eu te avisei”, mas permaneceram ao seu lado. O emprego ele perdeu, pediu demissão, não suportava a rotina da ida e vinda ao trabalho, olhando a estrada pela janela do ônibus, atormentado pelas lembranças.
Um dia ela voltou, ele tinha um novo emprego (melhor que o anterior), estudava, viajava e se divertia. Não tinha um novo amor, mas em breve pretendia estar curado das feridas que ainda ardiam nos momentos de solidão. Para Catarina estava tudo bem, quis conversar, contar sobre os novos projetos e queria consolo, já que o namorado havia terminado, após saber de sua “escapadinha”, em uma noite qualquer em que queria emoção.
João sentiu vontade de jogar toda a sua dignidade no lixo, pega-lá em seus braços e abraça-lá forte. Ele não conseguiu, era como se sentisse toda a dor dos últimos meses. Quando olhava para ela, não sentia mais conforto, era um olhar falso, traiçoeiro.
Naquela noite Catarina morreu.   

sábado, 11 de agosto de 2012

PERFUME FRANCÊS


            Lá estava ela, toda arrumada, havia comprado roupa nova, sabia que o veria de novo e queria chamar a atenção. Até o perfume era novo, francês, dizem que são os melhores. Ela acreditou na convenção. Na verdade, o brasileiro que ela tinha era até melhor, mas já que havia importado o perfume da Europa, especialmente, para a ocasião, decidiu usá-lo, era bom, só não era melhor que o brasileiro.
            Deixando o perfume de lado, vamos falar da história de amor da garota que “encontrou” o garoto, ela não encontrou, ele não estava perdido, poderia estar, mas não visivelmente, pelo menos. Vamos falar da garota que “viu” o garoto, assim fica melhor.
            A garota estava toda arrumada, recebeu muitos elogios, falaram do novo corte de cabelo, da nova bolsa, do novo par de sapatos, do branqueamento nos dentes... Ninguém havia notado o novo rímel, mas ela comentou e todos concordaram que seus cílios estavam maiores. Ela aguardava o momento que o garoto a “encontrasse”, ela sim, estava perdida no vazio interior.
            Passaram horas tão próximos, mas ela sentia que havia uma muralha entre eles. No fim da tarde estava acabada, o cabelo despenteado, a roupa amassada, de mau humor e só desejava ir para casa, sumir daquele lugar inútil.
            Decidiu ir embora. A última pessoa que desejava que a visse era o tal garoto. Então, ele foi falar com ela, elogiou o seu cabelo, a sua bolsa e comentou sobre o seu rímel, só não percebeu o branqueamento nos dentes.
            Eles se conheceram, saíram algumas vezes, estavam felizes. Para ele tanto fazia, decidiu partir. Ela cortou os pulsos, tomou remédios, entrou em uma banheira com um secador ligado. Mentira! Ela continuou trabalhando, estudando, saindo com os amigos, essas coisas do cotidiano de qualquer otário.

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

UMA HISTÓRIA QUE NÃO VAI GANHAR ADAPTAÇÃO


            Eu vivia muito bem, até os sonhos surgirem. A realidade me bastava, aquele dinheiro que eu ganhava no fim do mês, aqueles bens de consumo, os bons amigos e as idas aos bares.
            Ficava fascinada com o mundo que via nas telas grandes daquele universo chamado “cinema”. Encantava-me com as palavras que formavam frases e mundos nos livros. A arte bastava para amenizar a rotina.
            Um dia você apareceu, acreditei que como a personagem de um livro que li, ou seria de um filme? Talvez tenha sido um livro adaptado para o cinema. Fazem tanto isso, não é?  Enfim, voltemos à personagem. Como a personagem, eu viveria uma história de amor. Amor! Que ridículo, ouvir essa palavra. Que ridículo acreditar que uma palavra convencionada para definir um sentimento... Espere... Talvez tenha sido o sentimento convencionado para definir a palavra. Isso explicaria muita coisa, muita busca em vão. Mas nesse caso por que sofreríamos? É... Complicou.
            O que é bom passa rápido, aquela música preferida, aquele filme longo que parece durar apenas minutos. É... Foi um roteiro legal, destruído por você, um diretor amador.