"A NOSSA LINGUAGEM CRIA O MUNDO."

sábado, 17 de dezembro de 2011

A CHAVE DE SARAH


SINOPSE
Julia (Kristin Scott Thomas) é uma jornalista que vê a sua vida envolvida com a de uma garota chamada Sarah: uma menina que teve a família destruída por nazistas, na maior perseguição de judeus na França. Às vezes o passado pode desvendar o futuro.
 

Elle s'appelait Sarah (2010), longa de Gilles Paquet-Brenner adaptado do best-seller de Tatiana de Rosnay, ilustra o episódio do Velódromo em Paris, que entre os dias 16 e 17 de julho de 1942, foi cenário do sofrimento de cerca de 13.000 judeus, que foram obrigados a sobreviverem em condições desumanas até serem conduzidos ao campo (em condições não menos piores).
“A Chave de Sarah” poderia ser mais um filme que retrata o sofrimento de uma sociedade causado pelos nazistas, mas existe um diferencial, uma chave. O sofrimento de Sarah que é enorme consegue se intensificar com a tentativa de salvar o irmão, que é frustrada por causa da chave que ela carrega e que deveria ter voltado para o seu lugar.
Nesse filme os vilões não são os alemães, mas os franceses que também perseguiram os judeus. Somos levados a uma suspensão da realidade tão grande que é necessária a alternância de momentos da história, transitando entre o período da Segunda Guerra Mundial e os dias atuais, usando como pretexto a história de uma jornalista que se torna obcecada pelo caso da família Starzynski.
A jornalista desempenha o papel de nos revelar fatos que a história desconhecia. Até o momento que Sarah busca colocar a chave em seu devido lugar a narrativa desvenda facilmente o que aconteceu com a menina e seus familiares, porém depois disso são as investigações de Julia que nos revelam o futuro da menina que foi condenada pelos nazistas e pelo o amor ao irmão.
Observamos que em dois momentos a seguinte frase é citada: “Somos produto de nossa história”. Ao fim do filme é isso que percebemos, o roteiro vai além das angustias de Sarah, revelando toda a angústia que herdamos de nossos antepassados. A melancolia da Segunda Guerra ainda assombra a sociedade "Mundial", brasileiros que tiveram seus antepassados forçados a deixar a polônia, americanos que são filhos e netos de judeus obrigados a deixar a Alemanha, etc. Assim vai sendo descoberto o rastro de uma atrocidade que não pode ser apagado da história de nossas vidas.

FICHA TÉCNICA


Gênero: Drama e Guerra
Duração: 111 min.
Origem: França
Direção: Gilles Paquet-Brenner
Roteiro: Gilles Paquet-Brenner e Serge Joncour
Distribuidora: Imagem Filmes
Censura: 14 anos
Ano: 2010

domingo, 4 de dezembro de 2011

OS NOMES DAS PESSOAS


SINOPSE
Bahia Benmahmoud (Sara Forestier) é uma jovem tão comprometida com seus ideais que não se importa nem um pouco de transar com seus opositores, no intuito de convertê-los à sua visão. Ela costuma ser bem sucedida em suas investidas, até o dia em que conhece Arthur Martin (Jacques Gamblin).


Le Nom des Gens, no Brasil chamado de Os Nomes do Amor, tem como tradução ao pé da letra, Os Nomes das Pessoas, que usa o nome do individuo para chamar a atenção para a identidade de cada um. Estamos falando do filme de Michel Leclerc, que participou do Festival Varilux de Cinema Francês no mês de junho desse ano (2011) e agora no mês de novembro tem estréia no circuito nacional.
Ao nos depararmos com a sinopse é possível imaginarmos uma simples comédia romântica regada a sexo. Existe romance e também existe sexo, mas nada que chegue a ser o clímax da história. De uma maneira diferente do que estamos habituados a ver nas telas dos cinemas e que vem se tornando até mesmo previsível para quem gosta de filmes que tratam de estudos culturais Le Nom des Gens mostra todos os conflitos políticos, todos os traumas de uma sociedade pós guerra e a crise de identidade de um povo que precisa criar sua própria história. Leclerc representa tudo isso de uma forma cômica, usando dos recursos desse gênero para introduzir o público em uma história um tanto maluca, mas que retrata o real.
O interessante é retratar o real por meio do recurso que o cinema tem, de iludir, de tirar o sujeito de sua zona de conforto, levando-o ao mundo criado. Desse modo, existem cenas insanas, como a protagonista esquecer-se de vestir-se para sair, mas tudo sendo representado de uma maneira inteligente usando de metáforas.
Vemos um cinema francês contemporâneo, não mais com aquele clima denso que também encanta, mas algo leve que pode sair do círculo de intelectuais e atingir o público em geral, que não deixa de ter uma reflexão sobre a sociedade, a situação atual da França, a critica aos preconceitos, ao atual presidente francês Sarkozy e as crises existenciais de franceses que tiveram avôs e pais que sofreram e morreram no cenário da Segunda Guerra Mundial e que podem optar por duas escolhas: livrar-se da herança histórica (que muitas vezes é apenas sufocada) ou tornar-se um defensor de sua história.
Leclerc usa do exagero (recurso cômico) para nos proporcionar uma obra que encanta e nos faz pensar. Deixa a mensagem de paz resgatando o lema dos anos 60: “Não faça guerra, faça amor”, por meio da personagem principal que vive o lema de uma forma radical, mas que deixa sua mensagem, deixando de lado o conservadorismo e nos fazendo pensar até que ponto obedecer à ordem é necessário.
É cogente entender a atual situação política da França para não deixar passar batida a presença do candidato socialista à presidência da República Lionel Jospin e a indignação da protagonista com a eleição de Sarkozy.

FICHA TÉCNICA



Título Original: Le Nom des Gens
Gênero: Comédia
Duração: 1:45
Direção: Michel Leclerc
Elenco (Protagonistas): Jacques Gamblin (Arthur Martin) e Sara Forestier (Bahia Benmahmoud)