"A NOSSA LINGUAGEM CRIA O MUNDO."

quarta-feira, 27 de abril de 2011

NÃO ME ABANDONE JAMAIS

 


Mark Romanek teve a feliz oportunidade de dirigir a adaptação cinematográfica “Não me Abandone Jamais”, da obra literária do autor best-seller Kasuo Ishiguro. Uma história de ficção cientifica que nos provoca maior identificação com os personagens do que de costume nas obras do gênero. Os personagens são clones que se vivessem em um futuro, distante de nós, os veríamos como robôs ou algo do gênero, mas nesse caso é diferente, os vemos como seres humanos idênticos a nós, já que vivem a nossa realidade.
Muitos questionam o fato deles serem passivos aos seus destinos, pois sabem que estão predestinados a morrer e não se revoltam contra. Porém, podemos perceber que isso funciona como uma metáfora para o que acontece conosco. Sabemos que iremos morrer, passamos a vida toda fazendo algo que um dia será interrompido.
O drama torna-se mais intenso quando achamos que o casal apaixonado deveria ter tido mais tempo junto. Mas não é o que acontece com cada um de nós? Nunca achamos que já fizemos tudo, que concluímos todos nossos objetivos e sentimos todas as emoções possíveis ao ponto de aceitar a morte.
Até aproximar-se do fim da obra, o amor é tratado como platônico. Um sentimento que sabemos que existe, mas que nenhum dos personagens luta para senti-lo por completo, já que eles têm personalidades fracas: a amiga que forma o triangulo amoroso, por insegurança, rouba o garoto que a amiga é apaixonada, imita o que vê na televisão e no outro casal de amigos; o rapaz desde menino sofre bulling, tornando-se retraído; e a garota aparentemente mais jovem, porém mais madura, não questiona nada a sua volta, inclusive quando sua amiga rouba dela o única garoto que iria amar por toda a vida.
O filme é uma obra melancólica que usa o cinza inglês para mostrar como podemos ser vazios e sem vidas, apenas esperando o dia em que o fim chegará. Só quando isso acontecer nos daremos conta do quanto podíamos ter feito, vivido e sentido. Por fraqueza, por educação, pelo modelo que sempre nos ensinaram que devíamos seguir, deixamos de realizar sonhos, viver amores, conhecer nossas almas.
Em “Não me Abandone Jamais”, cada criança é apenas mais uma com uma função prática na sociedade. Como na vida real, onde somos vistos apenas como sujeitos desempenhando funções em instituições, empregos, famílias, escolas, igrejas... Mais um entre tantos e nunca questionamos. Afinal, fomos criados para isso.


FICHA TÉCNICA


Não Me Abandone Jamais (Never Let Me Go)

Direção: Mark Romanek

Roteiro: Alex Garland

Elenco: Carey Mulligan, Andrew Garfield, Keira Knightley, Izzy Meikle-Small, Charlie Rowe, Ella Purnell, Charlotte Rampling, Sally Hawkins

Duração: 103 minutos

País: Reino Unido, EUA

3 comentários:

  1. Gostei muito do primeiro longa-metragem do diretor Mark Romanek, um trabalho muito bem feito com "Retratos de uma Obesessão". Este longa me deixa curioso por diversos motivos: direção, elenco e claro, a sinopse que é muito intrigante. Enfim, mais um que preciso ver logo!!!

    ResponderExcluir
  2. Gostei de Não me abandone jamais. Além do ótimo elenco, gostei da complexidade do tema e da tentativa de apresentar algo novo. Também gostei da direção de Mark Romanek.

    Parabéns pelo blog!

    ResponderExcluir
  3. Ainda não assisti o primeiro trabalho de Romanek, é mais um que preciso ver HAHAHA
    Obrigada pelos comentários :)

    ResponderExcluir