"A NOSSA LINGUAGEM CRIA O MUNDO."

sexta-feira, 29 de outubro de 2010

OOP’S! MINHA SAIA VOOU



A imagem feminina vem sendo construída e se modificando através dos tempos, digamos que rapidamente as transformações se dão por meio de décadas. No final do século XIX surge uma imagem livre da mulher, que em fotos eróticas contrapõem o tradicionalismo e repressão da época ao tom de “oop’s minha saia voou”.
A imagem sensual da mulher até então era considerada maléfica, pois enfeitiçava os homens que poderiam perder a racionalidade. As artes contribuíram para que esses conceitos fossem destruídos. A fotografia, o cinema, o teatro e as pinturas deram espaço para que a beleza da mulher fosse mostrada como positiva para os olhos de quem admirasse. Ou seja, a sensualidade ligada ao pecado passou atrelar-se a imagem meiga e ingênua da mulher.
E quais foram as pioneiras nessa transição da imagem feminina? As garotas penduradas, ou seja, as pin ups foram as grandes representantes da imagem delicadamente provocante. Elas eram fotografadas, pintadas ou ilustradas usando peças intimas fofíssimas que causavam encantamento masculino.
Ao contrário do que costumamos pensar que as pin ups surgiram apenas no período marcado pela Segunda Guerra Mundial, para as fantasias dos soldados, as primeiras imagens de pins ups surgiram no final do século XIX em ilustrações para a massa, na Europa, pelo ilustrador Jules Cherét. Seus cartazes eram usados em cabarés, teatros e agências comerciais se popularizando e levando Cherét a se tornar o pai dos pôsteres.
Na década de 30 Alberto Vargas e George Petty ilustraram a idade de ouro das garotas penduradas. As ilustrações eram publicadas na revista americana Esquire. Porém, o ponto alto das pin ups aconteceu na década de 40 com a ilustração dando lugar a fotografia, passando a fazer parte da cultura pop, estando presentes em calendários, páginas de revistas, cartões postais, caixinhas de fósforos, maços de cigarros e até mesmo em fuselagens de aviões. As fotografias das pin ups viraram imagem publicitária.
Então, ocorreu uma grande transformação desde o fim do século XIX onde os cartazes eram ilustrados e na década de 40 do século XX em que as pin ups eram fotografadas. Pois, as ilustrações surgiam da imaginação do artista, já a fotografia exigia uma modelo que fosse capaz de encarar o preconceito ainda existente na sociedade.
As modelos que se destacaram no auge da carreira das pin ups foram os símbolos sensuais Elizabeth Ruth Grable, que com seu maiô recatado foi fotografada por Frank Powolny, a modelo e atriz Marilyn Monroe, a rainha das curvas Betty Page, entre outros ícones desta arte.
Assim a beleza da mulher passou a ser explorada de modo a expressar a força, a beleza, a malícia, a sensualidade, a timidez, o encanto e todas as faces que podemos encontrar na feminilidade, passando a transformar mulheres em modelos de percepção cultural.


P.S A cultura pin up não terminou na década de 50, porém no momento paramos por aqui.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

DIÁRIO DE UMA PAIXÃO


Nicholas Sparks é um escritor contemporâneo, tipicamente americano, carregado de valores trazidos pelos puritanos ainda na colonização dos EUA. A propaganda feita do escritor é aquela imagem que o americano tende sempre a valorizar, sólidos valores familiares, belos filhos e esposa muito amados pelo pai de família, e valores religiosos marcantes em sua personalidade. Porém, não podemos criticá-lo por isso, pode ser que não seja apenas marketing, já que o autor vive na sociedade que cultiva essa herança dos ingleses.
Podemos acreditar na imagem de Nicholas, por meio de suas obras, “Querido John”, por exemplo, trás traços religiosos gritantes na obra, além de virtude e bondade, temas abordados nas obras do escritor que sempre fazem um grande sucesso.
Sparks faz algo muito importante na literatura, faz com que o leitor conheça doenças não muito debatidas como o autismo em “Querido John” e mal de Alzheimer em “The Notebook”, o câncer também está presentes em muitas de suas obras. Seus livros tratam do amor introduzido em um contexto real, como as guerras históricas, por exemplo, a Guerra no Iraque em uma de suas obras e em “The Notebook” a Segunda Guerra Mundial.
Muitas obras de Sparks são adaptadas para o cinema, assim como os livros os filmes são bem vistos pelo público. Uma das adaptações cinematográficas é o filme “Diário de uma Paixão”, inspirado na obra “The Notebook”.
O cenário em que se passa a história vivida por Noah e Allie em “Diário de uma paixão” (chamaremos assim, pois, falaremos da versão cinematográfica) é o Sul dos EUA, mais precisamente Carolina do Sul, na década de 40.
As filmagens ocorreram em cenários reais, algo fantástico, pois o laboratório de arte transformou ruas, casas, cinemas, etc,, em cenários perfeitos dos anos 40, criando uma fotografia impressionante.
Além do cenário encantador e real o figurino é perfeito. Vemos que tudo foi trabalhado nos mínimos detalhes, chegamos a ficar com dúvidas de que se o filme tivesse sido gravado na década de 40 seria tão fabuloso.
Vejamos qual é a história que habita esse universo tão mágico dos anos 40. A história inicia-se com um barco, um homem, o pôr do sol, pássaros que voam até uma janela onde se encontra uma senhora. O dia amanhece e um senhor começa a narrar para a senhora, que apareceu na janela na noite passada, a história de um jovem casal que se conheceram no passado, dia 6 de junho de 1940.
Noah e Allie se conhecem por meio de amigos em comum, em uma noite no parque de diversões. Noah se encanta por Allie, que estava passando férias na cidade, que não o corresponde. Mas o jovem é ousado, assim como o amor deve sempre ser, pois amar é uma ousadia. Assim, Noah desperta a paixão em Allie, que aparentemente parece ser uma jovem cheia de atitude. No entanto, Noah descobre uma garota de 17 anos, frágil e comandada pelos deveres impostos pelos pais. O rapaz mostra a emoção existencial que todos buscamos para a jovem que quando indagada do que fazia para se divertir excita em responder.
A cena em que Noah desafia Allie a deitar no meio da rua é a primeira de muitas em que ele a faz sorrir. A jovem se reprimia das coisas, com frases do tipo, não se deve fazer isso e aquilo e Noah a mostra que tudo é possível.
Até aqui percebemos quebras de paradigmas, mas até então são paradigmas interiores, existem também os sociais, as diferenças entre o casal: a garota rica da cidade que vai para a faculdade e o garoto humilde do interior, entre outras diferenças impostas socialmente. Noah chega a ser agredido (psicologicamente) pela família de Allie, esse bombardeio é sutilmente comparado a inquisição espanhola.
“Eles brigavam o tempo todo, mas apesar das diferenças eram loucos um pelo outro”.
A paixão que todos rotulavam de “amor de verão” se intensificou. Porém, a noite que eles tentam ter a primeira “noite de amor” é frustrada pela inexperiência de Allie, que não consegue ir até o fim, e é também marcada pela separação do casal, não por vontade deles, mas sim pela dos pais de Allie.
A jovem volta para a cidade e Noah a escreve durante um ano 365 cartas não respondidas, pois a mãe de Allie extraviava-as. E o casal sofria pelo silêncio de ambos, sem saber o verdadeiro motivo.
Nesse período os EUA declara estado de Guerra e como uma fuga dos próprios sentimentos Noah se alista como soldado e Allie como enfermeira. Porém, o destino não contribui para o reencontro. Allie conhece um soldado e tornam-se noivos. Ele era o homem perfeito “para os pais de Allie”, mas para ela?
Noah volta da Guerra sem o amigo e ganha de presente de seu pai a casa dos seus sonhos (local onde Noah e Allie quase tiveram a primeira noite de amor). O ex-soldado teve que reformar a casa e se refugiou na construção obsessivamente, após ver Allie, por acaso, com o noivo, e sem deixar-se ser visto.
O apaixonado Noah acreditava que a casa que eles tiveram a ultima noite juntos poderia trazer aquele momento interrompido novamente para ser prosseguido. De fato, ele tinha razão, Allie ao ver no jornal a foto de Noah em frente à casa larga tudo, inclusive o noivo, para voltar aonde tinha deixado seu coração, junto de Noah.
Sete anos depois do último encontro eles reiniciam o que haviam deixado inacabado, uma vida de amor e paixão.
Este é um filme que mostra o amor em todas suas faces, o amor que faz sorrir, que faz chorar, que dá prazer e que acima de tudo te dá um companheiro. O senhor que citamos inicialmente é Noah e a senhora é Allie, que tem Alzheimer. Antes de ela ser totalmente tomada pela doença escreveu o “Diário de uma Paixão”, para que seu marido lesse para ela todos os dias.
Em síntese, observamos durante o filme que Noah conseguiu despertar a vontade própria em Allie, a verdadeira personalidade da jovem-mulher e foi isso que a conquistou desde a primeira vez que ele a fez sorrir. Isso é amar.

sábado, 23 de outubro de 2010

FELICIDADE: A ARTE PELO BELO



Podemos classificar as artes em duas categorias, sendo que uma tem como principal objetivo o belo e outra o útil. A sabedoria humana em sentido absoluto, ou apenas filosofia, é a arte pelo belo. Seguindo o raciocínio de que a felicidade está atrelada às coisas belas e que é por meio da filosofia que conhecemos essas coisas, logo é pela filosofia que chegamos à felicidade. Por isso, abordaremos a arte pelo belo e deixaremos a arte pela utilidade para outra ocasião.
O belo pode ser verificado pelo conhecimento teórico (matemático, físico e metafísico) e prático. Sendo que no primeiro o homem adquire conhecimentos que não são objetos de ação e o segundo refere-se à prática do belo, o conhecimento praticado, ou ainda, filosofia política.
Essa filosofia prática ou filosofia política divide-se nos hábitos morais atrelados às ações belas e como adquirimos o belo, denominando-se ética, e o conhecimento que leva o ser social a alcançar e conservar as coisas belas.
Assim, a felicidade é o belo e o bom, presentes na moralidade e na ética, e não como se pressupõem que riqueza, prazer e honra sejam os responsáveis por uma vida feliz. A felicidade é a plenitude, pois não alçamos nada por meio dela, ela se basta. Riqueza, prazer e honra, citados anteriormente, quando alcançados cessa-se a busca, levando à insatisfação pessoal, ou seja, essas passagens nunca poderão ser vistas como felicidade, pois não se bastam.

sábado, 16 de outubro de 2010

PÓS - MODERNISMO?


Romero Brito

Andy Warhol
Sabemos que não existe uma data especifica onde termina e inicia um movimento artístico-literário. Não acordamos um dia, olhamos no calendário, e pensamos: hoje iniciou o movimento pós-modernista, tudo que se criar a partir de hoje pertencerá à escola pós-moderna. Porém, o tempo é que direciona nossas vidas, temos a necessidade de trabalharmos com horas, dias, meses, anos, etc., por isso dizemos que o pós-modernismo começou a surgir por volta dos anos cinqüenta, onde começou a transição do moderno para o pós.
No entanto, existem grupos que negam o surgimento do pós-moderno, afirmando que é o modernismo que prevalece na nossa cultura. Realmente, ainda é muito difícil distinguir modernismo de pós-modernismo.
No período em que as guerras explodiam a arte também passava por uma verdadeira explosão. Os expressionistas demonstraram a explosão de sentimentos em borrões. Os surrealistas deram vida aos sonhos e na poesia destacaram-se por quebrarem a sintaxe e usarem imagens irracionais. A música passa a ser dissonante, sendo desagradável a uma análise superficial. Assim, podemos classificar essa arte moderna como irracional baseada no humanismo e emotividade.
Essa cultura passou a influenciar todas as manifestações artísticas, por exemplo, a literatura, a moda, os objetos de decoração, as artes gráficas, etc. Podemos dizer que o moderno que no início era diferente, passou a ser comum até mesmo no contexto burguês, que inicialmente era foco de críticas. Pois a arte modernista estava presente em museus e teatros, locais freqüentados pela burguesia.
Se iremos colocar um divisor de águas não há forma melhor de demarcar a transição artística do que falando da arte Pop, que passa a negar o subjetivismo existente na arte moderna. A arte Pop abandona os museus, teatros, etc. e passa a passear pelas linguagens de massa, como em gibis, rótulos e anúncios, sendo uma ponte entre a arte culta e de massa. Quando o dia a dia da sociedade estava sendo bombardeado pela tecnologia a arte Pop nasce na Inglaterra, ganhando força em Nova York com o intuito de ironizar ícones do consumismo, classificando-se como antiarte.
Apesar da arte Pop em alguns aspectos negar conceitos existentes anteriormente, ela não é neutra a tudo e a todos. A antiarte revive o dadaísmo, já que antes de estimar a obra valoriza o processo de criação.
Diferente do modernismo que tem a critica como ponto de partida nos processos de criação, a arte contemporânea não trabalha com valores. Ela chama o público a interagir pelo sensorial, corporal, riso, sendo que a arte tem valor no momento e no envolvimento do objeto que não é apenas observado, mas sentido, tocado, usado.
A literatura modernista quis quebrar os paradigmas, desobedecendo a sintaxe, fazendo paródias, valorizando a nação, etc. Podemos citar o romance “Macunaíma” de Mário de Andrade como uma das principais obras que expressam o movimento na literatura, e as obras de Clarice Lispector que trazem a técnica do fluxo da consciência, já fugindo da fase modernista que pregava o nacionalismo, ufanismo e regionalismo.
Em contraste com a literatura modernista surge a pós-moderna que usa o diálogo intertextual, que exige do leitor conhecimento de outros textos para que chegue a um conhecimento concreto do objetivo do autor.
As artes contemporâneas estão ligadas ao moderno vinculado ao antigo. Proporcionando que autor e telespectador possam demonstrar e verificar diálogos intertextuais entre épocas, visões de mundo, criações artísticas, percepções e contextos dignos de nostalgia.

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

TRIBO URBANA: BEAT

A década de 50 é uma fonte inacabável de estudos e o os beatniks são focos de análises. Podemos dizer que os beatniks formaram as primeiras tribos urbanas, influenciadas pelo romantismo, do século XX, na América do Norte.
Por meio do vestuário esses grupos demonstravam a revolta que a Segunda Guerra Mundial fez nascer. Os primeiros grupos surgiram em comunidades estudantis da Costa Oeste com o intuito de protestar contra o bombardeio de Hiroshima, a preparação para atacar a Coréia e criticar o “American Way of Life”.
Podemos classificar os beatniks como o início de um futuro revolucionário, em busca de uma nova sociedade. Esse grupo foi presente na literatura, pois aconteciam saraus e leituras de poemas nas livrarias. Um jovem beat rejeitava o álcool, o materialismo, o racionalismo, a repressão, o racismo, entre outros, e defendia a poesia, o sexo livre, a imaginação, auto-expressão, o jazz, etc.
As roupas desses jovens representavam o grito contra o progresso tecnológico e a burguesia. Os homens eram conhecidos por usar calça Levis 501, camisa jeans sem gravata e o uso da camiseta como traje habitual. As mulheres vestiam-se com roupas escuras, mostrando o luto profundo, junto a calças justas e sapatilhas como recusa do salto que representava o luxo das jovens burguesas. Questionava-se o sentido das roupas, por isso recusavam a moda.
A geração beat foi representada na literatura, tendo como romance de maior sucesso “On the Road” de Jack Kerouac, que seria mais tarde representado na sétima arte por meio do filme “Sem Destino”. Já a atriz Audrey Hepburn era vista como um ícone para as mulheres beatnicks.
As influências do grupo pós-guerra chegou a Europa ocidental, nascendo na Inglaterra em 1957, além de anteceder a cultura hippie. Os beatniks formaram uma tribo urbana que por meio da percepção da época representam um contexto histórico importante para a nossa formação social.